60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia

ANÁLISE SÓCIO-ESPACIAL DA ÁREA IMPORTÂNCIA DA FEIRA PARA O BAIRRO DO SÃO FRANCISCO - SÃO LUÍS/MA

Marcio André Ramos Bittencourt1
Jaciene Pereira1
Thayse Cipriano1

1. Universidade Federal do Maranhão - UFMA


INTRODUÇÃO:
O processo de desenvolvimento histórico, cultural, social e econômico da humanidade fundamenta-se nas relações comerciais, pois desde a Antigüidade, os espaços das cidades foram organizados em virtude dessas práticas. Nas últimas décadas o Brasil tem acompanhado um “inchaço” nos centros urbanos, o que se deve, principalmente, à saída da população do campo em direção a esses centros, atraídos pela expectativa de melhoria de vida (êxodo rural e fascínio urbano respectivamente). Nesse sentido, tem-se a migração da força de trabalho do setor primário para os setores secundário e terciário, sobretudo o terciário. Na prática, porém, as realidades se opõem aos conceitos pré-estabelecidos pela teoria. A oferta de emprego geralmente é menor que a procura. O número de vagas oferecidas no setor formal de economia não cresce no mesmo ritmo da mão-de-obra, formando-se um dos principais problemas nos centros urbanos, haja vista que essa parcela da população chega despreparada profissionalmente, encontrando guarida no circuito inferior da economia, o chamado comércio informal. Dentro dessa perspectiva estão as feiras e mercados surgem como vertentes das atividades comerciais, absorvendo grandes massas de trabalhadores, interligando os espaços rurais e urbanos, contribuindo para a distribuição dos mais variados produtos.

METODOLOGIA:
A preocupação com os problemas sócio-ambientais gerados no Mercado do São Francisco despertou o interesse à realização deste estudo e, em concordância a essa abordagem, no percurso da investigação e durante a elaboração da monografia, utilizaram-se os métodos crítico-dialético e fenomenológico, este na observação dos fenômenos que envolvem a dinâmica sócio-espacial da área e aquele na racionalização, ou seja, na combinação de idéias em sentido interpretativo, utilizando o raciocínio que caminha do geral para o particular. Com a finalidade de atingir os objetivos propostos no projeto de pesquisa, utilizou-se como procedimento metodológico as seguintes etapas: • Levantamento e análise de material bibliográfico e cartográfico que dão embasamento teórico crítico ao tema em questão; • Visita a órgãos municipais, coletando dados referente a temática; • Mapeamento da área em estudo com relevante atenção à localização e distribuição das vias de acesso e circulação; • Aplicação de questionários sócio-econômicos com quatro modelos distintos destinados a quatro diferentes grupos de entrevistados, a saber: feirantes, moradores da área adjacentes ao mercado, usuários do mercado e o atual dirigente da Associação; • Atividades de campo, compreendendo o registro do material fotográfico, entrevista com feirantes e ex-feirantes (incluindo a fundadora da feira) e com o dirigente da associação; • Análise e interpretação dos dados e das informações obtidas. O processo de urbanização assumi um anômalo papel associado à repulsa do homem do campo e à atração desse mesmo homem pela cidade, oferecendo dualidade de atuação sobre a cidade.

RESULTADOS:
O processo de urbanização assumi um anômalo papel associado à repulsa do homem do campo e à atração desse mesmo homem pela cidade, oferecendo dualidade de atuação sobre a cidade. Enquanto por um lado a urbanização leva consigo o desenvolvimento, atrelado este à implantação de infra-estrutura, equipamentos e serviços necessários à vida urbana como educação, saúde, saneamento, transporte entre outros, por outro lado se reflete em problemas decorrentes do desordenamento do crescimento. Enquadrando nessa perspectiva o ambiente das feiras e dos mercados, a modificação da paisagem fica por conta do grande acúmulo de resíduos sólidos, assim como restos de alimentos e animais. Na feira do bairro do São Francisco, os problemas com o lixo, os problemas infra-estrutural e higiênico-sanitário não são desconhecidos do poder público, no entanto, faltam ações que visem provir esses ambientes de melhor qualidade ambiental. Quanto aos trabalhadores que dalí retiram o sustento da família, é em grande quantidade advinda do interior do Estado do Maranhão, impulsionados pela busca a melhres condições de vida e melhores empregos. Nota-se também a grande presença feminina e também a forte presença do trabalho infantil. Um fato importante é o de que cerca de 90% dos feirantes têm aquela como única fonte de renda e sustento familiar, sendo que a grande maioria é morador do próprio bairro desmitificando a grandiosidade à qual é atrelado o bairro do São Francisco. A área não possui infra-estrutura adequada, sendo que, tanto frutas verduras e hortaliças, quanto carnes e pescados ficam expostos nos balcões recebendo o “toque direto” dos feirantes e dos consumidores.Tem ainda a questão sanitária e paisagística do ambiente, as quais são prejudicadas devido à quantidade de sujeira que fica disposta no local e ainda o forte cheiro que fica impregnado no ambiente alastrando-se pelo mesmo, sobretudo no setor de carnes e pescados assim como na área de deposição dos resíduos produzidos no local. Tem ainda a precariedade das instalações elétricas e do fornecimento de água para o local, o que deixa ainda mais dúvidas acerca da qualidade dosprodutos alí aferecidos.

CONCLUSÕES:
O crescimento desordenado de São Luís, conseqüência principalmente do êxodo rural no sentido interior – capital, tem contribuído para o aumento do número de favelas, o conseqüente aumento da violência, assim como do desemprego e do subemprego, como também tem contribuído para a hipertrofia do setor de serviços e ainda o desmatamento irracional de áreas verdes da Ilha, comprometendo o meio físico e social. Esse contingente populacional, na maioria de baixa qualificação educacional, aumenta gradativamente o número de empregos informais e/ou de subempregos contextualizando as feiras e mercados como alternativas de renda e sustento familiar para essa mão-de-obra barata e desqualificada, pois o seu funcionamento, não exige grandes formações. O Mercado e a feira do São Francisco não configuram, em termos de importância, ser dos principais da Ilha do Maranhão, no entanto absorve grande quantidade de trabalhadores incrementando o crescimento sócio-econômico do Município, sendo esse um papel importante para o bairro do São Francisco. Diante de todos os problemas ressaltados vale salientar o quanto esse estabelecimento é importante para o desenvolvimento sócio-econômico de São Luís, bem como para parcela da população de outros municípios da Ilha, haja vista a grande circulação de capital nesse espaço, as oportunidades de empregos e geração de renda.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Comércio informal, Higiênico-sanitário, Sócio-econômico

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