60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)

A ÉTICA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR: UMA INVESTIGAÇÃO A RESPEITO DA CONSTRUÇÃO DA COMPETÊNCIA MORAL

Maria Cristina Ribeiro da Silva1
Patricia Unger Raphael Bataglia2
Maria Rita Aprile3

1. Faculdade de Pedagogia - Instituto de Educação da UNIBAN
2. Profa Dra - Mestrado em Reabilit. Vestib. e Inclusão Social - UNIBAN - Orient.
3. Prof. Dra. - Mestrado em Reabilit Vestib e Inclusão Social - UNIBAN - Co-orient.


INTRODUÇÃO:
Este estudo é parte de um projeto de pesquisa sobre a Construção de Competência Moral na Formação de Profissionais. Conforme Lawrence Kohlberg (1964), a Competência Moral corresponde à capacidade de emitir juízos morais e agir de acordo com tais juízos. Embora a construção dessa competência se dê ao longo da vida, a formação universitária teria como parte de seus objetivos influenciar os futuros profissionais no desenvolvimento dessa capacidade reflexiva por meio da teoria e da técnica trabalhadas, ao longo dos anos de estudo. No caso da formação do professor, essa necessidade é ainda mais premente, posto que é o profissional que trabalhará mais diretamente com a formação de crianças e adolescentes que constituirão a sociedade do futuro. Os currículos acadêmicos tradicionais não contemplam a construção da competência moral, entretanto o ambiente acadêmico pode ser estimulante da reflexão e da assunção de responsabilidades. O objetivo deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento da competência moral em estudantes universitários do curso de Pedagogia utilizando o Teste de Juízo Moral (Moral Judgment Test - MJT), validado para a língua portuguesa por Bataglia (2001). Este teste tem sido usado em pesquisas sobre a influência do ambiente na construção da competência moral.

METODOLOGIA:
Todos os alunos do curso de Pedagogia do período matutino de uma universidade privada de grande porte, localizada em um município da Grande São Paulo, foram convidados a participar da pesquisa, respondendo a um questionário não identificado sobre dilemas morais. O questionário utilizado foi o Teste de Juízo Moral (Moral Judgment Test – MJT), que inclui três dilemas a respeito de situações sociais. O primeiro deles envolve uma situação de roubo, o segundo, de eutanásia e, o terceiro, de tortura. O dilema é caracterizado por apresentar uma situação em que dois princípios igualmente universalizáveis e incompatíveis são colocados em jogo. Os testes foram analisados e os resultados são apresentados no próximo item. O critério de exclusão foi unicamente a recusa dos participantes em assinarem o termo de consentimento esclarecido.

RESULTADOS:
Participaram da pesquisa um total de 102 alunos. Destes, 68 eram do primeiro ano, 19 do segundo ano e 15 do terceiro ano. Em relação ao número total de alunos do curso analisado, esses números representam as seguintes porcentagens: 100% dos alunos de primeiro ano, 35% dos alunos de segundo ano e 31% dos alunos de terceiro ano. O MJT tem uma variação possível de 0 a 100. Cohen (1977; 1988; 1994) estabeleceu limites de classificação dos valores do MJT da seguinte forma: C é considerado baixo quando varia de 1 a 9; médio de 10 a 29; alto de 30 a 49 e, muito alto, quando acima de 50. As médias encontradas foram: 10,85 no primeiro ano; 10,3 no segundo ano e 11,8. A variação considerada significativa se localiza acima de seis pontos (Lind, 2000). Assim, durante a formação dos alunos da amostra considerada, não houve influência do ambiente acadêmico na construção da competência moral. As porcentagens tão variadas do primeiro para os outros anos pode ter influenciado as médias, mas as porcentagens de participantes do segundo e terceiro anos são muito parecidas (35 e 31) e, ainda assim, não houve diferença significativa entre as médias.

CONCLUSÕES:
As informações obtidas destacam que a ausência de reflexão a respeito de teorias e conceitos cria entre os alunos um indiferentismo moral, por outro lado, a forma como estes são transmitidos impõe todo um cuidado para que não assumam um caráter ideológico e, conseqüentemente, induzam os futuros professores à alienação e à heteronomia. O educador, como orientador e mediador em relação à disseminação de conteúdos e desenvolvimento da competência moral, deve se constituir membro de um contrato social democrático e se inserir na comunidade acadêmica não só com a função de transmitir informações aos alunos, mas sobretudo comprometer-se com o desenvolvimento da capacidade reflexiva. Esta pesquisa, feita ao longo do ano de 2007, indicou a necessidade de se pensar em uma forma efetiva de integrar e vincular a construção da ética à formação do professor, a quem cabe o desenvolvimento e a internalização de conceitos por meio de práticas e vivências, respeitando a capacidade de assimilação e especificidades dos alunos. Mesmo sem estabelecer soluções definitivas, haja vista a propriedade inesgotável do tema, indicou a necessidade de propor hipóteses de práticas viáveis e funcionais para a implementação de um programa que possibilite a construção dessa ética.



Palavras-chave:  ética, formação do professor, competência

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