60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 2. Cirurgia

AUMENTO TRANSITÓRIO DA CREATININA APÓS PARATIREOIDECTOMIA: UMA AÇÃO FISIOLÓGICA EVASIVA DAS GLÂNDULAS PARATIREÓIDES?

Fábio Luiz de Menezes Montenegro1
Gustavo Fernandes Ferreira2
Delmar Muniz Lourenço Jr3
Luiz Estevan Ianhez2
Alberto Rosseti Ferraz1
Anói Castro Cordeiro1

1. Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, LIM 28, Hospital das Clínicas, USP
2. Unidade de Transplante Renal, Divisão de Urologia, Hospital das Clínicas, USP
3. Disciplina de Endocrinologia, Hospital das Clínicas, USP


INTRODUÇÃO:
Estudos recentes têm indicado que paratireoidectomia está associada à piora aguda da função renal medida pela creatinina, em pacientes transplantados renais com hiperparatireoidismo persistente O presente estudo pretende analisar as possíveis evidências de variação da função renal, medida pela creatinina no sangue, após diversas operações em cirurgia de cabeça e pescoço e sua possível correlação com a redução aguda da função paratireóidea.

METODOLOGIA:
Estudo retrospectivo da variação percentual da creatinina (deltaCr%) no pós-operatório precoce de pacientes submetidos a paratireoidectomia em comparação à variação em paciente submetidos a outras operações na cirurgia de cabeça e pescoço. O deltaCr% foi calculado através da fórmula [Cr(após) – Cr(antes)]/Cr(antes). Uma variação positiva indica piora da função renal. Os grupos analisados foram: paratireoidectomia em transplantado renal (tHPT), paratireoidectomia em hiperparatireoidismo primário (pHPT), tireoidectomia total(TT), lobectomia da tireóide (L), grandes operações por câncer de cabeça e pescoço (TuCCP) e transplantados renais operados por tumores da área de cirurgia de cabeça e pescoço( TX Renal).

RESULTADOS:
O número de casos avaliados (n) e valores mínimos (min), máximos (max), da média, a mediana e desvio-padrão (dp) da variação da creatinina foram, respectivamente: paratireoidectomia em transplantado renal (n=41, min= -33,3%, max= +172,5%, média= +40,75%, mediana=+30%, dp=40,5%), paratireoidectomia em hiperparatireoidismo primário (n=118, min= -20,2%, max= +304,5%, média= +31,96%, mediana=+27%, dp=40,7%), tireoidectomia total(n=47, min= -33,75%, max= +88,9%, média= +11,88%, mediana=+4%, dp=26,2%), lobectomia da tireóide (n=9, min= -8,0%, max= +95,31%, média= +10,92%, mediana=-1,0%, dp=32,2%), grandes operações por câncer de cabeça e pescoço (n=55, min= -36,56%, max= +74,29%, média= -3,13%, mediana=-5,0%, dp=21,4%) e transplantados renais operados por tumores de Cabeça e Pescoço(n=7, min= -28,0%, max= +38,0%, média= -2,71%, mediana=-6,0%, dp=22,2%). Quando todos os grupos foram comparados pelo teste de Kruskal-Wallis, p foi menor 0.0001. Através do teste de comparações múlitplas de Dunn, houve diferença significativa entre tHPT e Renal TX (p<0.05), tHPT e TuCCP (p<0.001), tHPT e TT (p<0.01), pHPT e TT (p<0.05), pHPT e TuCCP (p<0.001). Na maioria dos casos, a variação foi clinicamente silenciosa e transitória. Esses resultados parecem indicar variações agudas da função renal, medida pela creatinina sérica, em pacientes com redução aguda da função paratireóidea. Estudos do efeito fisiológico e fisiopatológico das glândulas paratireóides no rim são recomendáveis, com possíveis aplicações clínicas futuras.

CONCLUSÕES:
A redução aguda da função paratireóidea parece determinar uma alteração aguda e transitória da função renal. Essa observação reflete efeito fisiológico evasivo e pouco descrito das glândulas paratireóides.



Palavras-chave:  Rim, fisiologia, Glândulas paratireóides, fisiologia, Insuficiência Renal

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