60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia

PREVALÊNCIA DA HEPATITE A E CONDIÇÕES SANITÁRIAS EM ESCOLARES DE SÃO LUÍS-MA

Márcia Andréa Costa Gomes1, 2
Larissa Cruz Coelho2
Natália Nunes Gonçalves2

1. Gastropediatra, Mestre em Medicina pela UFMA / Orientadora
2. Centro Universitário do Maranhão (UNICEUMA)


INTRODUÇÃO:
A hepatite viral A (HVA) é a causa mais comum de hepatite aguda viral no mundo. A principal rota de transmissão é a fecal-oral, sendo os níveis de higiene e condições de vida a mais importante influência na incidência da doença. Desta forma, a infecção evolui de forma paralela à transformação sócio-econômica das regiões. Desde a década passada, o padrão de infecção do vírus da hepatite A vem mudando sobremaneira, restringindo a infecção a grupos de risco em países industrializados, ou mesmo retardando-a para idades mais avançadas nos países em desenvolvimento. Contudo, nos países subdesenvolvidos, a infecção pelo vírus A continua a ser alta na primeira infância, chegando a atingir por volta dos dez anos, taxas de prevalência em torno de 90%, o que confirma ainda ser um problema de saúde pública em muitas partes do mundo. No Brasil, a real prevalência da hepatite A permanece desconhecida, entretanto, são vários os relatos de dados de prevalência desta infecção, revelando padrões variáveis de endemicidade que se mostram elevados nas regiões norte, nordeste e centro-oeste, com índices menores à medida que se desce no mapa do país. O trabalho busca avaliar a prevalência da hepatite A e os fatores de risco relacionados às condições sanitárias de escolares no município de São Luís-MA.

METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada em 462 escolares de trinta escolas no município de São Luís-MA, no período de Setembro a Dezembro de 2003. Foram registrados, em questionário padronizado, dados de identificação e características sócio-demográficas como: nome da escola e do indivíduo, sexo, idade, endereço, disponibilidade de água encanada, rede de esgoto, banheiro em casa, n de banheiros em casa. Foram incluídos aqueles escolares cujos responsáveis legais assinaram o termo de consentimento informado livre e esclarecido. O antiVHA-IgG foi testado através do método de enzimaimunoensaio (ELISA) com micropartículas. O reagente utilizado foi do laboratório Abbot. Para fazer análise multivariada com o objetivo de identificar variáveis independentemente associadas à prevalência, foi realizada Análise de Regressão Logística com resultados apresentados na forma de OR com seus respectivos Intervalos de Confiança de 95% (IC 95%).

RESULTADOS:
Dos 462 escolares estudados, 53% eram do sexo masculino e a idade variou entre 7 e 14 anos. A taxa de soroprevalência da positividade do antiVHA-IgG foi de 64%. Observaram-se maiores taxas de prevalência nas faixas etárias mais elevadas. A positividade do antiVHA-IgG mostrou-se maior nos escolares que não possuíam sistema de água encanada em suas residências. Demonstrou-se uma maior proporção de escolares imunes à hepatite A entre aqueles que não possuíam ou tinham apenas um banheiro em suas residências. Observou-se, também, que a maioria das residências dos escolares imunes não possuía tratamento de esgoto.

CONCLUSÕES:
Com base neste estudo, pode-se inferir que a hepatite A é endêmica em São Luís, com taxas de prevalência entre os escolares iguais à encontrada em outras regiões do país com condições sócio-econômicas e sanitárias semelhantes e que fatores historicamente associados a sua maior prevalência também foram confirmados nesta população. Estas informações são de fundamental importância para a formulação de programas de educação continuada especialmente nas escolas, com orientações sobre hábitos de higiene pessoal e ambiental e os cuidados básicos de saúde como a manipulação da água e dos alimentos, além de medidas que podem levar a um controle efetivo da infecção pelo VHA como imunização, melhoria no saneamento ambiental, educação pública e abastecimento adequado de água.



Palavras-chave:  Hepatite A, Prevalência, Fatores de risco

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