60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 79. Serviço Social do Trabalho

ANÁLISE INSTITUCIONAL DE UMA EMPRESA PRIVADA EM FORTALEZA – CE: DESVENDANDO O EXERCÍCIO DO SERVIÇO SOCIAL NESTE CAMPO SÓCIO-OCUPACIONAL.

Hayeska Costa Barroso1
Evânia Maria Oliveira Severiano3

1. Graduanda de Serviço Social - UECE - Bolsista do PET de Serviço Social
2. Graduanda de Serviço Social - UECE
3. Profª. Ms. do Curso de Serviço Social - CESA - UECE - Orientadora


INTRODUÇÃO:
O processo de reordenamento do capital vivenciado nas últimas décadas, mais conhecido como reestruturação produtiva, teve seus rebatimentos em todas as esferas da vida social, política, econômica e cultural. O Serviço Social também sofre todas as conseqüências desse processo, conquanto uma classe trabalhadora inserida numa lógica de mercado de compra e venda de sua força de trabalho. Dessa forma, neste trabalho procuramos desvendar o serviço social numa empresa privada da cidade de Fortaleza-Ce, com vistas na compreensão do exercício profissional mediatizado por uma rede de relações de poder, alijado ao projeto ético-político profissional da categoria. Na empresa analisada, a atuação do assistente social se dá com vistas à promoção do bem-estar biopsicosocial do colaborador, responsabilizando-se pela área médica, odontológica, psicológica e social com a administração e execução de benefícios como o refeitório, a livraria, a ótica, a cesta básica, a creche para os filhos das funcionárias, entre outros programas e projetos, numa perspectiva de agir multidisciplinar. No que compete aos programas e projetos desenvolvidos, a maioria provem da demanda do espaço institucional, fruto de observações, pesquisas, coleta de dados e questões colocadas pelos usuários.

METODOLOGIA:
O percurso metodológico, com vistas a realizar uma análise comprometida e responsável, seguiu-se de revisão bibliográfica em artigos e textos, produzidos no âmbito mesmo do Serviço Social, o que nos permitiu compreender a maneira pela qual a profissão se inseriu neste contexto organizacional, bem como entender como o papel do Serviço Social foi mudando ao longo dos tempos até desembocar no desempenho atual de suas funções nas empresas, principalmente na área de Recursos Humanos. Foram realizadas duas visitas in locu, seguidas de registro em diário de campo, entrevistas semi-estruturadas registradas em mídia MP3, proporcionando-nos a apreensão dos seus discursos, quando as mesmas apontavam suas facilidades, os entraves institucionais e seus receios, os limites e possibilidades da ação profissional.

RESULTADOS:
Um dos maiores desafios com que se deparam as profissionais em questão é a quantificação orçamentária a qual passa a revestir os problemas de uma necessidade de resolução passível de resultados traduzidos em benefícios para a empresa. Um outro aspecto observado referiu-se ao preconceito da categoria profissional para com os assistentes sociais que trabalham em empresas. As empresas privadas contratam assistentes sociais para a função de analistas de recursos humanos, refletindo um dos rebatimentos da nova ordem do capital para essa categoria. Para as profissionais entrevistadas esse não é um fator determinante ou inviabilizador da sua prática, pois a profissão irá se efetivar a partir da ação diferenciada, das devidas mediações, do desenvolvimento de seu papel no interior da instituição. Sob a perspectiva delas a importância do assistente social dentro da empresa deve ser revigorada pelos próprios profissionais desse campo de atuação, colocando-se enquanto profissional devidamente qualificado para uma intervenção responsável, não deixando de lado a reconstrução da identidade profissional. E dentro dessa lógica contraditória influenciar na universalização dos direitos e conseqüentemente, atingir ganhos reais para a classe trabalhadora.

CONCLUSÕES:
A procura pela ratificação de que é possível efetivar o projeto ético-político no interior de uma empresa privada foi um dos pontos mais perceptíveis. No entanto, é preciso ressaltar que foi inevitável também perceber como a instituição acaba por ser incorporada ao discurso dessas profissionais. O simbólico está presente num discurso que se reconhece enquanto categoria alienada que vende sua força de trabalho, mas que, de alguma forma, se distancia do ‘chão de fábrica’. Por mais aberto e acessível que seja, o Serviço Social, em qualquer âmbito, quer ele público ou privado, estará envolto numa teia de relações possíveis de mediar, mas não passíveis de solução. A questão social vai além dos trabalhadores. O espaço de trabalho do assistente social, deve caminhar para além da mera atividade de execução, formulação e gestão da política de benefícios da empresa. Cabe-lhe identificar as mediações e mudanças em curso nas organizações, fazendo uma leitura e análise dessa realidade, identificando as demandas individuais e coletivas potencializadoras de novas conquistas e diretos sociais voltados aos interesses da população atendida, para além dos limites institucionais. A mesma empresa de outrora o chama à intervenção, a se imbricar na vida do trabalhador.

Instituição de fomento: Programa de Educação Tutorial - PET



Palavras-chave:  Serviço Social de empresa, Reestruturação produtiva, Análise institucional

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