60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública

RESISTÊNCIA BACTERIANA: USO E DESCARTE DOS RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS

Bárbara Milena Rambo Geller1
Deiva Sidonia Eberhardt1
Arnildo Korb1, 2

1. Departamento de Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC
2. Prof. Ms. Orientador


INTRODUÇÃO:
O desenvolvimento de cepas bacterianas multirresistentes a diferentes antimicrobianos tornou-se um problema de Saúde Pública mundial, limitando o tratamento de infecções comunitárias e hospitalares, contribuindo com o aumento nos índices de morbidade, mortalidade e gastos com serviços de saúde. A resistência bacteriana desenvolve-se principalmente pela deficiência em saneamento básico, uso incorreto de antimicrobianos e do descarte inadequado de resíduos, devido especialmente a falta de informação. Com base nessas preocupações foi realizada a pesquisa, objetivando saber se a população usuária de antibióticos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde possuía conhecimentos sobre a questão da resistência bacteriana e pesquisar se as mesmas utilizaram e seguiram corretamente as recomendações relacionadas ao tratamento com antimicrobianos, e em caso negativo, qual foi o destino dado aos resíduos. A análise dos dados revelou a necessidade do desenvolvimento de ações educativas efetivas por parte dos profissionais da saúde, relacionadas a educar a população para a promoção da saúde, através da mudança de hábitos e costumes inadequados, além da necessidade de orientá-las para o uso correto dos antimicrobianos, como forma de evitar o desenvolvimento da resistência bacteriana.

METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo descritivo desenvolvido com clientes atendidos por uma Unidade Básica de Saúde do município de Palmitos, Oeste do Estado de Santa Catarina, que receberam antibióticos entre os dias 05 á 29 de novembro de 2007, após consulta médica e diagnóstico provável de infecção. A partir do levantamento dos prontuários, a amostra inicial foi formada por 61 clientes, sendo que 50 deles foram localizados para a aplicação dos formulários realizada entre 3 a 13 de dezembro de 2007, em visita aos domicílios, onde 24 clientes eram residentes da zona rural e 26 da zona urbana. O formulário possuía questões referentes ao tratamento com antibiótico, entre elas, o cumprimento das orientações fornecidas pelos profissionais da saúde, o destino final dos resíduos de antibióticos, o conhecimento por parte do usuário da existência da resistência bacteriana e do seu interesse em conhecer o assunto. Após a coleta dos dados, realizou-se uma análise quantitativa, com cálculos de porcentagem para verificar as informações coletadas.

RESULTADOS:
Tabulados e analisados os dados constatou-se que: 1. Dos entrevistados 66% seguiram corretamente as orientações sobre o tratamento com o antibiótico, referentes ao tempo, horário e dose; 34% dos usuários não seguiram as orientações, interrompendo o tratamento após o desaparecimento do quadro clínico da doença, ocorrência de reações adversas ou dificuldades de uso. 2. Apenas 40% admitiram que receberam orientações na Unidade Básica de Saúde, sobre a importância de realizar o tratamento corretamente e riscos de interrompê-lo. 3. Entre os usuários que interromperam o tratamento, conseqüentemente geraram-se restos de antibióticos. Com isso, 88,2% guardaram em casa e 11,8% descartaram os resíduos no esgoto ou no lixo. 4. Quanto ao tema da resistência bacteriana, 76% dos usuários não possuem conhecimento sobre o assunto. Já 24% alegaram ter alguma informação, mas não sabiam responder exatamente do que se trata. 5. Dos entrevistados 98% demonstraram interesse em obter informações sobre o assunto e 2% consideraram desnecessárias. Percebeu-se que a formação de resíduos de antibióticos nos domicílios é uma realidade e que a população não conhece as conseqüências negativas. Os resultados apontam a necessidade de maiores discussões e investimentos em pesquisa e educação.

CONCLUSÕES:
O reconhecimento de que parte da população interrompe o tratamento com antibiótico sem motivo justificável, implica admitir que ela não possui informação e noção das conseqüências a curto e médio prazo, do agravamento da resistência bacteriana. Neste sentido, verificou-se certo distanciamento entre as orientações transmitidas pelos profissionais de saúde e a compreensão pela população sobre o uso correto dos antibióticos. Contatou-se também, que existe um distanciamento no país entre a legislação para tratar do descarte final dos resíduos de antibióticos, com a realidade da população, pois essa legislação não contempla medidas de descarte no domicílio, mas apenas estabelecimentos de saúde, locais de comercialização e produção destes fármacos. Os elementos apurados na pesquisa, inédita na região, indicam uma realidade preocupante que é o uso inadequado e descarte incorreto dos resíduos de antibióticos. Os resultados fornecem argumentos suficientes para a implementação de políticas sociais e educacionais no Oeste do estado de Santa Catarina, bem como em outras regiões do estado e do país que possam amenizar o processo da resistência bacteriana.

Instituição de fomento: Universidade do Estado de Santa Catarina- UDESC

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Resistência bacteriana, Antibióticos, Educação em saúde

E-mail para contato: barbara_geller@hotmail.com