60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências

DINÂMICA ESPACIAL DE VARIÁVEIS LIMNOLÓGICAS EM CANAIS DA PLANÍCIE FLUVIAL DO ALTO RIO PARANÁ

Camila Oyama1
Anelise Passerine de Castro1
Paulo César Rocha2

1. Estudante do curso de Engenharia Ambiental - FCT/Unesp
2. Prof. Dr. - Departamento de Geografia - FCT/Unesp - Orientador


INTRODUÇÃO:
O importante papel desempenhado pelos níveis de água na manutenção da estrutura e funcionamento dos sistemas rios-planícies de inundação permite afirmar que a análise do regime hidrológico dos rios associados a esses ecossistemas ocupa papel central na interpretação de seus processos ecológicos (Thomaz et al, 1997). Do ponto de vista de processos fluviais, as planícies de inundação são tomadas como feições deposicionais do vale dos rios, associadas a um clima particular ou ao regime hidrológico da bacia de drenagem (Rocha & Rocha, 2007). Estas planícies são compostas por um grande número de ambientes aquáticos, podendo-se destacar canais secundários, ressacos, distributários com características de habitats semi-lênticos e lagoas temporárias e permanentes. Apresentam ainda uma considerável variabilidade quanto às características limnológicas, que está associada ao grau de conexão (ou isolamento) com os rios, ao potencial de ação do vento (fetch), profundidade, e, primariamente, ao regime hidrológico dos rios (Agostinho et. al, 2000, Rocha, 2003). Nessa ótica, este trabalho tem como objetivo avaliar os padrões espaciais das características limnológicas nos canais secundários da Planície Fluvial do Alto rio Paraná, entre a UHE Porto Primavera e a região da foz do rio Ivinheima.

METODOLOGIA:
A área de estudo compreende um trecho da planície fluvial do alto rio Paraná, constituída de um mosaico de ambientes lóticos (canais principais, como o rio Paraná e o rio Ivinheima), semi-lóticos (como o baixo rio Baía, canal Ipoitã e canal Corutuba) e lênticos (diversas lagoas), relictos de um padrão de canal anastomosado parcialmente reativado pela drenagem atual do rio Paraná e Ivinheima. Os trabalhos de campo foram realizados bimensalmente, em dez seções predeterminadas, respeitando-se o ciclo hidrodinâmico. As variáveis limnológicas (pH, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, transparência da coluna d’água e turbidez) foram obtidas através de medidas diretas de campo utilizando-se dos aparelhos digitais: pHmetro, condutivímetro, oxímetro, disco de secchi e turbidímetro. Já os níveis hidrométricos são obtidos por leituras de réguas linimétricas dos canais em estudo e os dados das estações hidrométricas de Porto São José e Ivinheima. Posteriormente os valores obtidos em campo foram tabulados em planilhas e o comportamento espacial das variáveis pôde ser interpretado através de leituras de análises estatísticas de correlação múltipla e de agrupamento obtidas com o auxílio dos softwares "Excel" e "Statistica".

RESULTADOS:
Os resultados da análise de agrupamento e de correlação indicam a presença de ambientes homogêneos, por apresentarem características semelhantes nos valores das variáveis e outros isolados por apresentarem aspectos distintos. As variáveis que distinguiram as seções isoladas foram a velocidade do fluxo, quantidade de sedimentos e profundidade. Contudo pôde-se identificar na análise de agrupamento 2 grupos de maior destaque, que possuíram comportamentos semelhantes: 1) formado pelas seções 3 (Ivinheima/Montante), 4 (Ivinheima / Lagoas) e 5 (Ivinheima/Jusante) e; 2) identificado pelas seções 1(Paraná/Porto São José-PR), 6 (Canal Ipoitã/saída), 8 (Baía/saída) e 10.(Canal Corutuba/entrada). Notou-se que os ambientes conectados ao Rio Paraná (grupo 2 – exceto a seção 10) foram os que apresentaram maiores valores de condutividade elétrica e principalmente, valores muito superiores de transparência da coluna d’água. Através do agrupamento e da correlação múltipla para as variáveis, observou-se também a alta correlação inversa entre a Transparência da coluna d’água e a Turbidez, assim como correlação inversa entre as Temperaturas da água e o Oxigênio Dissolvido (OD), e correlação direta entre o pH e a Condutividade Elétrica.

CONCLUSÕES:
Com o presente trabalho, conclui-se que os ambientes da planície fluvial que mantinham conexão direta com o rio Paraná apresentaram homogeneização dos seus parâmetros limnológicos, de modo a adquirir características semelhantes a esse rio. Isso ocorreu devido à hidrodinâmica do ambiente, na qual a entrada das águas do rio Paraná na planície é realizada através dos canais Ipoitã (seção 6) e do Baía (seção 8), quando em níveis fluviométricos próximos à média. Notou-se também que as características mais determinantes da homogeneidade nesses ambientes foram a transparência da coluna d’água, a turbidez, o oxigênio dissolvido, as temperaturas (da água e do ar) e o pH, tornando as seções parecidas quanto a estas variáveis limnológicas. Quanto ao relacionamento entre as variáveis, foi possível destacar que o OD teve seus valores condicionados pelas Temperaturas da água, forte relacionamento do pH com a Condutividade Elétrica, além da influência da Turbidez sobre a Transparência da coluna d´água.

Instituição de fomento: CNPQ – CT Hidro

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  planície fluvial, rio Paraná, limnologia fluvial

E-mail para contato: camioyama@gmail.com