60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 2. Anatomia Humana

ANATOMIA TOPOGRÁFICA DO URETER EXTRAVESICAL EM FETOS HUMANOS

Lana Luiza da Cruz Silva1
Bianca Souza Leal1
Vera Lúcia Corrêia Feitosa2
José Aderval Aragão2
Francisco Prado Reis3

1. Acadêmicas - Departamento de Medicina - UFS
2. Profª. Dra./ Prof. Msc. - Departamento de Morfologia - UFS - Orientadores
3. Prof. Dr. - Lab. de Morfologia e Biologia Estrutural - ITP/UNIT - Co-orientador


INTRODUÇÃO:
O ureter é a porção do conduto excretor que se estende da pelve renal até a bexiga (TESTUT, 1968). Sua descrição anatomotopográfica, no adulto, está bem documentada por muitos autores. De forma inversa, há poucos estudos na literatura realizados em fetos humanos avaliando o trato genitourinário, embora sejam freqüentes as anomalias congênitas nessa região (FAVORITO et al, 2004). CUSSEN (1967) relata que em diversas uropatias, os ureteres dos fetos têm sua estrutura modificada, e enfatiza a importância do conhecimento da anatomia normal do ureter, para a obtenção de um diagnóstico o mais precoce possível. O presente estudo teve como objetivo analisar a anatomia e topografia do ureter extravesical em fetos humanos.

METODOLOGIA:
Foram estudados 48 ureteres, dissecados de 24 fetos, metade de cada gênero, fixados e mantidos em uma solução de formol a 10%, de 16 a 38 semanas de idade gestacional. Os fetos pertencem ao Departamento de Morfologia da Universidade Federal de Sergipe e foram obtidos de acordo com a lei n° 8501, de 30 de Novembro de 1992, que trata do uso, para pesquisa, de cadáver não reclamados. A idade gestacional foi estimada pela correlação entre o comprimento do hálux-calcâneo. Os fetos foram dissecados a partir de uma abertura mediana na parede abdominal anterior até o espaço retroperitoneal, utilizando-se um bisturi com cabo nº 3 e lâmina tipo 15. Os ureteres foram individualizados, desde a saída no hilo renal até sua entrada na bexiga. Outras estruturas adjacentes, como as artérias aorta abdominal, ilíacas comum, internas e externas foram dissecadas, com evidência de seus contornos. O promotório foi visualizado ao remover o peritônio parietal posterior. A observação dos ureteres e das estruturas adjacentes foi feita macroscopicamente e todas as medidas foram realizadas com um paquímetro digital. Denominou-se extravesical a porção do ureter que se estende da junção ureteropélvica até a junção ureterovesical, e de porção lombar e pélvica, suas divisões abdominal e pélvica, respectivamente.

RESULTADOS:
O comprimento médio do ureter extravesical foi de 42,19mm, da porção lombar 27,66mm e da porção pélvica 14,93mm. Na saída do hilo renal, 50% dos ureteres tinham trajeto curvilíneo e 29,16% encontravam-se sob a borda medial do pólo inferior do rim. A porção lombar, em 77% dos casos, apresentava aspecto anatômico achatado e os demais (23%) eram cilíndricos. Quanto às bordas, 62,5% eram irregulares e 37,5% eram uniformes. O trajeto foi retilíneo 58,33% dos casos e curvilíneo em 41,67%. Em 58,33%, o fuso lombar cruzou a porção inicial da artéria ilíaca externa (desses, 60% corresponderam a ureteres direitos) e em 41,67% cruzou a artéria ilíaca comum (desses, 57% corresponderam a ureteres esquerdos). O estreitamento ilíaco em 22,9% estava ao nível da bifurcação da artéria ilíaca comum, em 27,1% da artéria ilíaca externa e em 18,75% da artéria ilíaca interna. Em relação à porção pélvica, 75% possuíam aspecto anatômico achatado e 25% eram cilíndricos. Em 58,33% as bordas eram uniformes e 41,67% eram irregulares. O trajeto foi retilíneo em 52,1% e curvo 47,9%. O ureter extravesical encontrava-se, em média, a 7,87mm da linha média do corpo. A distância para bifurcação da artéria ilíaca comum foi em média de 2mm. Sua distância em relação ao promontório variou em média de 7,28mm.

CONCLUSÕES:
Os ureteres na maioria dos casos se apresentaram como estruturas achatadas, de trajeto retilíneo e com bordas irregulares na porção lombar. O ureter esquerdo cruzou predominantemente a porção inicial da artéria ilíaca externa e o ureter direito cruzou na mesma proporção a artéria ilíaca externa e a artéria ilíaca comum. O estreitamento ilíaco já estava presente na maioria dos fetos, apresentando localizações variadas. O ureter extravesical encontra-se, em média, a 7,87mm da linha média do corpo. Sua distância em relação à bifurcação da artéria ilíaca comum foi em média de 2mm e ao promontório foi em média de 7,28mm. Fetos maiores apresentaram distâncias maiores e menores, em relação a esses pontos anatômicos, assim como cada lado do ureter. É possível que esses achados anatômicos venham a nos familiarizar com a anatomia e topografia do ureter extravesical em fetos e permitir uma abordagem sobre implicações clínicas e cirúrgicas desse órgão.

Instituição de fomento: Universidade Federal de Sergipe

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Ureter, anatomia topográfica, feto

E-mail para contato: lana_luiza@hotmail.com