60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia

PREVALÊNCIA DE DEFICIÊNCIA DE VITAMINA A EM CRIANÇAS DE 6 A 59 MESES DE IDADE EM MUNICÍPIOS DO AGRESTE E SERTÃO DA PARAÍBA

Caroline Duarte Siqueira1
Renata Araújo França Costa1
Alexsandro Silva Coura2
Rafaela Alves de Souto2
Daiane de Queiroz3
Adriana de Azevedo Paiva3

1. Departamento de Farmácia – UEPB
2. Departamento de Enfermagem – UEPB
3. Núcleo de Estudos e Pesquisas Epidemiológicas (NEPE) – UEPB.


INTRODUÇÃO:
A vitamina A é um nutriente essencial, sobretudo para crianças, e sua deficiência (DVA), além de provocar alterações oculares, pode causar retardo de crescimento e aumento da susceptibilidade a infecções. A Organização Mundial da Saúde considera o Brasil como um país onde a DVA constitui um problema de Saúde Pública, com as áreas pobres das regiões Norte e Nordeste do país sendo as mais afetadas. Em dois estudos de base populacional realizados no estado da Paraíba nas décadas de 80 e 90, foram observadas prevalências elevadas de DVA, em torno de 16%. De forma simultânea, vários casos de xeroftalmia, uma manifestação clínica grave dessa deficiência, foram registrados no Hospital Universitário de João Pessoa. Neste contexto, pesquisas que busquem avaliar a situação atual do problema são de grande relevância para avaliar as tendências da DVA no estado, bem como para direcionar ações para o seu combate. O estudo em questão tem como objetivo investigar a prevalência de DVA e os fatores associados em crianças residentes em municípios do Agreste e Sertão da Paraíba.

METODOLOGIA:
Estudo transversal, domiciliar, envolvendo 598 crianças de 6 a 59 meses de idade. A amostra foi selecionada pela técnica de amostragem sistemática, com seleção dos setores censitários por meio de sorteio simples. Em seguida, o início casual foi sorteado e o salto amostral calculado, respeitando-se o máximo de 40 domicílios com crianças de 6 a 59 meses a serem pesquisados por setor. Na visita domiciliar foi realizada a coleta de dados demográficos e socioeconômicos, mediante a aplicação de um formulário específico. Os pais ou responsáveis levaram as crianças no dia seguinte à Unidade de Saúde do bairro para a realização do exame de sangue. Foi coletado 1 mL de sangue por punção venosa periférica, em tubo sem anticoagulante, para a obtenção do soro, a fim de determinar a concentração do retinol pelo método de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência. Foram consideradas com DVA as crianças com valores de retinol sérico <0,70 umol/L. Os dados foram analisados utilizando-se o software Epi Info 6.04b, considerando-se o nível descritivo α de 5%. O protocolo de estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual da Paraíba.

RESULTADOS:
Entre as crianças, 50,4% eram do sexo masculino. A análise das variáveis socioeconômicas demonstrou um baixo nível de renda e de escolaridade: 37,5% das crianças possuíam renda mensal per capita < 1/2 salário mínimo e 63,4% dos responsáveis pelo domicílio estudaram apenas até o ensino fundamental. As residências eram na maioria de alvenaria acabada (85,1%), possuíam cinco ou mais cômodos (64,9%), tinham disponibilidade regular de água (89,5%), esgoto ligado à rede publica (75,4%) e coleta de lixo regular feita pela prefeitura (93,0%). A prevalência de DVA entre as crianças foi de 22,1%, sem diferença significativa entre os sexos e a faixa etária da criança (p > 0,05). Ressalta-se ainda que 54,3% das crianças apresentaram valores limítrofes de vitamina A, situados entre 0,70 umol/L e 1,05 umol/L.

CONCLUSÕES:
A DVA permanece como um problema de Saúde Pública nas regiões, corroborando os resultados obtidos nas décadas de 80 e 90 no estado da Paraíba. A situação se torna mais agravante quando se considera o elevado percentual de crianças que apresentaram valores limítrofes de retinol, estando potencialmente vulneráveis a desenvolver a DVA. Os resultados deste estudo reforçam a necessidade de se fortalecer e reorganizar as estratégias de combate e controle da DVA, no sentido de torná-las mais efetivas na reversão do problema.

Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq – Processo N◦ 402157/2005-2

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Prevalência, Deficiência de vitamina A, Crianças

E-mail para contato: carolsiqueira_@hotmail.com