60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 4. Produção Animal

CRITÉRIO DE SELEÇÃO PARA VELOCIDADE DE CRESCIMENTO EM BOVINOS DA RAÇA NELORE NO ESTADO DA BAHIA

Fábio Bastos de Gusmão1
Carlos Henrique Mendes Malhado1, 2
Paulo Luiz Souza Carneiro1, 2
Raimundo Martins Filho3

1. UESB
2. Prof. Dr. -DCB - UESB
3. Prof. Dr. - UNIDERP


INTRODUÇÃO:
O Brasil, detentor do maior rebanho bovino comercial do mundo, com cerca de 206 milhões de cabeças, destaca-se pela produção extensiva de gado de corte, e neste importante cenário, insere-se a Bahia com o maior rebanho da região Nordeste, contabilizando um efetivo de aproximadamente 11 milhões de cabeças, destacando-se regional e nacionalmente pelo seu significativo efetivo de animais, e, seguindo a mesma tendência nacional de busca pela qualidade de seus rebanhos, têm investido cada vez mais em novas tecnologias, para o avanço da sua cadeia produtiva (IBGE, 2006). Os programas de melhoramento genético têm nas medidas de desenvolvimento ponderal o critério seletivo tradicionalmente utilizado nos programas de melhoramento de gado de corte no Brasil (MARCONDES et al., 2000). Entretanto, outras técnicas visando a precocidade dos animais tanto em termos reprodutivos quanto de acabamento têm sido discutidas. Neste sentido, Fries et al. (1996) propuseram a utilização alternativa como critério seletivo à característica “dias necessários para ganhar determinado peso”. Assim, visando contribuir na busca de novas ferramentas para o melhoramento genético de bovinos, o presente trabalho teve como objetivo estimar os parâmetros e as tendências, genéticas (direta e materna), fenotípicas e ambientais nas características dias para ganhar 160 kg (D160), na fase pré-desmama, e dias para ganhar 240 kg (D240), na fase pós desmama, em bovinos da raça Nelore, no estado da Bahia.

METODOLOGIA:
Foram utilizados dados do controle de desenvolvimento ponderal da raça Nelore, da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), de 32.664 e 8.560 animais criados a pasto, nascidos no período de 1980 a 2001, no estado da Bahia. Os cálculos de dias para ganhar 160 kg (D160) do nascimento ao desmame e para ganhar 240 kg (D240) na fase pós desmama foram: e ; em que, GND = ganho médio diário de peso do nascimento ao desmame e GDS = ganho médio diário de peso do desmame ao sobreano. Para a formação dos grupos contemporâneos (GC), foram consideradas quatro épocas de nascimento (janeiro a março, abril a junho, julho a setembro e outubro a dezembro). Para obter as estimativas das (co) variâncias e dos valores genéticos, empregou-se a metodologia da Máxima Verossimilhança Restrita Livre de Derivada (DFREML), por meio de modelos animais uni-característica, usando o aplicativo Multiple Trait Derivativ Free Restricted Maximum Likelihood (MTDFREML). O modelo utilizado para D160 incluiu os efeitos aleatórios genético, direto e materno, e de ambiente permanente, além do efeito fixo de GC, admitindo a covariância entre os efeitos direto e materno igual a zero. Para D240 foram considerados os mesmos efeitos fixos, porém, apenas o efeito genético direto como aleatório. As estimativas das tendências, genéticas, fenotípicas e ambientais para as características foram obtidas pela regressão linear ponderada da média da variável dependente (valores genéticos, pesos observados e solução dos GC) sobre o ano de nascimento.

RESULTADOS:
As médias observadas para D160 e D240 foram 272,3±75,0 dias e 760,0±276,5 dias, respectivamente. Isto indica que os animais estão distantes de suas metas, uma vez que o ideal seria produzir um bezerro com 190 kg aos 205 dias de idade e atingir o peso de abate de 450 kg aos 24 meses. A estimativa para herdabilidade direta para D160 foi 0,13±0,02. Para D240 a estimativa do coeficiente de herdabilidade direta foi 0,20±0,3. Os valores das estimativas para os coeficientes de herdabilidades direta para as duas características indicam a possibilidade de ganho genético por meio da seleção. A estimativa de herdabilidade materna para D160 foi 0,07±0,02, indicando a importância do efeito da mãe nesta fase de vida do animal. O efeito de ambiente permanente foi alto (0,14), indicando diferenças ambientais proporcionadas pela mãe aos seus diferentes filhos. Para D160, as tendências genéticas para os efeitos direto e materno não foram significativas (P>0,05), já as tendências fenotípicas e ambientais foram significativas (P<0,001), com valores de -2.36 e -2,29 dias/ano, respectivamente. Para D240, a tendência genética não foi significativa (P>0,05), contudo, as tendências, ambiental e fenotípica, apresentaram-se significativas (P<0,01) com valores iguais a -6,29 e -6,33 dias/ano, respectivamente. Ficou evidenciado que o ganho no período estudado foi proporcionado por estratégias produtivas realizadas com investimentos quase que exclusivas na melhora ambiental, o que proporcionou maior velocidade de crescimento.

CONCLUSÕES:
Constatou-se que o progresso genético ao longo dos anos para as duas características de velocidade de crescimento foi praticamente inexistente, evidenciando a falta de seleção. Porém, percebe-se um ganho fenotípico no período, decorrente quase que exclusivamente da melhoria ambiental.

Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  ganho genético, herdabilidade, parâmetros genéticos

E-mail para contato: faubastos@yahoo.com.br