60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 1. Anatomia Patológica e Patologia Clínica

MODELO EXPERIMENTAL PARA AVALIAÇÃO DE CANCERÍGENOS NÃO-GENOTÓXICOS NA BEXIGA DE RATOS WISTAR – USO DA SACARINA SÓDICA (SNA).

Ana Paula Ferragut Cardoso1
Merielen Garcia Nascimento1, 2
Maria Luiza Cotrim Sartor de Oliveira1, 3
João Lauro Vianna de Camargo1, 4

1. Depto. de Patologia da Faculdade de Medicina - UNESP-Botucatu
2. Doutoranda em Patologia
3. Profa. Dra.
4. Prof. Dr. / Orientador


INTRODUÇÃO:
Pesquisas conduzidas durante os anos 70 mostraram associação entre altas doses de sacarina sódica (SNa) na dieta (0,0345 mol/100mg de ração) com aumento da incidência de tumores de bexiga de ratos da linhagem F344, predominantemente machos. Testes de mutagenicidade mostraram que a sacarina sódica não é mutagênica ou genotóxica e nem se liga de modo covalente ao DNA. Consumos de altas doses de sacarina sódica pela ração levam à formação de precipitados amorfos na urina de ratos machos que podem atuar como agentes microabrasivos para células uroteliais, provocando necrose focal e conseqüente hiperplasia regenerativa. A administração de 0,0345 mol/100mg na ração por 10 semanas em ratos provoca o aparecimento de hiperplasia simples que pode ser visualizada à microscopia óptica e à microscopia eletrônica de varredura. O aumento da proliferação celular pode ser visualizado com o uso de marcadores imunoistoquímicos como o Bromodeoxiuridina (Brdu) e os antígenos endógenos Ki-67 e o antígeno nuclear de proliferação celular (PCNA). O presente estudo teve por objetivo verificar se a sacarina sódica pode ser utilizada como protocolo de curta duração em ratos Wistar para detecção de alterações uroteliais de agentes cancerígenos não-genotóxicos.

METODOLOGIA:
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética, da Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP. Foram utilizados 20 ratos Wistar machos distribuídos de modo aleatório em 2 grupos de 10 animais cada. O Grupo 1 foi tratado com 8.3% SNa (0.0345 mol/100mg ração) adicionada à ração Nuvilab; o Grupo 2 recebeu ração basal controle. Os animais foram pesados e avaliados clinicamente durante o experimento. O tratamento foi realizado durante 20 semanas, ao final das quais, os animais foram sacrificados. O pH urinário foi determinado individualmente na 19ª semana do experimento. No momento do sacrifício, a bexiga foi inflada com fixador de Bouin, removida e imersa no mesmo fixador por 4 horas. Para análise de microscopia ótica e de varredura (MEV), as bexigas foram seccionadas ao meio e lavadas 3 vezes em álcool 70%; uma metade das bexigas foi seccionada em 4 segmentos longitudinais para análise histológica e a outra metade inteira foi processada para análise pela MEV. A expressão do PCNA foi detectada por técnica imunoistoquímica. A comparação estatística entre os grupos quanto aos valores do pH urinário foi feita pela ANOVA, quanto as incidências de lesões histológicas pelo teste do Qui-quadrado e quanto as taxas de proliferação celular pelo teste de Kruskall-Wallis.

RESULTADOS:
Ocorreu redução significativa no peso corpóreo dos animais tratados com NaS a partir da segunda semana do experimento. O pH urinário do Grupo tratado com 8,3% SNa esteve significativamente diminuído quando comparado ao grupo controle (p<0,001). A análise histológica das bexigas dos animais tratados com SNa mostrou 5/10 animais normais, 3/10 com hiperplasia simples e 2/10 com hiperplasia papilífera/nodular (os dois últimos diferentes do controle, p<0,05); já o grupo controle apresentou todos os 10 animais normais. O grupo tratado com SNa apresentou aumento nos índices de proliferação celular (2,73±5,3 vs. 0,27±0,63, p<0,05). A análise do grupo SNa pela MEV mostrou 4/10 animais com alterações hiperplásicas; já o grupo controle apresentou 1/10 com alteração severa do urotélio, porém não hiperplásica.

CONCLUSÕES:
O presente estudo demonstra que a SNa na concentração utilizada provoca alterações uroteliais importantes e redução do pH urinário de ratos Wistar machos, tais como as relatadas em ratos F344. Assim, a sacarina sódica pode ser utilizada em protocolos experimentais como controle positivo de alterações da mucosa vesical de ratos da linhagem Wistar em estudos de carcinogênese urotelial por agentes não-genotóxicos.

Instituição de fomento: TOXICAM

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Sacarina sódica, modelo experimental, bexiga

E-mail para contato: anapaulafc1@hotmail.com