60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia

INTERAÏ¿½Ï¿½O IN VITRO ENTRE BACILLUS SP. E FONSECAEA PEDROSOI E SUAS CONSEQÏ¿½Ï¿½NCIAS IN VIVO.

Mariana Caselli Anzai1
Katiane Miranda Vaez1
Viviane Karolina Vivi1
Alexandre Paulo Machado2
Olga Fischman Gompertz3

1. Instituto de Biociências/UFMT
2. Prof. Ms. - Departamento de Ciências Básicas em Saúde/UFMT - Orientador
3. Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia/UNIFESP


INTRODUÇÃO:
Relações entre microrganismos, particularmente de bacilos Gram-positivos e fungos ambientais, têm sido envolvidas com produção de substâncias antimicrobianas, e ligadas algumas vezes, a alterações da morfologia celular. Os bacilos Gram-positivos são microrganismos amplamente dispersos no ambiente, inclusive no solo e em vegetais. Tais bactérias secretam uma variedade de substâncias inibitórias aos fungos. Essas substâncias podem causar alterações morfológicas das células fúngicas. Fungos demácios são excelentes deterioradores na natureza. Algumas espécies podem ser agentes de feohifomicoses, como Fonsecaea pedrosoi, um dos principais agentes de cromoblastomicose. Em geral, este fungo acomete os humanos após implantação traumática de material vegetal em decomposição contaminado.

METODOLOGIA:
Cepa de Bacillus sp isolada do solo de Cuiabá (MT) foi selecionada nesse estudo por apresentar acentuada atividade fungicida. Cinco isolados de F. pedrosoi provenientes de pacientes com cromoblastomicose, foram cultivados em caldo Sabouraud dextrose por 15 dias, à temperatura ambiente. Após o período, o bacilo foi introduzido no caldo contendo o fungo. O co-cultivo de 7 dias foi submetido a forte agitação por 10 min, e as células arredondadas de pequeno tamanho e conídios foram filtrados por membrana de 3μm de porosidade. Tais estruturas fúngicas, provenientes de um isolado clínico em concentração de 1x104 células/mL e com viabilidade superior a 80% foram inoculadas intraperitonealmente em 12 camundongos Swiss. A partir do terceiro dia de inoculação, amostras teciduais do sítio de infecção foram obtidas em intervalos de 3 em três dias, e submetidas à coloração de Gram e hematoxilina-eosina, e a exame microscópico direto com KOH 20%. O projeto foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética/UNIFESP/EPM, processo sob n° 0808/05.

RESULTADOS:
A modificação morfológica de F. pedrosoi ocorreu após 48 horas de co-cultivo em temperatura ambiente. As hifas estavam mais arredondadas e com maior capacidade de esporulação. Muitas hifas intercalares passaram a apresentar conidiação lateral que, posteriormente, se destacavam ou originavam fiálides. Algumas terminações conidiogênicas apresentaram estruturas globosas com parede celular mais espessa, semelhantes à clamidoconídios. Tecidualmente, macrófagos fagocitavam bacilos Gram-positvos, com ação microbicida após o terceiro dia. Depois de 7 dias, somente células de F. pedrosoi podiam ser observadas e recuperadas do tecido infectado. Corpos muriformes, em especial, originários de terminações globosas, eram observados em cortes histopatológicos, sendo mais resistentes in vivo a ação microbicida dos fagócitos, do que hifas não cultivadas com bacilo. No caso deste fungo demácio, a interação proporcionou também um aumento na produção e secreção de melanina. Outro aspecto, foi a intensificação da germinação dos conídios, demonstrando que o bacilo pode ser um fator de estresse ambiental.

CONCLUSÕES:
1- Dados obtidos in vitro demonstram relevância de Bacillus sp na transformação morfológica das células fúngicas de F. pedrosoi. Tais mudanças celulares de F. pedrosoi, como acentuação da conidiogênese e produção de clamidoconídios terminais, podem, in natura, ocorrer o que conferiria ao fungo maior resistência às condições de estresse ambiental, inclusive influenciar na sua dispersão. 2- In vivo, as mudanças celulares estimuladas pela interação in vitro entre Bacillus sp e F. pedrosoi, podem tornar este agente de cromoblastomicose mais resistente à resposta imune do hospedeiro, adaptando-o melhor as condições parasitárias.

Instituição de fomento: FAPEMAT e CNPq



Palavras-chave:  Bacillus sp, Fonsecaea pedrosoi, interação microbiana

E-mail para contato: mariana.anzai@gmail.com