60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada

INFLUÊNCIA DE RIZOBACTÉRIAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO INICIAL DO FEIJÃO CAUPI (VIGNA UNGUICULATA) NO MUNICÍPIO DE GARANHUNS –PE.

Diogo Paes da Costa1
Marisângela Viana Barbosa1
Júlia Kuklinsky-Sobral1

1. Unidade Acadêmica de Garanhuns / Universidade Federal Rural de Pernambuco.


INTRODUÇÃO:
O feijão caupi, feijão-de-corda ou feijão macassar (Vigna unguiculata) é uma leguminosa tradicionalmente cultivada nas regiões Norte e Nordeste brasileira, é rica em proteínas, vitaminas e minerais, e é capaz de tolerar ao estresse térmico e salino. Tendo em vista a importância econômica dessa cultura para a região, a utilização de microrganismos associados às planta poderá ser uma alternativa para a sustentabilidade desta cultura. As bactérias podem promover o desenvolvimento vegetal por diversos mecanismos, mas este processo não está garantido pelo simples contato da bactéria com a planta, haja vista que a eficiência da associação bactéria-planta depende de várias interações entre os seres vivos e as condições ambientais em que ambos estão inseridos. Uma contribuição significante para a promoção de desenvolvimento vegetal seria a ocupação dos nódulos por estirpes altamente eficientes na fixação de N2 e competitivas em relação à população nativa. Portanto, a produtividade do feijão caupi poderia ser aumentada pelo uso de inoculantes de rizóbios eficientes, que supririam as necessidades de nitrogênio da planta. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a interação entre inoculantes comerciais de rizóbios e o feijão caupi.

METODOLOGIA:
1.1. Avaliação do índice de germinação e do coeficiente de velocidade de germinação: Sementes de feijão caupi, coletadas na safra de 2007 no município de Garanhuns – PE, foram inoculadas com diferentes rizobactérias comercializadas pela EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), sendo elas a BR3267 (Bradyrhizobium sp., recomendada para o feijão caupi - V. unguiculata); BR322 (Rhyzobium tropici) e BR520 (Rhyzobium ciat, recomendadas para o feijão comum - Phaseolus vulgaris); BR29 (Bradyrhizobium elkani) e BR96 (Bradyrhizobium japonicum, recomendadas para a soja - Glycine max). As sementes inoculadas foram mantidas em condições de temperatura constante e submetidas a um ciclo de luz de 09 h claro / 15 h escuridão, durante quatro dias os dados foram coletados. 1.2. Avaliação da promoção de crescimento vegetal: As sementes de feijão caupi foram submetidas aos mesmos tratamentos que o item 1.1 e, em seguida, foram plantadas em sacos plásticos escuros, com 10 repetições para cada tratamento. Logo após o plantio, os tratamentos foram colocados em uma cobertura telada, sob condições ambientais e irrigação diária. Após 30 dias foram coletadas as plantas para as análises. As variáveis avaliadas foram: peso fresco e peso seco das raízes e da parte aérea. Após a coleta dos dados, foi efetuada a análise de variância (ANOVA) a um nível de significância de 5% para ambas as variáveis e em seguida foi aplicado o teste de Tukey para comparação entre as médias.

RESULTADOS:
Foi observado que, durante o experimento de germinação, todos os tratamentos com inóculos apresentaram um índice de germinação maior (90%) que o controle (60%). Portanto, todas as rizobactérias estimularam o processo de germinação e, inclusive, as rizobactérias recomendadas para feijão comum e soja foram tão eficientes, neste processo, quanto as rizobactérias recomendadas para o próprio feijão caupi. Contudo, em relação à velocidade de germinação, não foi observada diferenças entre os tratamentos. A influência destas rizobactérias sobre o peso fresco da parte aérea e das raízes de feijão caupi não apresentou diferença significativa. Da mesma forma, a influência sobre o peso seco das raízes também não apresentou diferença significativa. Por outro lado, na análise de variância do peso seco da parte aérea do feijão caupi foram identificadas diferenças significativas, separando os tratamentos em dois grupos: 1- plantas controle (sem inóculo) apresentando o mesmo comportamento que plantas inoculadas com as rizobactérias (Bradyrhyzobium sp. ) recomendadas para o feijão caupi; 2- plantas inoculadas com rizobactérias recomendadas para o feijão comum e plantas inoculadas com rizobactérias recomendadas para a soja, este último grupo apresentando um comportamento significativamente inferior ao grupo 1. Portanto os resultados mostram diferentes formas de interação bactéria-planta no processo de promoção de crescimento vegetal e que estes mecanismos devem ser melhor explorados.

CONCLUSÕES:
O presente trabalho mostrou que o mecanismo de interação bactéria-planta é influenciado por diversos fatores, entre eles o genótipo das bactérias inoculantes. Apesar de rizobactérias comerciais influenciarem positivamente o processo de germinação e desenvolvimento inicial do feijão caupi, tanto estirpes recomendadas para o próprio feijão caupi, quanto estirpes recomendas para outras culturas como o feijão comum e a soja, estas rizobactérias não estimularam o aumento da matéria fresca e seca de plantas inoculadas. Pelo contrário, algumas influenciaram negativamente o desenvolvimento das plantas. Portanto, estes resultados enfatizam a importância do conhecimento da microbiota associada ao feijão caupi cultivado na região, visando a bioprospecção de isolados bacterianos adaptados para as variedades de feijão cultivadas e que possam apresentar uma potencial aplicação como promotoras de crescimento vegetal, auxiliando, desta forma, o manejo da cultura junto a pequenos produtores rurais.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Feijão caupi, Rizobactérias, Interação bactéria-planta

E-mail para contato: diogocosta1@yahoo.com.br