60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

Percebe-se que na contemporaneidade, com as constantes mudanças sociais, emergem novas possibilidades para abordagem do ensino e da produção artística. Todavia, ao mesmo tempo em que essas transformações atendem aos interesses de uma determinada estrutura social/educacional, introduzem novos desafios aos atores sociais envolvidos nesse processo. Ao encontro deste delineamento, não há como continuar a mercê das transformações, tem-se de fazer com que os valores sociais dos indivíduos juntamente com a contemporaneidade balizem os saberes e concepções no campo do ensino, o que significa dar voz aos sujeitos, considerando seus saberes, seu potencial emancipatório. Assim, ambos, sociedade e indivíduo têm de abarcar um processo coletivo e democrático ao ponto em que a democracia passe a se estabelecer com seus reais pressupostos. Com base nessa perspectiva, da busca da atualização, este projeto objetivou verificar como os docentes do curso de Artes Visuais/licenciatura/Universidade Federal de Santa Maria, participantes das transformações curriculares de 1992, 1999 e 2004, entendem o porquê destas alterações/mudanças. Objetivou igualmente, perceber a importância dessas mudanças para o meio acadêmico (docentes e discentes), bem como, para o ensino e a produção artística.

METODOLOGIA:

Tendo em vista que a pesquisa visou estudar o que pensam os sujeitos sobre suas experiências e concepções, tornou-se adequada, para sua efetivação, uma abordagem qualitativa fenomenológica. Ao encontro deste delineamento, valeu-se do estudo de caso (aqui realizado com três docentes do curso de Artes Visuais/ Licenciatura/ UFSM), tendo como procedimentos de coleta, a apreciação documental e a entrevista semi-estruturada. Ao encontro dos dados averiguados, realizou-se uma análise embasada na Análise do Conteúdo que aconteceu em três etapas: pré-análise, descrição e interpretação referencial. Esses passos possibilitaram verificar as alterações curriculares pelas quais o curso tem passado desde sua gênese até a atualidade dando ênfase nas estruturas curriculares dos anos supra citados. Possibilitou também, verificar algumas concepções e formas de entendimento dos docentes, participantes dessas transformações, perante as novas diretrizes que vinham sendo estabelecidas.

RESULTADOS:

Abarcando a historicidade do Curso de Artes Visuais /licenciatura/UFSM, verificou-se que este apresentou, aproximadamente, sete organizações curriculares da sua gênese à atualidade (1962- 2008). Em uma análise mais profunda, realizada nas organizações curriculares dos anos de 1992, 1999 e 2004, tem-se a presença de categorias como Currículo como imposição; Cultura e realidade local e, Ensino das Artes Visuais como centro de transformação. Estas categorias apresentaram-se fortemente vinculadas ao ideal democrático, à busca de fazer com que os ideais sociais não esbarrem nos interesses de uma elite do poder, de um arbitrário cultural dominante (leis, resoluções governamental), mas faça com que todos os atores sociais compartilhem e construam juntos seus ideais, estabelecendo assim um ensino, uma organização curricular construída na coletividade, na cultura artística e na realidade social do contexto. Desta forma, percebeu-se que normativas organizacionais são importantes sim, mas estas têm de disponibilizar uma maior flexibilização, bem como, maior autonomia das instituições acerca de seus valores sociais, culturais e artísticos. O que parece acontecer, no entanto, segundo os docentes pesquisados, é que estas normativas estão engessando a organização curricular.

CONCLUSÕES:

Pode-se evidenciar então, que este indeferimento da subjetividade do ator social, da cultural e da realidade local causa uma perda no processo de produção e de ensino Artístico, pois os pontos a serem desenvolvidos são exatamente estas aproximações com a realidade social/local. Com isso, ao encontro do que se pretendia com a análise histórica e crítica do Currículo do Curso de Arte Visuais/licenciatura/UFSM, percebeu-se que, as Artes Visuais com seus interesses de autonomia e criatividade apresenta-se ainda em meio a uma realidade de imposições e de recriminações e que estas, em grande medida vêm atravancando o desenvolvimento do processo de aproximação do Ensino com a realidade social e cultural do contexto o qual se insere.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Currículo, Artes Visuais, Cultura

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