60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Comunicação - 71. Comunicação

FLORENT DUBOIS: UM EX-COMBATENTE DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL QUE ENFRENTOU OS DESAFIOS DE SER COMUNICADOR NA AMAZÔNIA

Luiz Sabaa Srur Morais2
Carlos Eduardo Colares Joseph2

2. Instituto Esperança de Ensino Superior


INTRODUÇÃO:
Florent Dubois (1878-1964), jornalista, reconhecido polemista, escritor, ex-combatente da Primeira Grande Guerra, e historiador, possui relevada contribuição para a grande imprensa de Belém-PA. Chegou até os 86 anos após ter cruzado o Atlântico meia dúzia de vezes, combater na Primeira Guerra Mundial, passar por uma segunda e vivendo em uma época que a expectativa de vida era de 43 a 45 anos. Tinha como ideal ter um jornal popular ameno variado, noticioso, sem artigos compridos, ou dissertações. Em 1913 cria o primeiro boletim informativo Voz de Nazaré, jornal este que continua a ser publicado até hoje e, com o fechamento de A Província do Pará, pode ser considerado o mais antigo meio impresso do estado com edições regulares. Também contribuía como articulista em diversos outros jornais como A Palavra, Folha do Norte e o Jornal de Manaus, onde escreveu artigos sobre notícias internacionais. Gozava de grande prestígio em seu tempo, mas hoje encontra-se apenas na memória de algumas pessoas. A proposta desse trabalho é mostrar a trajetória dando ênfase à produção jornalística daquele que enfrentou grandes desafios como doenças, climas totalmente diferente de sua terra natal, para desenvolver, a imprensa paraense.

METODOLOGIA:
A principal metodologia aplicada neste trabalho foi a pesquisa em jornais, livros e demais escritos antigos, bem como entrevistas com pessoas que conviveram e tiveram contato direto com Florent Dubois e seu trabalho. Entre o material consultado estão artigos organizados por padre Dubois ainda em vida e conservados em uma residência em Belém-PA, dos jornais A Palavra, Voz de Nazareth, Folha do Norte, O Jornal, O Legionário, Correio de Belém e Jornal de Manaus, datados de 1913 a 1952. Como interlocutores contamos com colaboração dos moradores da cidade de Belém: Zenóbia Araújo, professora aposentada; Ápio Campos, professor universitário; o artista Cláudio Barradas e ainda o conterrâneo Gérard Daeren. Neste trabalho também foram transcritos e analisados os artigos: Jano, Janotas, Janeiros, publicado na Folha do Norte em 1º de janeiro de 1951; e o capítulo de 15 de janeiro de 1950 do folhetim epistolar Carta a Nhá Xandoca, publicado em A Palavra.

RESULTADOS:
O principal resultado deste trabalho foi o resgate da memória de Dubois, que mesmo com sua bem sucedida trajetória está esquecido hoje. Dubois amou uma terra que não era dele, fundou um jornal onde manipulava um português perfeito e tornou-se uma figura pública muito conhecida em seu tempo, entretanto mesmo com sua grande influência e prestígio adquirido em sua brilhante trajetória está fadado ao esquecimento. Ao relembrar Dubois não estamos apenas exaltando uma figura que trabalhou pelo desenvolvimento da imprensa no norte e lutou na guerra pelos interesses do seu país natal, mas também estamos mostrando como eram árduos os primeiros momentos da imprensa não só paraense mas de toda região Norte do país.

CONCLUSÕES:
Analisar a produção de Dubois é um convite para aqueles que trabalham com a imprensa reflitam sobre a linha editorial que dão aos ditos jornais e repensem a preocupação que dedicam a recepção dos mesmos. Muitas vezes percebemos, por exemplo, que as folhas religiosas transformam-se em revistas de tratados teológico-doutrinais; outras se tornam essencialmente noticiosas. Que Dubois os ensine a não cair em um dos extremos, mas que saibam respeitar o contrato de leitura estabelecido. A respeito da participação de Dubois em jornais de grande circulação, devemos dizer que ele soube adequar-se aos meios e não limitou seus artigos a alguma temática em especial. Esta participação na impressa belenense se dá no momento em que se determinava a resolução do conflito opinião e isenção. Aparentemente, a isenção foi vitoriosa, e assim nascem as reportagens como as conhecemos. Dubois preferiu a opinião, e por isso o artigo ter se tornado a modalidade que mais caracteriza a sua produção.



Palavras-chave:  memória, Amazônia, Imprensa

E-mail para contato: eduardo.joseph@hotmail.com