60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial

A MEDIAÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS NA EDUCAÇÃO DE SURDOS

Ricardo Afonso Natividade1
Mônica Cintrão França Ribeiro1

1. Instituto de Ciências Humanas / Universidade Paulista – (UNIP/SP)


INTRODUÇÃO:
A educação de surdos tem sido estudada há muitos anos e diversos métodos foram colocados em prática ao longo desses anos, mas nem todos com sucesso. Existem três teorias de educação de surdos: o oralismo que consiste no uso de aparelhos auditivos e tem como objetivo ensinar o surdo a falar, a comunicação total que une a oralização a sinais gestuais e o Bilinguísmo que faz uso da LIBRAS e do português escrito. Há pouco tempo o Bilingüismo vem sendo aplicado nas salas de aula das escolas de surdos, porém, por ser um assunto pouco conhecido e com restrita bibliografia, não tem sido trabalhado de forma satisfatória. Este trabalho objetivou investigar a educação de surdos por meio da análise do papel da mediação simbólica do sistema LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) no desenvolvimento psicológico do sujeito. Como fundamentação teórica foi utilizado o conceito vygotskyano de mediação e Zona do Desenvolvimento Proximal A importância deste trabalho é apresentar a relevância da função da linguagem como mediadora do desenvolvimento do pensamento generalizante para compreender o processo de desenvolvimento e aprendizagem do sujeito surdo. É por meio da LIBRAS que o surdo pode se comunicar e, ao ser internalizada, se torna ferramenta do pensamento, permitindo, assim, abstrações.

METODOLOGIA:
O objetivo da pesquisa é estudar de que maneira ocorre o desenvolvimento psicológico do indivíduo surdo a partir da mediação da língua de sinais. Com isso tem-se como proposta observar o aparecimento da fala egocêntrica, investigar se o desenvolvimento do surdo que tem acesso à LIBRAS é igual a do ouvinte, observar se o desenvolvimento cognitivo do surdo se beneficia com o uso da LIBRAS, analisar se o surdo se desenvolve melhor entre outros surdos ou entre os ouvintes, investigar se, usando a LIBRAS como língua natural, o surdo apresenta mudanças em seu desenvolvimento psicológico e analisar se a educação de surdos é feita para os surdos. Foram entrevistados adultos surdos que freqüentam curso de nível superior e alunos surdos (e seus pais) que freqüentam o ensino fundamental na DERDIC, uma escola de surdos mantida pela PUC/SP. Como material foram utilizados questionários pré-formulados, provas pedagógicas, testes referentes à fala egocêntrica e mediação, vídeo filmadora e material escolar.

RESULTADOS:
Para a maioria das pessoas, inclusão é estar “junto”, poder fazer as mesmas coisas que todas as pessoas ditas “normais” fazem. Mas a verdadeira inclusão é a social, que tem como objetivo preparar o indivíduo para se adaptar à vida na sociedade. É preocupante que algumas pessoas ainda tenham a idéia errada de inclusão, principalmente quando se tratam de médicos, professores, políticos ou quaisquer pessoas que possam ter alguma influência no desenvolvimento desses indivíduos. Um adulto surdo entrevistado salientou a importância da criança surda estudar em uma escola própria de surdos porque, tão importante quanto a educação nessa fase, é o aprendizado de uma língua e de uma cultura própria. Isto é essencial para uma completa formação do indivíduo surdo. Ele destaca ainda que a oralização é insuficiente e um processo demorado para o aprendizado de uma língua em se tratando de pessoas surdas. A comunicação se dá em um nível muito mais completo com a LIBRAS. É de extrema importância que existam profissionais capacitados para lidar com os alunos surdos e, também, profissionais surdos no processo de desenvolvimento psicológico e cognitivo do indivíduo surdo que precisa lidar com o fato de ser tão capaz quanto um ouvinte de desempenhar as mais diversas funções dentro de sua sociedade.

CONCLUSÕES:
Essa pesquisa encontra-se em andamento e, como conclusões parciais, observa-se a necessidade que o sujeito surdo tem de pertencer a uma cultura própria faz com que ele precise aprender desde o nascimento a língua de sinais, para que possa ter um desenvolvimento psicológico compatível com a do ouvinte. A exposição tardia à LIBRAS não caracteriza de imediato um atraso intelectual mas, como o desenvolvimento do pensamento generalizante só se dá com o desenvolvimento da linguagem, este carece de um sistema simbólico que possa fazer a mediação para o pleno desenvolvimento intelectual e cognitivo do indivíduo. Em especial no caso de nati-surdos, a língua de sinais se mostra o sistema mediador mais adequado para o desenvolvimento da linguagem e, conseqüentemente, do pensamento.

Instituição de fomento: Vice-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Paulista – UNIP

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  língua de sinais, mediação simbólica, inclusão

E-mail para contato: ricardo.natividade@bol.com.br