60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

Este trabalho analisa o ensino de Física no “Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão”, no “Centro de Ensino Médio Liceu Maranhense” e no “Centro de Ensino Médio Prof. Fernando Perdigão”. Após um breve exame da influência do paradigma cartesiano sobre algumas esferas da atividade humana, chega-se à questão do ensino, que, de um modo geral, sofreu com a compartimentalização do conhecimento. O Ensino de Física, em particular, apresenta um agravante: a excessiva conotação matemática, o rigor pelos resultados mais que pelo processo e uma desvinculação quase total da realidade vivida pela maioria dos alunos, conseqüência do processo de fragmentação do conhecimento em saberes especializados. Este trabalho tem como objetivo apontar elementos para a composição de uma proposta metodológica que vise à reintegração do conhecimento e à aprendizagem significativa. Tal composição deverá ser interdisciplinar, sistêmica, contextual e baseada no cuidado essencial. Dar-se-á em três importantes etapas: a problematização dos conteúdos, a organização do conhecimento e a construção do conhecimento.

METODOLOGIA:

Além da pesquisa bibliográfica foi realizada uma pesquisa de campo em três escolas públicas da grande São Luís: o Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão (CEFET-MA), o Centro de Ensino Médio Liceu Maranhense e Centro de Ensino Médio Professor Fernando Perdigão. A primeira possui como público-alvo, alunos direcionados ao mercado de trabalho, mediante o oferecimento de cursos técnicos e ensino médio de caráter profissionalizante. A segunda é uma escola tradicional que apresenta, dentre as escolas públicas, altos índices de aprovação no vestibular. Ambas possuem laboratórios de Física e de Informática. A terceira é uma pequena escola que trabalha com alunos carentes, e não possui laboratórios. Nas três escolas foram entrevistados 247 alunos das três séries do Ensino Médio (70 no CEFET-MA, 100 no Liceu e 77 no Fernando Perdigão) e 10 professores de Física (5 no CEFET-MA, 3 no Liceu e 2 no Fernando Perdigão), por meio de questionário de múltipla escolha e de algumas questões abertas.

RESULTADOS:

Com a conclusão da pesquisa de campo, em relação aos alunos, verificou-se que: 96,7% respondeu que as aulas são baseadas em aulas teóricas complementadas com exercícios; 50,6% sente-se bem com as aulas, pois o assunto cai no vestibular; 76,5% afirmou que as aulas seguem o programa dos livros didáticos e do vestibular; 80,5% acha que o ensino de Física está adequado a razoavelmente adequado, embora 90,2% tenha dado várias sugestões de melhorias, inclusive aulas contextualizadas e experimentais. Com relação aos professores, verificou-se que: 100% respondeu que as aulas são baseadas em aulas teóricas complementadas com exercícios, embora utilize outras metodologias; 70% sente-se bem com as aulas, pois as relaciona com a realidade dos alunos; 60% afirma seguir o conteúdo dos livros didáticos e do vestibular; 90% acha que o ensino de Física está adequado a razoavelmente adequado, embora tenha dado sugestões de melhorias.

CONCLUSÕES:

Os resultados demonstram que o ensino de Física apresenta a fragmentação apontada na pesquisa bibliográfica. As escolas pesquisadas poderiam receber e implantar a proposta metodológica por meio da construção interdisciplinar, visando, sobretudo, a autonomia, a superação do autoritarismo, da repetição e do automatismo.

Palavras-chave: Ensino, Física, Interdisciplinaridade

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