60ª Reunião Anual da SBPC




B. Engenharias - 1. Engenharia - 14. Engenharia

QUALIDADE E QUANTIDADE DA ÁGUA NOS RIOS EM ÁREAS DE REFLORESTAMENTO DE PINUS

Rafael Zoboli Guimarães1
Mônica Lopes Gonçalves1, 2
Sandra Helena Westrupp Medeiros1, 3

1. Departamento de Engenharia Ambiental - UNIVILLE
2. Profª Dr. em Recursos Minerais e Hidrogeologia pela USP- Orientadora
3. Profª Dr. em Engenharia Química pela UNICAMP - Colaboradora


INTRODUÇÃO:
A intenção desta pesquisa surgiu a partir das discussões geradas a respeito dos impactos que a área reflorestada com espécies exóticas é capaz de gerar sobre a qualidade e quantidade dos recursos hídricos do Rio Cubatão do Norte (Gonçalves e Oliveira; 2001), podendo inclusive afetar a qualidade do abastecimento de água potável do município de Joinville, já que a fazenda situa-se a montante da captação de água, trecho enquadrado como Classe 1, conforme Portaria Estadual 024/79 (SANTA CATARIANA, 1979). Esta pesquisa realizou uma avaliação de alguns parâmetros que indícam a ocorrência de possíveis impactos de uma área reflorestada com Pinus taeda e elliottiis sobre a qualidade e quantidade dos recursos hídricos superficiais do rio Cubatão do Norte, situado na região nordeste do Estado de Santa Catarina, no município de Joinville. Os objetivos deste trabalho foram avaliar a qualidade dos recursos hídricos superficiais nas áreas de reflorestamento e de mata nativa e avaliar a intensidade das oscilações na vazão dos cursos de água em áreas de reflorestamentos e de mata nativa.

METODOLOGIA:
O reflorestamento possuí área total de 2.856,08 ha. Seis pontos de monitoramento de água superficial foram definidos. Dois estão sobre o rio Campinas, principal rio que corta a fazenda, sendo um dos pontos situados a montante da propriedade, Ponto 1 e o segundo a juzante, Ponto 2. Quatro microbacias experimentais foram selecionadas conforme a idade dos projetos de reflorestamento das espécies de pinus: projetos de Pinus taeda plantados em 1999, onde se localiza o Ponto 3; Pinus taeda plantados em 1992, onde se localiza o Ponto 4; Pinus taeda e elliottiis plantados em 1974, onde se localiza o Ponto 5; e área mista com araucária plantada e mata nativa, onde localiza-se o Ponto 6. Foram realizadas dezesseis coletas entre o período de setembro de 2005 a novembro de 2007. Os parâmetros de temperatura, pH, conditividade elétrica e oxigênio dissolvido (OD) foram coletados in locu, e os parâmetros de turbidez, sólidos dissolvidos totais (SDT), demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e coliformes termotolerantes nos laboratório da Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE). Realizou-se nove medições de vazão nos pontos de monitoramento entre o período de maio de 2006 a novembro de 2007. Para medir a vazão dos cursos de água, foi utilizado o método de meia seção (Santos et al., 2001).

RESULTADOS:
Comparando os resultados dos parâmetros de qualidade de água do rio Campinas, a montante e a juzante da fazenda reflorestada, verificou-se que o rio Campinas sofre uma pequena elevação na temperatura, pH e uma elevação um pouco mais acentuada na DBO e no índice de coliformes termotolerântes de suas águas após percorrer a fazenda reflorestada com Pinus. Analisando conjuntamente os resultados nos pontos 3, 4, 5 e 6, verificou-se que nos reflorestamentos mais velhos, o pH esteve mais estável e próximo dos obtidos junto a área de mata nativa. Os resultados das análises de coliformes termotolerantes em áreas de plantio estiveram abaixo dos índices registrados na microbacia experimental com mata nativa, Ponto 6, com exceção do dia 20/07/2006. O comportamento dos parâmetros de OD, turbidez e SDT em áreas de reflorestamentos apresentaram-se bastante semelhantes ao comportamento em áreas de mata nativa durante o período monitorado. Foi constatado que o ponto monitorado a jusante do reflorestamento apresentou maior oscilação na vazão em função da variação da pluviosidade se comparado com o ponto a montante, indicando a ausência de contribuição de alguns córregos menores que deságuam no rio Campinas nas áreas da fazenda em épocas de estiagem.

CONCLUSÕES:
O comportamento dos parâmetros de qualidade de água analisados nesta pesquisa manteve-se similares entre os resultados obtidos nas áreas de reflorestamento se comparados com os obtidos em área de mata nativa. A exceção foi o parâmetro DBO, o qual apresentou as maiores incompatibilidades com a resolução nas áreas de mata nativa, e coliformes termotolerantes, que demonstrou picos elevados registrados no rio Campinas a jusante do reflorestamento. Esta elevação na quantidade de coliformes termotolerantes ocorreu devido à presença de equinos utilizados no transporte das toras quando executado o desbaste em alguns projetos. Houve maior estabilidade nos valores de pH nos reflorestamentos mais velhos. Com relação à qualidade das águas superficiais, esta pesquisa mostrou que a atividade de silvicultura não interfere de forma considerável. Já com a quantidade de água, as microbacias situadas em áreas de reflorestamento tendem a diminuir o volume de água escoada em eventos de menor precipitação. Faz-se nescessário uma investigação mais criteriosa para interpretação deste fenômeno.

Instituição de fomento: UNIVILLE

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Qualidade de água, Silvicultura, Pinus taeda e elliottiis

E-mail para contato: rzguimaraes@gmail.com