60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

A cada dia encontramos mais dificuldades em lidar com ensino de física nas classes de ensino médio. Os professores insistem na resolução de exercícios, e isso leva o aluno a ter um aprendizado pela memorização e não pela construção de um conhecimento real integrado a vida de cada um. É um equívoco imaginar que o contato entre professor e aluno se estabeleça num ambiente de repasse e cópia, pois o professor se torna um mero transmissor de conhecimento, e o aluno um objeto de ensino. A partir daí, vemos alunos cada vez mais desmotivados com as aulas de física. A utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na educação vem sendo bastante estudada e discutida como forma de encaminhar os alunos ao verdadeiro aprendizado. O computador instiga a curiosidade, além de chamar a atenção para as imagens, pois os alunos preferem ver a copiar o conteúdo, e as imagens fazem parte das atividades não escolares deles (BRUZZO, 1999), assim o computador pode ser um aliado ao ensino. A partir dessa perspectiva surgiu o projeto visando trabalhar conceitos físicos a partir de simulações computacionais. O presente trabalho pretende mostrar essa experiência de ensino, deixando claro que o maior interesse do mesmo era instigar a curiosidade e motivar os alunos ao aprendizado de física.

METODOLOGIA:

O projeto foi desenvolvido em uma escola da rede pública da cidade de Dracena, estado de São Paulo. A escola possuía uma sala de computação, na época com nove computadores, onde foi instalado um software de simulações para o ensino de física. Os alunos que participaram do projeto eram alunos das três séries do ensino médio desta escola. Estes alunos mostravam-se desinteressados e desmotivados em aprender física. O software utilizado no projeto era do tipo CAI (computer-aided instruction), ou seja, uma instrução programada, no qual o aluno recebia informações sobre conceitos físicos a partir de personagens na tela e era então questionado sobre o conceito apresentado. Quando a resposta dada pelo aluno estava correta ele podia continuar a ver a animação (simulação) e responder as próximas perguntas, do contrário o aluno era convidado a rever o módulo e tentar responder novamente. O programa funcionava como uma versão computadorizada dos métodos tradicionais de ensino, sendo que a vantagem deste tipo de programa, conhecido como tutorial, é apresentar características que não são permitidas no papel como: animação, som e manutenção do controle da performance do aluno, sendo ainda uma forma de introduzir o computador na escola sem muitas mudanças (VALENTE, 1993).

RESULTADOS:

Há indícios de que os alunos se mostraram motivados ao aprendizado de física utilizando o computador. O trabalho foi significativo, pois como foi dito, esses alunos estavam desinteressados pelas aulas, e a partir do momento que o computador foi introduzido, eles buscavam informações, e faziam perguntas a pesquisadora, pois queriam terminar as fases e poder ver o final das simulações. Elas eram simples e rápidas, mas nem por isso menos interessantes, pois o aluno estava vendo como acontecia o fenômeno físico. Além da motivação, foi possível observar que alguns conceitos ficavam marcados para os alunos, ou seja, nas aulas seguintes eles se lembravam de conceitos vistos nas simulações anteriores, mostrando que havia um aprendizado dos conceitos apresentados. Cabe perguntar, agora, até onde irá essa nova motivação, e se o uso do computador passará, com o tempo e com o estabelecimento da rotina, a ser desinteressante tanto quanto as aulas de resolução de exercícios.

CONCLUSÕES:

O uso de computadores na educação é um meio bastante eficaz para motivar os alunos a aprender física. O ensino de física, geralmente, enfatiza a resolução de problemas. No entanto, para desenvolver as competências físicas é necessário buscar novas e diferentes formas de expressar o saber físico e, uma dessas formas é o uso adequado de meios tecnológicos como computadores, que deve ser estimulado nas escolas (PCN+ Ensino Médio – Física). Acreditamos que a utilização dos computadores pode melhorar o ensino e aprendizado dos alunos, mas para isso os professores precisam se apropriar de resultados de pesquisa que os ajudem a ver de forma diferente o espaço da sala de aula, aprender a utilizar os meios que a escola oferece e finalmente buscar novas alternativas de superação das dificuldades. O uso das TICs, aliado a outros instrumentos, entre eles a própria aula expositiva e o uso de atividades práticas, nas quais os fenômenos reais estão presentes e não apenas suas simulações, nos parece ser o conjunto próximo do ideal para a aprendizagem da física, requerendo, evidentemente, um professor bem formado em todas as dimensões.

Palavras-chave: ensino de física, motivação, uso de computadores

E-mail para contato: rosanasocha@yahoo.com.br