60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental

A OFICINA COMO INSTRUMENTO PARA TRABALHAR EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM PROFESSORES.

Édisa Assunção Corrêa1, 5, 4
Karina Elaine Pantoja de Carvalho1, 5, 2
Ariadne da Costa Peres1, 2, 3, 5
Maria Ludetana Araújo1, 6, 4

1. Universidade Federal do Pará-UFPA
2. Instituto de Ciências Biológicas-ICB/UFPA
3. Núcleo Pedagógico de Desenvolvimento Científico/NPADC
4. Núcleo de Meio Ambiente-NUMA/UFPA
5. Grupo de Pesquisa e Estudos em Educação Ambiental-GPEEA
6. Universidade Nacional de Educação à Distanância de Madrid


INTRODUÇÃO:
O presente trabalho é oriundo de uma oficina ministrada durante a SBPC jovem em 2007 pelo Grupo de Pesquisa e Estudos em Educação Ambiental – GPEEA. Este grupo surgiu de ações de universitários e professores do antigo Centro de Ciências Biológicas (Hoje Instituto de Ciências Biológicas) da Universidade Federal do Pará no ano de 1999, que passaram a desenvolver atividades – oficinas, palestras, visitas programadas, produções de materiais didáticos – com alunos das redes pública e particular de ensino na região metropolitana de Belém, sempre dando o enfoque ambiental para suas ações. Assim, o grupo passou a desenvolver ações de cunho ambiental através de projetos que trabalham a Educação Ambiental na formação inicial, contemplando licenciandos de diversas áreas, formação de professores e educação formal e não formal. Atualmente, o GPEEA, faz parte do projeto Sala Verde do Ministério do Meio Ambiente, sob o nome sala verde pororoca. Sabemos que as ações em Educação Ambiental (EA) devem ser prazerosas para aguçar a o interesse dos envolvidos para uma participação mais efetiva no processo de sensibilização. Nesse processo, o professor tem papel relevante para o sucesso, pois é um mediador para conduzi-lo. Para Tardif (2002, p16) os saberes de um professor decorrem, em grande parte, de “uma realidade social materializada através de uma formação, de programas, de práticas coletivas, de disciplinas escolares, de uma pedagogia institucionalizada, etc., e são também, ao mesmo tempo, os saberes dele”. Na formação de professores em geral, e em EA em particular, seus saberes e experiências são um repertório que não pode de forma alguma ser desconsiderado. Na opinião de Reigota (1995) em EA não podemos nos basear apenas na transmissão de conhecimentos acadêmicos e de técnicas. Há que ir além dos conteúdos formais, pois “para isto já existe um bom número de disciplinas nos currículos escolares nos mais diferentes níveis do ensino formal” (1995, p.32). Daí a importância de durante o seu processo de formação, o professor entrar em contato com experiências fora do ambiente acadêmico, oportunizando a convivência com outros atores e procurando novas formas de trabalhar. Foi essa oportunidade que a oficina da SBPC jovem permitiu, uma vez que parte dos profissionais envolvidos ainda se encontrava em fase de formação. Outro aspecto importante, é que permitiu um contato maior com outros professores de diferentes áreas, oportunizando as trocas de experiências no que tange a prática da educação ambiental, haja vista que visitaram e participaram da oficina professores de vários lugares do Brasil, bem como o contato direto com os pais que eram estimulados a ajudarem seus filhos no processo de confecção do brinquedo. Convém salientar que o público alvo não era os professores nem os adultos, mas sim as crianças, devido a grande procura por parte deles, acabou-se reservando um dia para atender esta demanda. Assim os mediadores, nesse caso os professores envolvidos na facilitação da oficina, dever ter consciência dos valores e concepções que transmite em suas aulas, em seu relacionamento com os alunos e outros integrantes da comunidade escolar e que compreenda como se articulam com a questão da cidadania. (Sucena ,1998).

METODOLOGIA:
Através do evento intitulado: “Brincando com as lendas amazônicas através das sucatas”, dentro da programação da SBPC Jovem, no Centro de Convenções Hangar de Belém-PA, durante o período de 09 a 11 de julho de 2007, perfazendo um total de 24 horas de atividades práticas. As atividades de Educação Ambiental através das lendas com o uso do teatro de fantoche foram realizadas no stand destinado ao GPEEA. Sobre educação em ambiente não formal, concordamos com Mertz (2004). Este autor a considera relevante porque possibilita acesso a outro tipo de público e não apenas o que está na escola. Esta oficina foi planejada durante um mês, onde todos os materiais levados estavam semiprontos, pois com a rotatividade de crianças e professores não daria para realizar todo o processo de construção de material naquele momento. Cada um dos professores ficava responsável por uma atividade, ou seja, enquanto um cuidava do teatro de fantoches, outro ajudava na confecção dos mesmos para as crianças e dos dedoches. Outro atendia os visitantes, respondendo suas curiosidades. Foram definidos como objetos a serem confeccionados pelos professores com as crianças: fantoche, dedoche e vai-vém. Para que todos pudessem fazer os materiais mencionados, pela parte da manhã acontecia a dramatização da história com os fantoches, em seguida a confecção dos fantoches e pela parte da tarde a construção do vaivém e dos dedoches. Ao todo foram doze sessões, cada uma durava em torno de uma hora, contemplando mais dez participantes. A última acabou sendo destinada para adultos (pais, professores ou responsáveis) que acompanhavam seus filhos, ou visitavam o stand, e demonstraram interesse em participar da atividade. Devido a esse fato, aliado a presença de grande quantitativo de crianças interessadas no teatro de fantoches, houve necessidade de reestruturarmos o planejamento das atividades planejadas.

RESULTADOS:
Através da contação das lendas e da utilização do teatro de fantoche, a oficina acabou por atingir um público que até então não estava previsto que foram os professores e os pais das crianças. Isso demonstra que a abordagem da temática ambiental quando feita de uma forma divertida e prazerosa possibilita o envolvimento de um maior número de pessoas. Os relatos dos professores e dos pais mostraram que a construção e manipulação do fantoche levaram a interação dos pais com seus filhos, de forma lúdica, fato importante para o desenvolvimento cognitivo e afetivo da criança. Aliás, de acordo com Ramos & Weiduschat (2002) através da atividade lúdica e do jogo, a criança forma conceitos, seleciona idéias, estabelece relações lógicas, integra percepções, faz estimativas compatíveis com o seu crescimento físico e desenvolvimento e, o que é mais importante, vai se socializando (2002, p. 3). Além disso, um outro ponto que deve ser considerado é que os próprios professores e pais tomaram a iniciativa, produziram seus fantoches e atribuíram nomes a eles. Dessa forma, uma grande variedade de material foram produzidos pelos pais e professores que visitavam a exposição. Guerra et al. (2007) salienta que os professores precisam buscar alternativas e /ou instrumentos para desenvolver os conteúdos de Meio ambiente e Educação Ambiental no seu cotidiano de sala de aula ou fora dela . E as oficinas são locais propícios para encontrar tais instrumentos, pela variedade de atividades de materiais (educativos ou não) que são apresentados. A diversidade de material produzida por pais e professores nos levou a considerar o sucesso da exposição, pois só de envolver pais, professores e alunos numa mesma atividade num mesmo ambiente já é um ganho para todos, haja vista que, não há o costume de se colocar adultos e crianças numa mesma atividade. Prado e Almeida (2003) ressaltam que o trabalho colaborativo evidencia a necessidade de repensar valores, bem como colocar em prática atitudes de abertura, humildade, respeito e aceitação, ou seja, aquelas que acolhem as potencialidades e as fragilidades das pessoas envolvidas num grupo de trabalho “[...] Nesse sentido, cada pessoa deve assumir-se como aprendente e ensinante umas das outras, sendo a coerência da postura docente uma referência essencial para os professores -alunos (p.81). Acabou revelando também que pais e professores cultivam a criança que outrora foram caso contrário, não teriam se disposto a sentar nas rodas e confeccionar os fantoches, dedoches, bem como que sempre é tempo de está aprendendo. Sabe-se que a educação é um dos pilares mais importantes da constituição humana, é dela que todos se beneficiam para usar de forma mais aperfeiçoada sua capacidade cognitiva e, assim, construírem referenciais mais positivos para um bom convívio social. Toda sociedade necessita de educação e, assim sendo, torna-se mediação universal da existência histórica dos homens. Para Freire (1997) "uma das tarefas mais importantes da prática educativa crítica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou a professora ensaiam a experiência de assumir-se".

CONCLUSÕES:
Os professores visitantes consideraram relevantes essas atividades, por ser de baixo custo e de fácil realização. Assim, alguns professores que se mostraram interessados na utilização do teatro de fantoche como recursos foram cadastrados para participarem de oficinas, a serem ministradas no espaço GPEEA, destinadas a favorecer atividades e fundamentação teórica em educação ambiental com o uso do teatro de fantoches em processos de ensino e aprendizagem. Sendo assim, comprova-se que para realizar uma atividade prazerosa e contribui na formação de das pessoas, basta um pouco de criatividade e disponibilidade de ensinar para que se possam somar os conhecimentos, pois estamos em constante aprendizagem seja em que fases da vida estiverem. Logo partindo de suas experiências os professores são motivados a interagir seus saberes com os outros professores e com a coletividade. Nesta nova perspectiva de ensino, o professor passa realmente a ser um coordenador (PENTEADO, 2003), podendo fazer uso da EA como proposta mediadora de conflitos no ambiente onde ocorrem.



Palavras-chave:  Educação Ambiental, Professores, Oficina

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