60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia

INFESTAÇÃO, PARASITISMO E PREDAÇÃO DO BICUDO-DO-ALGODOEIRO ANTHONOMUS GRANDIS BOHEMAN (COLEOPTERA: CURCULIONIDAE) EM CULTIVO DE ALGODÃO NO SEMI-ÁRIDO DO SUDOESTE DA BAHIA

Marcelo Eduardo Costa Ramires de Oliveira Ramires1
Urbano Pinchemel Cardoso3
Adeline Ferraz Brito2
Vanessa Corrêa Santos2
Ayres de oliveira Menezes Júnior5
Maria Aparecida Castellani4

1. Graduando em engenharia Agronomica UESB, Bolsista IC-FAPESB.
2. Eng. Agrônomo UESB, Laboratório de Entomologia, Vitória da Conquista, BA.
3. Eng. Agrônomo, MSc., Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia, ADAB.
4. Docente, DSc., UESB, Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, / Orientador.
5. Docente, DSc., Universidade Estadual de Londrina, UEL, Londrina, PR.


INTRODUÇÃO:
O Brasil contribui com 3,68% da produção mundial de algodão ocupando, na safra de 2002/2003, a posição de sétimo produtor (BASTOS e outros 2005). A Bahia destaca-se como segundo maior produtor nacional de algodão em pluma (IBGE, 2007), podendo checar ao primeiro lugar em virtude da expansão da área cultivada (CARDOSO, 2007). Uma das pragas chave da cultura é o bicudo-do-algodoeiro, Anthonomus grandis, não ocorrendo o seu controle, a praga pode inviabilizar o cultivo do algodão. O bicudo provoca queda de botões florais e flores e impede a abertura normal de maçãs, (GALLO e outros 2002). As partes infestadas servem, ainda, como fonte de alimento causando prejuízos na fibra do algodão (MONNERAT e outros 2000). O controle do bicudo é baseado no uso de inseticidas, alcançando, em alguns casos, 17 pulverizações num ciclo de produção, causando impactos ambientais indesejáveis. Os princípios o manejo integrado de pragas nem sempre são levados em conta e o controle químico é adotado sem o conhecimento dos níveis de infestação e dos fatores de mortalidade natural da praga. No Brasil, o controle biológico do bicudo é realizado, principalmente, por formigas predadoras e parasitóides. Os objetivos deste trabalho foram avaliar a infestação, parasitismo e predação da praga no Semi-Árido do Sudoeste da Bahia.

METODOLOGIA:
Os estudos foram desenvolvidos em Caraíbas, BA, (Lat. 14º43’ e Long. 41º15’) e no Lab. de Entomologia da UESB, de junho a setembro de 2006. Utilizou-se um cultivo de 0,5ha de algodão, cultivar BRS AROEIRA, em espaçamento de 0,8m entre linhas e 0,30m entre plantas. Foram demarcados, cinco pontos amostrais com 25m², para coleta de até 10 maçãs e 20 botões florais caídos no solo, totalizando até 50 maçãs e 100 botões por coleta. Os botões foram coletados aos 85, 92, 99, 106, 113, 120, 127, 134, 141, 148, 155, 162, 169 e 176 dias após a emergência e para maçãs aos 148, 162 e 176 dias após a emergência. Esses materiais foram etiquetados e levados ao laboratório para dissecação. Para estimar a infestação, fez-se a contagem de botões florais ou maçãs com orifícios de oviposição, de alimentação ou com ambos. Estimaram-se também os danos causados pelo bicudo por meio da contagem do número de orifícios de oviposição e de alimentação em cada órgão reprodutivo. Quanto aos índices de parasitismo e predação, foi considerado botão floral parasitado aquele contendo orifício com bordas de contorno regular, diâmetro inferior a 0,7mm e localizado na região mediana ou apical do botão. Para a constatação da predação, observou-se a presença de orifícios com bordas irregulares ou rasgadas.

RESULTADOS:
Os dados revelaram valores de 98,0% a 100,0% de botões infestados e de 44,0% a 78,0% de maçãs infestadas. De modo geral, os dados revelam altos níveis de infestação da praga na área experimental. Em relação aos danos, foram constatados em media mais de um orifício de alimentação em cada botão floral, atingindo um máximo de 1,52 orifícios de alimentação/botão e 1,93 orifícios de alimentação/maçã. Em relação a parasitismo e predação, os dados foram avaliados de forma representativa apenas para botões, dado o número insuficiente de maçãs caídas no solo para a amostragem. Para botões florais, observou-se, em valores médios, a ocorrência de 30,8% de parasitismo, variando de 9,7% a 57,8%, e com 11,5% de predação, desde a ausência total ao máximo de 32,0%. Houve os maiores índices de predação obtidos ao final do ciclo da cultura (162 a 176 DAE), enquanto que os maiores índices de parasitismo ocorreram dos 113 DAE (33,3%) até 148 DAE (31,6%). Em geral os dados revelam um alto nível de parasitismo e predação demonstrando a importância do controle biológico dessa praga. Obteve nas coletas 75 adultos de parasitóides, distribuídos nas famílias Pteromalidae (84,0%) e Braconidae (16,0%), representadas por apenas uma espécie cada, Catolaccus grandis (Burks) e Bracon sp., respectivamente.

CONCLUSÕES:
Anthonomus grandis determina altos níveis de infestação na Região Sudoeste da Bahia; a predação e parasitismo são fatores de mortalidade natural da praga na região; registra-se a ocorrência dos parasitóides Catolaccus grandis e Bracon sp., sendo o primeiro predominante.

Instituição de fomento: FAPESB – Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Bracon, Catolaccus, manejo integrado

E-mail para contato: costa_ramires@hotmail.com