60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 28. Economia

CORRELAÇÃO ENTRE TAXA DE HOMICÍDIO E POBREZA PRA ALAGOAS E PERNAMBUCO

Everton de Souza Coelho1
Angélica da Trindade Henrique1
Vitor Rodrigues Pereira1

1. Universidade Federal de Alagoas


INTRODUÇÃO:
É notável o quanto a criminalidade vem aumentando no Brasil. Vimos diariamente sendo divulgadas nos meios de comunicações notícias de crimes cometidos contra os cidadãos, o que nos assusta, pois, percebemos o quanto estamos suscetíveis a sofrer algum atentado contra à vida. De acordo com a Síntese dos Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em 13 de Abril de 2004 sendo suas informações extraídas da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) 2002, decorrentes do censo 2000, aponta que entre 1980 e 2000 no país, um número de quase 600 mil pessoas morreram assassinadas, desse total 369 mil vítimas na década de 1990. Os dados apontam um aumento de 130% na taxa de mortalidade. Diante dessa problemática, a discussão proposta era a de que pobreza explicaria a violência, para constatarmos se isso se confirmaria, utilizamos dados dos municípios alagoanos e pernambucanos, analisando se existiria correlação entre taxa de homicídio e o percentual de pessoas pobres para esses estados no ano de 2000, devido o fato de que cidades desses estados foram apontadas entre as vinte mais violentas do país em um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em 2005.

METODOLOGIA:
Os dados expostos foram recolhidos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), no próprio site do instituto, a regressão foi realizada utilizando o programa Eviews. Também foram empregadas reportagens realizadas com especialistas em criminalidade, recolhidas na internet, assim também como texto para discussão do IPEA. O indicador de pobreza por pessoa é utilizado para se saber à proporção de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia, ajustado pelo método de paridade do poder de compra e teve como fonte o IPEA. No que diz respeito à Taxa de Homicídio, este indicador analisa a quantidade de pessoas mortas por homicídio, seja através de uma arma de fogo ou de qualquer outra forma em que uma pessoa mate outra, ou seja, assassinato a cada 100 000 pessoas, também extraído do site do IPEA.

RESULTADOS:
No modelo de regressão para os municípios de Pernambuco verificamos que 22,58% da variação na taxa de homicídio para cada 100.000 habitantes pode ser explicada pela variação da pobreza por pessoa. A pobreza e a taxa de homicídio são inversas e o ajuste linear não foi tão alto, sendo este de -0,47. O parâmetro β2 foi estatisticamente significante, indicando que a pobreza é uma importante variável na explicação da taxa de homicídio por 100.000 habitantes, o teste F(47,83726) vem corroborar com esse resultado, deixando claro que a pobreza não é o único determinante na explicação da taxa de homicídios. Na regressão para os municípios de Alagoas, verificou-se que somente 1,8% da variação na taxa de homicídio para cada 100.000 habitantes pode ser explicada pela variação da pobreza por pessoa. A matriz de correlação mostra que basicamente não existe influência da pobreza por pessoa na taxa de homicídios por 100.000 habitantes, pois o seu ajuste linear foi extremamente baixo com apenas -0,14, tendo uma relação inversa. Esse modelo foi melhor explicado para os municípios de Pernambuco devido a sua maior quantidade de dados do que Alagoas, seus municípios como um todo detém altas taxas de homicídios por 100.000 habitantes, além de deter uma menor desigualdade de renda em relação a Alagoas.

CONCLUSÕES:
Existe uma perspectiva propagada em toda a sociedade de que a pobreza pode conduzir ao crime, a mesma se confirma ao vermos que os crimes cometidos por pessoas pobres têm maior destaque e visibilidade social. O resultado da correlação para o estado de Pernambuco nos diz que quanto maior a pobreza menor a taxa de homicídio. Em Alagoas os parâmetros não são estatisticamente significativos, a taxa de homicídio parece não ser explicada pela pobreza. Com a temática apresentada identificamos o quanto é difícil chegarmos à raiz desse problema, pois, ela envolve não apenas questões econômicas. Quando riqueza e abundância convivem com pobreza e miséria, estimula o sentimento de privação pessoal, levando-o a cometer atos de violência, dessa forma, a principal causa não seria a pobreza em si, mas a desigualdade entre ricos e pobres convivendo em um mesmo lugar. Alagoas tem sua renda mais concentrada do que Pernambuco, o último obteve resultados mais expressivos que podem ser respondidos por outros fatores explicativos da violência como, alcoolismo, drogas, impunidade policial e judicial, facilidade em comprar armas, baixo índice de escolaridade, falta de investimento no aparato policial, agravam o problema e podem ser acrescentados como explicativos, que não à desigualdade de renda.

Instituição de fomento: MEC/SESu

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Alagoas, Pernambuco, Correlação

E-mail para contato: peteco_ufal@hotmail.com