60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 2. Engenharia Agrícola - 1. Construções Rurais

MONITORAMENTO MICROBIOLÓGICO (AÉREO E NA RAÇÃO) EM CRECHE DE SUÍNOS

Gilberto Petrilli Gatti Lopes1
Marta dos Santos Baracho1, 2
Yamilia Barrios Tolon1
Irenilza de Alencar Nääs1
Daniella Jorge de Moura1

1. Departamento de Construções Rurais e Ambiência. FEAGRI-UNICAMP
2. Professora Doutora. – orientadora. Faculdade de Americana - FAM


INTRODUÇÃO:
A globalização da economia exige da suinocultura um refinamento tecnológico para aumentar o desempenho dos animais, reduzir custos e melhorar qualidade do produto para se obter competitividade. Um grande empecilho no avanço da suinocultura brasileira são as doenças causadas por fungos. Grande parte das contaminações ocorre principalmente através da alimentação dos suínos. As principais fontes de microrganismos do ar em criações são: os animais, suas camas e seus alimentos. Os fungos produzem metabólitos tóxicos (micotoxinas) em substratos que variam desde a matéria-prima para formulação da ração, até o produto final, propriamente dito. Os fungos dos gêneros Fusarium e Aspergillus estão entre os principais produtores de micotoxinas quando estes são submetidos a determinadas condições favoráveis à sua síntese. Entre estas condições, a umidade é reconhecida como um fator determinante tanto para o crescimento fúngico como para a ocorrência das toxinas (SABINO & AMAYA, 1993). O risco para a produção de suínos que doenças causadas pela poluição do ambiente aéreo podem causar é muito alto. Este trabalho teve como objetivo monitorar e identificar a presença de microrganismos (fungos) na ração e no ambiente aéreo de suínos nos prédios creche.

METODOLOGIA:
O experimento foi conduzido em uma granja comercial de produção de suínos localizada no município de Salto - SP, situado a 23º1210" de Latitude Sul e a 47º1735" de Longitude Oeste (Greenwich) e altitude média de 521m, no centro de uma região chamada Zona de Depressão Periférica do Estado de São Paulo. O estudo foi realizado com animais da raça característica da granja nas etapas de creche. Para coleta de fungos foi utilizada a bomba de amostra pessoal (Gilair 5 com timer - Gillian USA). Os filtros utilizados para coleta de poeira foram colocados em placas de Petri com Meio Completo (PONTECORVO et al. 1953). As placas de Petri com o filtro foram mantidas a temperatura ambiente por 2 a 3 dias para verificar se existia ou não a presença de unidades formadoras de colônias de fungos- (UFC). A ração foi coletada e armazenada utilizando placas de Petri esterilizadas. No laboratório foi feita a diluição de 10g ração em 90mL de salina autoclavada; após agitação manual essa amostra foi deixada em repouso durante 10min e então, plaqueada em placas de Petri esterilizadas contendo meio Completo, em triplicatas. Após a contagem de unidades formadoras de colônias (UFC) de fungos, estas foram identificadas de acordo com a morfologia do gênero e espécie (SILVEIRA, 1968).

RESULTADOS:
O número total de unidades formadoras de colônias de fungos- UFC- nos filtros para poeira respirável foi de 69 e para poeira total foi de 196. A porcentagem de fungos do gênero Aspergillus identificados nos filtros para poeira respirável foi de 39% e para poeira total 45%. Foram identificados na ração 34,31% de fungos do gênero Penicillium, 13,19% do gênero Fusarium e 39,09% do gênero Aspergillus. Dentro do gênero Aspergillus, foram encontradas as seguintes espécies: A. niger, A. parasiticus, A. candidus, A. flavus, A. nidulans A. fumigatus. O fungos do gênero Fusarium (NELSON et al., 1991) principalmente F. moniliforme e F. proliferatum (MUSSER & PLATTNER, 1997) produzem fumonisinas, que pertencem a um grande grupo de micotoxinas, que contaminam ingredientes da ração suína (cereais e subprodutos), como descreveram SHEPHARD et al., (1996). Algumas espécies do gênero Aspergillus sp., produzem toxinas que são metabólitos tóxicos (PIVA & SANTI, 1982) como a aflatoxina B1 que é abundante e tóxica nas contaminações naturais, é facilmente encontrada em alimentos utilizados na alimentação de animais (OSWEILER, 1993) e pode provocar edema pulmonar em suínos (OSWEILER et al., 1992), levando a óbito, como também lesões hiperplásticas na mucosa esofágica em suínos desmamados (CASTEEL et al., 1993).

CONCLUSÕES:
As análises comprovam a incidência de fungos toxinogênicos que acarretam perda de qualidade na produção. Estes resultados ressaltam a importância da aplicação de programas de biossegurança, buscando o desenvolvimento de um ambiente o mais livre possível de microorganismos uma vez que a garantia da qualidade do ar e da ração é essencial para otimizar a produção.

Instituição de fomento: FAPESP e CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  suínos, fungos, micotoxinas

E-mail para contato: gilbertopetri@yahoo.com.br