60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências

REGIME HIDROLÓGICO DO BAIXO CURSO DO RIO IVINHEIMA/ CENTRO SUL DO BRASIL

Anelise Passerine de Castro1
Camila Oyama1
Paulo César Rocha2

1. Graduandas de Engenharia Ambiental - FCT/UNESP
2. Prof. Dr. Dpto Geografia - FCT UNESP/Orientador


INTRODUÇÃO:
O Regime Hidrológico de uma área caracteriza-se por ser um fenômeno global de circulação fechada da água entre a superfície terrestre e a atmosfera. Na fase terrestre, as regiões hidrológicas de maior importância são as Bacias Hidrográficas, drenadas por um curso ou sistemas d’água tal que toda vazão efluente seja descarregada através de uma simples saída. O curso d’água, também denominado rio, é o enfoque deste estudo. O baixo curso do rio Ivinheima, centro sul do Brasil é caracterizado por possuir o período de cheia entre os meses de dezembro e março, e de vazante entre os meses de abril e novembro. Em seu baixo curso, este rio apresenta passagem de um sistema meandrante para um sistema anastomosado quando atinge a planície fluvial do rio Paraná. O objetivo deste estudo é avaliar o regime hidrológico do rio Ivinheima e suas interações com o regime das cheias na planície fluvial do Alto Rio Paraná (região de sua foz) durante um ciclo hidrológico. O projeto se mostra relevante por apresentar um enfoque ambiental, considerando que alterações no regime hidrológico podem indicar impactos ambientais existentes na bacia e que o entendimento dos processos de inundação na sua foz subsidiará os estudos ecológicos na planície de inundação.

METODOLOGIA:
Para a avaliação do regime hidrológico do rio, estão sendo utilizados os dados fluviométricos diários da série histórica da estação fluviométrica de Ivinheima (64617000), cujos dados foram fornecidos gentilmente pela Itaipu-Binacional. Para a avaliação dos processos de inundação na planície fluvial, estão sendo realizadas visitas bimensais ao local de estudo para verificação da variabilidade hidrológica no Baixo Curso do Rio Ivinheima. Foi feita também a análise dos dados das estações fluviométricas de Ivinheima, do rio Paraná em Porto São José (64575003), além das medidas dos níveis de água nos canais, obtidas a partir de medidas de réguas linimétricas instaladas na área. O tratamento dos dados do período de janeiro de 2007 a março de 2008 foi efetuado através da aplicação de testes estatísticos, como média, desvio padrão, coeficiente de variação e tendência. No tratamento dos dados bimensais, estão sendo utilizadas a correlação simples e múltipla e análise de agrupamento. Para tanto serão utilizados os softwares “Excel” e “Statistica”.

RESULTADOS:
Os dados da série histórica para o rio Ivinheima (1972-2005) não revelam alterações no seu regime, considerando a análise das magnitudes médias anuais. A vazão média anual foi de 372 m3/s. Pode-se observar, contudo, alta variabilidade do fluxo, dada pelos valores de desvio padrão (178 m3/s) e coeficiente de variação (47,8 %) dos dados diários, quando comparado com o rio Paraná, por exemplo. Considerando os dados da estação fluviométrica de 2007, os valores não ultrapassaram 250cm, conferindo a área um valor suficiente para a manutenção dos corpos aquáticos perenes e transicionais. O mesmo ocorreu até março de 2008, período no qual o nível máximo de água obtido foi de 245,9 cm. Na estação de Porto São José, os níveis em 2007 podem ser divididos em duas fases distintas: a primeira até meados de março, com níveis acima de 600 cm, que representam transbordamento parcial e alagamentos intensos na planície fluvial; a segunda abrangendo o restante do ano observa-se um comportamento praticamente constante, até março de 2008. O que diferencia o regime dos dois rios neste período foram o regime de pulsos, que são mais intensos, demoram mais e ocorrem menos no rio Ivinheima do que no rio Paraná. As medidas de nível bimensais nos canais do sistema acompanharam as variações do rio Paraná.

CONCLUSÕES:
Alguns autores apontam alterações no regime hidrológico de rios da bacia do Paraná a partir da década de 1970. No baixo rio Ivinheima não foram observadas alterações no seu regime hidrológico, contudo, os dados da série são a partir de 1972. Quanto aos efeitos sazonais dos níveis sobre a planície fluvial, pode-se observar que o rio ivinheima desenvolve pulsos de inundação durante o verão, como o rio Paraná. Contudo, durante as outras estações, os pulsos do rio ivinheima tem sido mais intensos do que os do rio Paraná, além de serem também mais lentos e portando com maior duração e ocorrerem em menor quantidade de vezes. Tais pulsos não chegaram a atingir níveis que causam inundação. Nos canais do sistema anastomosado da planície fluvial, os níveis tenderam a oscilar predominantemente em função das variações do rio Paraná, porém é sabido que as seções próximas à foz do rio Ivinheima são também influenciadas por este rio. Assim, permite-se dizer que a periodicidade e intensidade dos pulsos dos rios Ivinheima e Paraná tem grande influencia nos níveis de água nestes canais.

Instituição de fomento: CNPq /CT-Hidro

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Regime Hidrológico, Ivinheima, Planície Fluvial

E-mail para contato: anepasserinecastro@yahoo.com.br