H. Artes, Letras e Lingüística - 5. Semiótica - 1. Semiótica
FORMAÇÃO CULTURAL DO PROFESSOR: DESAFIOS E ENTRAVES
KELEN CRISTIANE DOS SANTOS CHACON1 SUAMI PAULA DE AZEVEDO2 CIDMAR TEODORO PAIS3
1. Profª Ms. - SME Mogi das Cruzes/ UBC 2. Prof. Ms. - SEE São Paulo/ UBC 3. Prof. Dr. USP/ UBC - Orientador
INTRODUÇÃO:Se o trabalho escolar é, eminentemente, o da aprendizagem (conforme a atual LDB, Lei 9.394/96) e não somente o do ensino (como era visto antes, Lei 5.692/71 e seguintes), a escola fundamenta-se na educação sistemática (transmissão do cabedal cultural simbólico).
Portanto, o professor deverá compreender o aluno, sujeito de seu ofício, como Ser forjado pela rede de manifestações culturais com as quais se identifica socialmente.
Toda sociedade possui suas peculiaridades, fundadas em pontos culturais, como valores, costumes e tradições, entre outros, que possibilitam a agregação de seus membros entre si, e propiciam a formação identitária local.
Se os professores não possuem tal compreensão, ficam suscetíveis à reprodução irreflexiva dos conteúdos, e com ela, o capital cultural simbólico e as relações de poder e dominação inerentes à Sociedade de Livre Mercado.
Tendo no professor o elemento vital na formação do cidadão, pressupõe-se que ele precisa dominar meios e instrumentos que sirvam a sua ampliação cultural, para possibilitar a seus alunos referências no processo de emancipação sócio-cultural.METODOLOGIA:Esta pesquisa tem como base metodológica a análise qualitativa e quantitativa dos dados obtidos por meio de questionários com questões abertas e fechadas, aplicados a professores de ensino básico das redes públicas municipais e estaduais do Alto Tietê, objetivando verificar a relevância das relações culturais no processo educativo. Suas respostas tabuladas, permitiram os primeiros dados que ensejariam a interpretação sobre a qualidade da formação dos docentes.
Tomando como partida a abordagem de Semiótica das Culturas, formulou-se um octógono semiótico (modelo de Pais) que identificou a ausência do pensamento reflexivo e de fundamentação teórica como cerne imobilizador, base da prática reprodutivista e pouco criativa, existentes no magistério atual.RESULTADOS:Observa-se pelas respostas que há uma crítica generalizada à TV, mas todos, de modo geral, dedicam um número bastante alto de horas como expectadores desse meio. Por outro lado, dificilmente se observa o uso dos recursos da televisão, menos ainda como elemento de crítica em sala de aula. O filme, vídeo ou DVD, são muito pouco usados, quando ocorrem tendem a ser como recurso, para acomodação dos alunos.
Poucos docentes já assistiram a uma peça de teatro profissional, um concerto musical ou uma exposição de artes plásticas. A leitura como lazer quase não é praticada. Mesmo a leitura de jornais e revistas não é prática regular. Poucos participam das manifestações culturais locais, e quando o fazem raramente é por iniciativa própria.
Praticamente todos os cursos de formação continuada se dão sobre aspectos pedagógicos do cotidiano escolar, sendo raro algum tratamento sobre cultura geral. Pede-se que os professores ensinem a ler, mas não se estimula o hábito da leitura nos profissionais. Pede-se que ensinem a escrever, mas pouco se faz para que encontrem na escrita uma forma de expressão pessoal segura, criativa.CONCLUSÕES:Se o professor é elemento vital para a formação do cidadão, isso implica em plena consciência dos processos por que passa, e domínio dos instrumentos culturais de que se serve no seu ofício, tendo ciência dos meios e finalidades (como refere a LDB).
O dispositivo legal é tão somente um “dever ser”, ou seja, não mais que uma proposição virtual, e, não necessariamente, real, pois é sabido que a formação acadêmica tende a sofrer a gestão de redução de custos, a maioria das faculdades de licenciaturas é particular, e oferecem apenas o que a alguns pareceu estritamente necessário.
Retirando-se o que “não parece absolutamente imprescindível”, mantém-se apenas o “técnico”; retirando-se o “supérfluo”, como os elementos culturais, restam suas implicações simbólicas manifestas no invisível cordão de isolamento entre as classes.
Num mundo em que as transformações são rápidas, e as linguagens se reinventam, a escola acomodada é o que pode ser o mais nefasto para o futuro dessa sociedade, pois formata as mentes e relega seus alunos à total exclusão. Como a possibilidade de ruptura com estes modelos de dominação e reprodução partem do pensamento crítico, reflexivo e criativo, faz-se urgente investir na formação cultural do professor, dando a ele elementos para força motriz da mudança.
Instituição de fomento: CAPES
Palavras-chave: formação cultural, professor, octógono semiótico
E-mail para contato: kelen_chacon@yahoo.com.br
|
|