60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 28. Economia

MIGRAÇÃO E MERCADO DE TRABALHO: UM ESTUDO DO PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO DO MIGRANTE INTRA-ESTADUAL NA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS NA DÉCADA DE 90.

Karina Cavallaro Carlos1
Bruna A. Branchi2

1. Faculdade de Ciências Econômicas - PUC Campinas
2. Profa Dra - Faculdade de Ciências Econômicas - PUC Campinas - Orientador


INTRODUÇÃO:
As condições favoráveis de infra-estrutura, mão-de-obra e custo constituíram elementos importantes para o crescimento econômico da Região Metropolitana de Campinas (RMC). O crescimento econômico desta região atraiu população de outras regiões. A população da RMC cresceu 6,49% na década de 70, 3,51% nos anos 80 e 2,54% na última década, passando de 680.826 habitantes em 1970 para 2.338.148 no ano de 2000, com uma taxa de urbanização que agora supera 97%.O crescimento populacional teve repercussões na estrutura habitacional, social e econômica da região. O objetivo deste trabalho é estudar o perfil socioeconômico dos trabalhadores paulistas que migraram para a RMC, analisar a sua participação no mercado de trabalho e a evolução da mesma na década de 90, e descobrir quais as diferenças na distribuição de renda entre os vários grupos de migrantes. Em particular foi definido migrante intra-estadual para a Região Metropolitana de Campinas (RMC) o indivíduo que em 1996 morava em uma cidade de Estado de São Paulo (excluindo a RMC) e que em 2000 morava em uma cidade da RMC.

METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado através de uma revisão bibliográfica de estudos sobre migração e sobre a evolução do mercado de trabalho brasileiro na década de 90. Tendo como objetivo a RMC, os melhores dados desagregados existentes são aqueles dos Censos Demográficos. Por isso, foram analisados os microdados dos Censos Demográficos de 1991 e 2000, com o apoio do software SPSS. Foram calculadas medidas de desigualdade, quais os índices de Gini e de Theil para a População Economicamente Ativa (PEA) da RMC, definindo dois grupos de trabalhadores: os nativos e os imigrantes. Foi usada a definição de migrante recente ou seja foi definido migrante para a RMC quem no ano do Censo era residente em uma cidade diferente daquela na qual morava 5 anos antes (no ano da contagem da população). Em particular foi definido migrante intra-estadual para a RMC o indivíduo que em no ano da contagem populacional morava em uma cidade de Estado de São Paulo (excluindo a RMC) e que no ano do censo morava em uma cidade da RMC.

RESULTADOS:
Com base nos dados do censo demográfico de 2000, a maioria das pessoas que saiu das cidades do Estado de São Paulo e mudou-se para a RMC é do sexo masculino (59%), possui de 9 a 12 anos de estudo (30,3%), tem de 20 a 29 anos de idade (34,2%), trabalha com carteira assinada (39,9%) e está ocupada na indústria de transformação (18,4%). Na década estudada, o migrante intra-estadual diminuiu a presença no setor da construção (9,29% da PEA deste grupo em 1991 e 7,92% em 2000) e apresentou aumento no setor de serviços (26,13% em 1991 e 28,63% em 2000) e comércio (11,73% em 1991 e 13,66% em 2000). O imigrante intra-estadual registrou o maior incremento de renda na década de 90, chegando em 2000 a declarar os maiores rendimentos médios de trabalho da região. Ao mesmo tempo é o grupo que sempre teve o maior grau de desigualdade na distribuição de renda. A presença em proporção maior do que a média de trabalhadores amarelos e a maior concentração de trabalhadores com 12 ou mais anos de estudo podem ser alguns dos fatores que explicam a desigualdade de renda deste grupo. Mais, este grupo registrou a maior taxa de desemprego em 2000 (19,45% contra 4,92% de 1991).

CONCLUSÕES:
O migrante intra-estadual possui um perfil socioeconômico mais heterogêneo quando comparado com os outros grupos de migrantes e não migrantes e isso pode explicar a maior desigualdade de renda calculada para este grupo de trabalhadores e os maiores rendimentos médios. A heterogeneidade deste grupo se reflete também na participação no mercado de trabalho, via tipo de ocupação e setor de atividade, fornecendo uma explicação adicional dos valores médios e das diferenças nas remunerações obtidas na análise estatística dos dados censitários.

Instituição de fomento: FAPIC/Reitoria PUC Campinas

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Desigualdade socioeconômica, Migração, Mercado de trabalho

E-mail para contato: karinamissrose@yahoo.com.br