60ª Reunião Anual da SBPC




H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 6. Literatura

AS CONCEPÇÕES DE RETÓRICA E SINÉDOQUE NOS QUINHENTOS E SEISCENTOS

Andréia Batista Lins1
Marcello Moreira1, 2

1. Departamento de Estudos Lingüísticos e Literários/UESB
2. Prof. Dr./ Orientador


INTRODUÇÃO:
A pesquisa cujos resultados parciais ora se apresentam é fruto dos estudos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa coordenado pelo professor Marcello Moreira e de que participa a bolsista da FAPESB e discente do curso de Letras Modernas da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Andréia Batista Lins. Consiste da abordagem do que se compreende por Retórica, com vistas a atingir uma melhor compreensão da sua origem e ulterior desenvolvimento, traçando o seu percurso desde os sofistas até as concepções mais atuais. Particulariza-se a pesquisa em estudo de um dos tropos da retórica, a sinédoque. É preciso contrastar, por necessidade, a sinédoque com outros tropos, sobretudo com a metonímia, a que se associa segundo teóricos contemporâneos. Selecionamos para a pesquisa Retórica de Renato Barilli, Introdução à Retórica, de Olivier Reboul, A Retórica de Aristóteles, o Retórica a Herênio, atribuído a Cícero, o Institutio Oratoria, de Quintiliano, o Tratado de Elocução, anônimo. Elementos de Retórica, de Heinrich Lausberg. O cerne da discussão é o que se define como Retórica e sinédoque nos tratados selecionados.

METODOLOGIA:
O trabalho da bolsista visa ao estudo da formação histórica da retórica, como arte e, posteriormente, como campo disciplinar, e, também, de um dos tropos, a sinédoque. Estuda-se a formação histórica da retórica como técnica persuasiva, a partir da leitura e análise das preceptivas mencionadas na seção anterior, assim como da leitura de outras fontes documentais que nos chegaram do passado grego e latino. No âmbito da retórica, estuda-se de forma particularizada a elocução e as estruturas tropológicas, com ênfase dada à sinédoque. Cabe dizer que o número de tropos varia de um autor a outro, assim como a sua própria definição; também há variação no que diz respeito aos critérios de agrupamento dos tropos segundo a similaridade nos procedimentos que os constituem. No caso da sinédoque, verifica-se seu emprego elocutivo a partir de usos nos poemas quinhentistas e seiscentistas.

RESULTADOS:
De acordo com o estudo feito por Barilli (1979), a palavra Retórica é originária do grego rhetoriké e é compreendida na história de maneiras diversas. Nasceu na Grécia, em princípios do século V antes de Cristo, mais especificamente em Siracusa, conhecida como a Magna Grécia, hoje a atual Itália. A retórica vai tratar de discorrer sobre uma imensidade de assuntos, de todos os tipos, inclusive daqueles que não têm uma relação direta com o bem comum. Como assevera Aristóteles(1998), a retórica se configura na arte ou técnica da palavra, sendo indispensável e preferível saber utilizar a força do discurso, para que, assim, possa-se atingir a persuasão. Percebe-se, em seguida, no que respeita à elocução, uma nítida divergência quanto ao número de tropos encontrados em cada preceptiva, assim como distinções nos conceitos de tropo e de figura e ainda, denominações diversas para sinédoque. Ao conceituar sinédoque, os autores vão se mostrar um tanto divergentes, mas uma coisa é muito pertinente em todos eles, quando dizem que nos Quinhentos Seiscentos esta se encontrava totalmente desvinculada da metonímia. Hoje, ao contrário do que se postula, tende-se a subsumir-lha.

CONCLUSÕES:
Conclui-se, portanto, segundo Barilli (2004), que a retórica é, na verdade, “a ocasião em que se usa o discurso da forma mais plena e total” (p.07). No decorrer do seu estudo, este autor consegue, através de uma linguagem precisa, mostrar que a retórica é a arte da persuasão. Isto também é conseguido pelos demais autores utilizados nesta pesquisa. A intenção de cada orador é persuadir o auditório através do discurso; e para tanto, este deve estar muito bem estruturado, a fim de chegar a tal objetivo. Fazem parte da persuasão as estruturas elocutivas, que se justificam pelo deleite que produzem, o que incrementa a capacidade cognitiva, pois o gosto auxilia o entendimento. Dentro da elocução, a sinédoque pode ser definida como a compreensão do todo por uma pequena parte ou a parte pelo todo. É propriamente definida como locus a maiore ad minus e como locus a minore ad maius, o que a distingue da metonímia que se baseia em um locus distinto.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia / FAPESB; Universidade do Sudoeste da Bahia / UESB

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Retórica, Tropo, Sinédoque

E-mail para contato: andreiallins@yahoo.com.br