60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 25. Economias Agrária e dos Recursos Naturais

CANAIS DE COMERCIALIZAÇÃO DE FERTILIZANTES: IMPLICAÇÕES NA COMPETITIVIDADE DA PRODUÇÃO DE MILHO DE PIRANGA, MG.

Graciela Aparecida Profeta2
Viviani Silva Lírio2

2. Universidade Federal de Viçosa - UFV


INTRODUÇÃO:
Destinado prioritariamente ao mercado interno, o milho é tipicamente produzido em pequenas propriedades, por agricultores familiares. Os elevados custos incorridos pelos pequenos produtores representam um dos maiores gargalos à competitividade do grão. Além disso, as condutas dos agentes econômicos são importantes indicadores da estrutura de comercialização e concorrência. O conhecimento desse padrão permite saber o tipo de concorrência e, conseqüentemente, o impacto na formação de preços. De acordo com informações da EMATER local, quando o produtor não recebe apoio, o custo de produção referente ao adubo atinge cerca de 35% do custo total. Em Piranga, grande parte dos fertilizantes é distribuída por apenas dois varejistas, sendo um majoritário; portanto, o sistema de comercialização tem seguido uma estrutura de mercado concentradora. Considerando a necessidade de oferecer canais de comercialização mais eficientes, o intuito desta pesquisa é a de elaborar uma proposta de aprimoramento da atual estrutura de aquisição de fertilizantes e da comercialização do milho. Objetiva-se analisar os atuais padrões de aquisição de fertilizantes de forma a avaliar os impactos da adequação dos canais de comercialização na competitividade da produção de milho.

METODOLOGIA:
O estudo utilizou pesquisa primária com amostragem probabilística. Os dados foram coletados por aplicação de questionários a 83 produtores representativos das comunidades que compõem toda a área rural do município. As questões relacionavam-se às questões: a) perfil dos produtores rurais e de suas famílias; b) caracterização das propriedades e das atividades exploradas; e c) descrição dos processos de compra de fertilizantes. Quanto à área de estudo, a zona rural foi dividida em setores de acordo com as subdivisões da EMATER local, sendo estratificada nos seguintes setores: Bandeira, Barra do Pirapetinga, Beira Rio, Carioca, Córrego do Peixe, Cunhas, Guiné, Mamão, Manja Léguas, Mata Onça, Mestre Campos, Pinheiros Altos, Pimenta, Quilombo, Santa Tereza, São Bento, São Miguel, Santo Antonio do Pinheiros Altos, Santo Antonio do Pirapetinga, Taquaraçu, Tatu, Vargem do Engenho e Venda Nova. O questionário utilizado foi validado por meio do pré-teste e junto a diferentes instituições, a saber: EMATER local, Secretaria de Agricultura Municipal, comércio varejista do segmento agroindustrial e produtores representativos. Os dados gerados pela aplicação dos questionários foram tabulados e compilados para permitir o entendimento e a apresentação dos resultados da pesquisa.

RESULTADOS:
A área média das propriedades visitadas é de 15 hectares (ha), dos quais são cultivados apenas 1,93 (ha). As duas casas agropecuárias do município distribuem 77% do fertilizante e o processo de compra em comum distribui apenas 6%. Outros agentes e vendedores autônomos distribuem 10%, assim. Do custo total da atividade 30,87% referem-se aos gastos cm fertilizantes. A principal forma de pagamento é à vista (54%). O preço é a principal dificuldade, com 82% de ocorrência. Entretanto, produtores que compram quantidades maiores conseguem perceber redução no preço, ao contrário dos que compram em menor quantidade. Embora não seja uma ação usual, 90% dos produtores acreditam que à compra em comum, é válida. Segundo 89% dos produtores, se houvessem melhorias em termos de divulgação e organização, os produtores que não conhecem ou que não acreditam no atual processo, poderiam vir a participar futuramente. A demora na entrega é a principal razão por não acreditarem na adesão do processo de compra em comum e 24% não vê possibilidade de continuidade do processo, acreditam que o é dependente de ações com interesses políticos.

CONCLUSÕES:
Analisando os resultados, conclui-se que, os processos de compra existentes no município não conseguem satisfazer às necessidades dos produtores. Todavia, estes consideram que pequenos ajustes na organização da própria comunidade, seriam fundamentais no alcance de melhores oportunidades de compra, negociação de preço, entrega e qualidade do produto, sejam garantidos. Para os entrevistados, a melhor estruturação da compra em comum com compromisso de entrega e garantia de preços melhores, poderiam oferecer ao produtor condições de produzirem mais eficientemente, e desta forma, garantir sustentabilidade da produção. Em relação ao escoamento da produção, o município não dispõe de excedentes; seria necessário um conjunto de ações com objetivo de fomentar o cultivo de milho na região. Paralelo às ações voltadas ao fomento, devem ser traçados planos e parcerias junto a órgãos como a Companhia Nacional de Abastecimento e agentes, como suinocultores do próprio município, garantindo preço para o milho produzido. Todavia, a participação do PRONAF, EMATER, Sindicato, CMDRs, Prefeitura Municipal e das comunidades de produtores, é extremamente importante para o sucesso das ações.

Instituição de fomento: Federação de Apoio à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Comercialização, Competitividade, Milho

E-mail para contato: graciela_profeta@yahoo.com.br