60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia

O PROCESSO DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DOS AFLUENTES DA MARGEM DIREITA DO RIO ANIL: O CASO DO RIO INGAÚRA

Jaciene Pereira1
Thayse Cipriano de Almeida1
Dácia Naiana Moreira Abreu1
Márcio André R. Bittencourt1

1. Universidade Federal do Maranhão - UFMA


INTRODUÇÃO:
Desde os primórdios o ser humano atua sobre o ambiente, retirando deste espaço os recursos necessários para sua sobrevivência. Na pré-história, o impacto sobre o ambiente era pequeno, pois o homem nômade formava populações modestas e tecnologicamente pouco ou nada desenvolvidas, coletando do meio apenas o essencial para sua alimentação. Com o passar dos tempos, o homem observou que poderia se fixar em locais, através da dominação das técnicas de plantio e criação de animais. Esse processo foi se intensificando, alcançando a atual configuração sócio-espacial das comunidades humanas. Nos dois últimos séculos, a suposição de que o crescimento econômico ilimitado era indispensável criou uma visão unilateral de desenvolvimento, baseada principalmente no volume da produção material, não levando em conta a qualidade de vida, nem a distribuição social da produção. Com o advento da industrialização, as cidades cresceram de forma desordenada, em decorrência do aumento populacional, o que vem acarretando em uma degradação de áreas de preservação ambiental e mananciais de água, fundamentais para o abastecimento de cidades. Em São Luis, os principais conflitos entre o uso e a aptidão das terras na bacia do rio Anil estão relacionados com a utilização de terras para fins de uso e ocupação.

METODOLOGIA:
A presente pesquisa justifica-se pela importância dos recursos hídricos para as comunidades, em destaque o rio Ingaúra que, apesar de sofrer tantas modificações ao longo do seu leito, ainda exerce grande influencia sobre a área estudada, não apenas por se tratar de um recurso hídrico mal utilizado, mas por ser um patrimônio do município que sofre com a falta de um planejamento ambiental. Para a elaboração do estudo sobre os impactos do rio Ingaúra, foi utilizado o método fenomenológico que busca verificar os questionamentos, de acordo com o observado em campo. Os procedimentos desenvolvidos visando à obtenção de informações relativas ao processo de degradação ambiental do afluente da margem direita do rio Anil que é o caso do rio Angelim compreenderam basicamente as seguintes atividades: levantamento e análise de material bibliográfico e cartográfico relacionados a área de estudo, bem como trabalho de campo, através de observação, para resgatar a memória da área acerca de informação do passado geológico, da fauna e da flora na medida em que auxiliam a compreender as causas da degradação da paisagem como o assoreamento e as alterações biológicas; documentação fotográfica; entrevista com moradores locais; analise dos dados coletados; elaboração do trabalho final.

RESULTADOS:
A bacia do Rio Anil é bordejada por áreas urbanas que interferem seriamente nos sistemas naturais. A vulnerabilidade ambiental está centrada nos processos erosivos e escoamentos superficiais que interferem na qualidade das águas superficiais. Essa bacia hídrica abriga na sua margem direita mais de 70 bairros, a exemplo de parte do Anil, Cruzeiro do Anil, Maranhão Novo dentre outros. Constitui uma das maiores e mais importantes bacias fluviais da Ilha do Maranhão com 13.800 metros de extensão, tem como afluentes mais importantes os rios Cutim, pela margem esquerda Angelim e Ingaúra pela margem direita. Ao longo de sua margem, a ocupação atingiu índices em torno de 95%, desde sua nascente, uma vez que este espaço teve na década de 1980 um ápice em seu uso e ocupação o que gerou uma enorme problemática sócio-ambiental. No âmbito dessa abordagem se insere o rio Ingaúra. Assim como o rio Anil, o rio Ingaúra possui boa parte de suas margens ocupadas por conjuntos residenciais, construídos recentemente, que vem trazendo uma série de modificações em seu curso, como lançamentos de esgotos in natura, desmatamento, desgaste do solo além de um ambiente propício a erosões, problemas esses que têm sido intensificados no decorrer dos anos, devido ao crescente aumento populacional na localidade.

CONCLUSÕES:
O processo de destruição dos ecossistemas em larga escala tem uma série de conseqüências sócio-ambientais negativas. Desde sua ocupação, a bacia do rio Anil tem sofrido uma contínua devastação das suas áreas de vegetação nativa e a ocupação urbana sem planejamento tem contribuído para a continuidade da degradação dos remanescentes de vegetação, sobretudo, matas de proteção de margem. Com as percepções feitas no rio Ingaúra, constatou-se que é evidente a falta de um planejamento que vise a sua preservação, notando-se que essa questão foi esquecida pelas autoridades e construtoras que realizaram obras em seu entorno, remanejando para dentro do canal, todo o esgoto sanitário dessas construções, assim como todo o acúmulo de rejeitos é ali depositado. Há presença de uma estação de tratamento de esgotos nas proximidades do rio, que em nada contribui, haja visto o total abandono da mesma, sem contar a presença de ratos e outros animais que transmitem doenças. Concluiu-se que apesar de suas nascentes continuarem minando mesmo com tantos aterros e algumas plantas higrófilas ainda subsistirem no local, o rio está morto, pois a quantidade de esgoto que é ali depositado e as construções de seu entorno acabaram por eutrofizar totalmente o rio deixando-o praticamente sem vida.



Palavras-chave:  Rio;, Impactos;, Degradação

E-mail para contato: jaciene.pereira@gmail.com