60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

O Aqüífero Guarani, o terceiro maior do mundo, abrange área da ordem de 1,2 milhões de km². Constitui imenso manancial que engloba amplos territórios do Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. O projeto de iniciação científica surgiu de algumas indagações sobre quantas pessoas sabem o que é um aqüífero, quantas já viram modelos de aqüíferos e, dentre as que sabem em que consiste, quantas sabem como conservá-lo. A idéia central do projeto é confeccionar um modelo tridimensional do aqüífero que seja de fácil interpretação e possua caráter científico, pois se sabe que no Brasil há grande déficit de publicações didáticas em Português, voltadas para temas relacionados a Geociências. Os dados obtidos para construção do modelo restringiram-se à área da Bacia do Paraná em território brasileiro; dentro dessa delimitação encontram-se os limites do Aqüífero. Concluída a fase de produção do modelo, outro objetivo do projeto é gerar trabalho de divulgação sobre uso de águas subterrâneas, visto que a crescente preocupação sobre poluição hídrica indica ser oportuno conscientizar pessoas em geral acerca da maneira como se devem explotar e utilizar esses recursos.

METODOLOGIA:

Ao longo dos 24 meses de duração do projeto, foram realizadas na fase inicial pesquisa e revisão bibliográfica e aprendizado de conceitos de geologia estrutural e estratigrafia, além da assimilação de técnicas necessárias para manipulação do software ArcGis, utilizado para desenvolver a representação tridimensional. Na segunda fase começou a elaboração do modelo 3D em computador, a partir de mapas de isópacas das formações geológicas da Bacia do Paraná, extraídos de Almeida 1981 (Tectônica da Bacia do Paraná no Brasil). As cartas foram georreferenciadas e digitalizadas; a partir de cada uma delas criou-se um modelo TIN, para chegar ao modelo tridimensional. Entretanto, como os dados não eram cotas, e sim isópacas, que constituem valores de iso-espessura, o software não foi capaz de reconhecer as camadas no momento de agrupá-las para obter o resultado final. Diante do problema, decidiu-se reorientar o projeto, adotando-se a estratégia de elaborar manualmente os mapas de contorno estrutural, e extrair dados de cotas de topo e base das unidades de interesse e posteriormente reiniciar o trabalho no computador. Os mapas em papel serão escaneados, georreferenciados, digitalizados e gerarão modelos TIN. O agrupamento de todas as camadas permitirá obter o modelo tridimensional.

RESULTADOS:

A produção até o momento consistiu na fase de pesquisa sobre camadas da Bacia do Paraná que comporão o modelo digital, as quais são: Embasamento, Sedimentos Pré-Lava, Formações Serra Geral, Pirambóia e Botucatu. Em ambiente computacional foi montada uma base de dados da Bacia do Paraná em ArcGis, contendo informações gerais. Foram aprimorados os mapas de isópacas das referidas camadas da Bacia. Uma alternativa para realização do projeto teria sido aproveitar dados primários de perfis de poços profundos da Bacia do Paraná; entretanto, não foi possível obter informações em órgãos como ANP, Petrobras e CPRM. Utilizaram-se portanto apenas dados de trabalhos já publicados. Na nova etapa as informações desembocam na construção de mapas de contorno estrutural tendo como base o mapa de contorno estrutural do embasamento divulgado por IPT 1981, parcialmente reproduzido no livro Origem e evolução de bacias sedimentares, de Milani e Gabaglia 1991, editado pela Petrobras. Os mapas de isópacas das outras camadas são somados a ou subtraídos deste. A informação final são curvas de cotas de cada horizonte. O software ArcGIS é limitado para tratar mapas de isópacas, mas reconhece este tipo de informação; o modelo tridimensional poderá ser gerado neste programa.

CONCLUSÕES:

As limitações do software ArcGIS para tratamento de mapas de isópacas impuseram dificuldades intransponíveis para concretizar o projeto, utilizando apenas esse programa. Existem softwares especializados, comerciais, que poderiam auxiliar no tratamento de dados, mas a alternativa é contrária à idéia do projeto de gerar material de uso livre e de fácil acesso a terceiros. Por outro lado, o empenho na pesquisa foi e continua sendo recompensado, pois houve bom aprendizado geológico, acerca de mapas de isópacas e de contorno estrutural, e outros conhecimentos absorvidos na pesquisa, além de ter-se aprimorado na área computacional. O trabalho final é composto por artigo de divulgação sobre o Aqüífero Guarani e utilização de águas subterrâneas e um modelo tridimensional a ser divulgado na web. Além do trabalho, cabe destacar a elaboração de três mapas de contorno estrutural da Bacia do Paraná.

Instituição de fomento: PIBIC-CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Divulgação científica, Aqüífero 3D, Modelo tridimensional

E-mail para contato: viviborgo@gmail.com