60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública

ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS NO MUNICÍPIO DE ITAPIPOCA, CEARÁ.

Wadson Alan de Melo e Frota1
Maria Edineide Costa dos Santos1
Wladia Débora Thelmos Gonçalves1
Daniel Cassiano Lima1, 2

1. Universidade Estadual do Ceará; Faculdade de Educação de Itapipoca (UECE-FACEDI)
2. Professor Ms.- Curso de Ciências Biológicas - Orientador


INTRODUÇÃO:
Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas produtoras de substâncias tóxicas, associadas a um aparelho inoculador, por onde a peçonha passa ativamente. Os acidentes causados por eles estão entre os principais problemas de saúde pública dos países tropicais, devido à alta freqüência com que ocorrem e pela mortalidade que ocasionam. No nordeste brasileiro, devido às condições do semi-árido e carência nos recursos destinados à saúde, este problema tende a ser intensificado, dando margem a tratamentos caseiros impotentes na maioria das vezes. Além disso, nem todas as ocorrências chegam a ser registradas pelos órgãos públicos, e quando feitas, dificilmente identificam de forma segura os causadores dos acidentes, mascarando as reais estatísticas das ocorrências. O município de Itapipoca localiza-se a 140 km de Fortaleza, e é sede da microrregião que envolve ainda os municípios de Trairi e Amontada. Em Itapipoca, no ano de 2006, uma mulher do Distrito de Betânia foi vítima de acidente por serpente, reacendendo a polêmica relação entre o homem e os animais peçonhentos. Este trabalho apresenta os casos de ofidismo, escorpionismo e aracneísmo registrados pelos órgãos públicos de Itapipoca durante os últimos cinco anos, levantando possíveis problemas da obtenção destes dados.

METODOLOGIA:
Foram analisadas todas as fichas de notificação referentes aos casos registrados de acidentes por animais peçonhentos pela Secretaria de Saúde do Município de Itapipoca, correspondendo ao período do ano de 2003 a fevereiro de 2008. Foram considerados a localidade, gravidade, tratamento e identificação dos animais envolvidos, levando à confecção de um mapa de distribuição dos acidentes.

RESULTADOS:
Registrou-se um total de 43 casos de acidentes por animais peçonhentos, sendo que os anos de 2003 e 2006 apresentaram o maior índice, ambos representados por 11 casos. Do total, 68% corresponderam a casos de ofidismo, 14% de aracneísmo, 9% de escorpionismo, e outros 9% a acidentes causados por outros animais como scolopendromorfos. 53% ocorreram na zona rural, e 35% na urbana, porém 12% não identificavam o local do acidente. Percebe-se que enquanto na zona urbana os casos de aracneísmo ocupam a segunda posição com um total de 27%, na rural este lugar era ocupado pelas escolopendras com 13% de ocorrência. Algo que preocupa é a deficiência na identificação dos animais dos acidentes. Entre 2007 e 2008 há apenas 3 identificações ao nível de gênero, sendo que dos 5 casos de ofidismo deste período, dois foram ocasionados por Bothrops, e um por Micrurus. Os outros casos foram de serpentes não identificadas. Pior é a situação do aracneísmo e escorpionismo, onde nenhum dos animais foi identificado. Este fato é preocupante, uma vez que o tratamento eficaz depende da identificação correta dos agentes causadores. Até 2006 ocorreram apenas 2 casos graves, todos relativos ao ofidismo, e somente uma morte.

CONCLUSÕES:
A maior parte dos acidentes com animais peçonhentos em Itapipoca corresponde ao ofidismo, sendo que a maioria ocorreu na zona rural. Animais como aranhas, escorpiõess e escolopendras também ocasionaram acidentes, sendo que aranhas ocupavam segundo lugar em áreas urbanas e escolopendras na rural. Os animais além de não serem armazenados para referências posteriores, são identificados de forma precária, podendo comprometer o tratamento correto a ser administrado. Embora a maioria dos casos tenham sido considerados de conseqüências leves, 2 foram considerados graves, e apenas uma morte foi registrada durante este tempo. As quantidades levam a acreditar que os números registrados estão aquém dos casos reais, visto a exposição dos trabalhadores aos animais. Provavelmente muitos casos não chegam a serem relatados, talvez devido à falta de informação ou aplicação de medicina tradicional que pode agravar os casos. Sugere-se maior empenho dos órgãos de saúde, bem como treinamento da comunidade para correta identificação e ação ante os casos de animais peçonhentos

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  animais peçonhentos, acidentes, Itapipoca

E-mail para contato: wapk14@yahoo.com.br