60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal

EFEITO DA CALAGEM E FERTILIZAÇÃO SOBRE A ESTRUTURA AÉREA DE ERVA-MATE (ILEX PARAGUARIENSIS A. ST. HIL.)

ANDERSON AUGUSTO SCHOCK1
JANETE MARIZA ADAMSKI1
GERALDO CENI COELHO1

1. UNIJUI


INTRODUÇÃO:
A erva-mate ( Ilex paraguariensis A. St. Hil.), uma planta de sub-bosque, ocorre naturalmente no sul e sudeste do Brasil, nordeste da Argentina, Paraguai e Uruguai . Desde os primórdios da antropização no sul do Brasil se tem conhecimento da participação da erva-mate no desenvolvimento sócio-cultural desta região. A ascensão de sua aplicabilidade, principalmente na forma infusória de sua parte aérea, como em chás e o próprio chimarrão, permitiram que o seu cultivo se tornasse uma importante fonte de renda e, conseqüentemente, se refletisse no desenvolvimento econômico das regiões produtoras . Entre os fatores ambientais que determinam a variabilidade morfo-anatômica das plantas está o pH e a disponibilidade de nutrientes no solo. O cálcio participa de vários processos bioquímicos na planta. Diante disso, as plantas mostram-se adaptadas às diferenças entre a abundância natural do cálcio no ambiente e os baixos níveis exigidos para os seus processos metabólicos, acumulando o excesso de cálcio dos tecidos na forma de cristais de oxalato ou mesmo de carbonato. Pensando na importância social e econômica da erva-mate procurou-se estabelecer a influência das diferentes condições de pH, adição de cálcio e fertilização química sobre o crescimento e morfologia desta espécie

METODOLOGIA:
Foram estabelecidos 6 tratamentos com 22 plantas cada sob as seguintes condições: T1 – adição de calcário dolomítico para pH = 5,8; T2 - adição de calcário dolomítico para pH=6,5; T3 - adição de calcário dolomítico para pH= 6,5, mais NPK 4-20-13; T4: adição de calcário dolomítico para pH=6,5, mais NPK 70-20-50 ; T5: adição de gesso (CaSO4 • 2 H2O); Testemunha- pH 5,3, todos em Latossolo Vermelho Distroférrico típico. Após 11 meses as plantas foram sacrificadas e submetidas às análises. Para a obtenção dos dados de massa foliar, as folhas foram desidratadas e pesadas em balança analítica. Os valores de área foram obtidos através do programa Somnium 1.0. Para quantificação dos estômatos e células epidérmicas foram feitas extrações da epiderme abaxial das folhas do 4º, 5º e 6º nó por dissociação, as quais foram coradas com safrablau e montadas em lâminas. A contagem foi feita em aumento óptico de 40x. Os cristais de oxalato de cálcio foram quantificados a partir de fragmentos de nervura de segunda ordem, da região mediana das folhas do 4° e 5º nó, clareados em solução de NaOCl (12% Cl). Todos os dados foram analisados através de ANOVA após a transformação: raiz quadrada de ( X + 0,5). Os tratamentos foram comparados par a par através de um teste de Tukey.

RESULTADOS:
Os tratamentos não apresentaram diferença na altura. As plantas submetidas à calagem mais NPK apresentaram biomassa aérea total superior à testemunha. A calagem isoladamente não apresentou efeito significativo sobre a biomassa aérea total, em que pese as médias mais elevadas que a testemunha. Entretanto, promoveu biomassa foliar e área foliar total significativamente maiores, em relação à testemunha. Outros autores também verificam que o aumento da área foliar é proporcional ao aumento de cálcio em plantas jovens. A massa foliar específica foi reduzida com a calagem (T2) indicando que o pH muito elevado, sem a concomitância de outros nutrientes, tem efeito negativo sobre os valores deste parâmetro. O número de cristais aumentou significativamente em relação à testemunha com a calagem e com a adição de gesso.O acréscimo de NPK tendeu a reduzir o número de cristais, em relação aos tratamentos apenas com calagem (T1 eT2). T3 apresentou número de cristais significativamente menor que T2. A calagem e a fertilização não causaram alterações significativas no índice estomático. Observou-se uma correlação positiva entre a biomassa e o número de cristais de oxalato de cálcio (r2= 0,25, P>0,05, todos os tratamentos, n=89).

CONCLUSÕES:
Observa-se, de modo geral, que a erva-mate respondeu aos tratamentos com adição de cálcio, constituindo uma adaptação a esta condição ecológica. Por outro lado, nenhuma evidência de efeito negativo da calagem sobre o desenvolvimento da espécie foi evidenciada neste experimento. O tratamento T3 possui maior disponibilidade de nutrientes, entre os quais o K, que pode fazer concorrência com o Ca na absorção, ocasionando menor acúmulo de cristais de oxalato de cálcio. O tamanho, distribuição, quantidade, mobilidade e forma dos estômatos são características específicas de cada espécie e podem se alterar em função das condições ambientais, principalmente a luminosidade. Contudo, a calagem e a fertilização não causaram alterações significativas no índice estomático entre os tratamentos e a testemunha.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Erva-mate, Calagem, Fertilização

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