60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

O presente trabalho é parte da pesquisa que está sendo realizada no Mestrado em Educação e tem por objetivo investigar as percepções de docentes do ensino superior sobre a utilização de recursos de Educação a Distância em cursos de Graduação presenciais, além das dificuldades por eles encontradas e as possibilidades pedagógicas que essas ferramentas oferecem à prática docente. A relevância do tema vem da constatação de que, embora a implantação da modalidade a distância em cursos de Graduação venha sendo discutida há algumas décadas, ainda vivemos um momento de transição, no qual essa modalidade de ensino é posta em prática paralelamente ao ensino presencial. Nesse contexto, ferramentas utilizadas na educação a distância tendem a ser apropriadas pelos professores no ensino presencial, seja para enriquecer os conteúdos das disciplinas, seja na perspectiva de incremento da participação e interatividade dos alunos em ambientes virtuais. A presente pesquisa, com base em fundamentos de Belloni, Lévy, Pfromm Netto, Valente, entre outros, buscou conhecer as percepções dos docentes do ensino superior em relação às mudanças educacionais proporcionadas pela utilização de ferramentas específicas da modalidade a distância no ensino presencial de Graduação.

METODOLOGIA:

A pesquisa partiu de um estudo exploratório, realizado em 2006, sobre a percepção de docentes que participaram de um curso de formação em EaD, promovido por IES da Baixada Santista, em 2004. Posteriormente, o pesquisador participou de novos cursos nessa modalidade, destinados a docentes de graduação, todos realizados em 2007. Estas atividades permitiram a atualização de dados, a troca de experiências com outros docentes e a ampliação da amostra de pesquisa. Em seguida foi elaborado questionário semi-estruturado, que foi encaminhado aos participantes dos cursos, com objetivo de identificar aspectos sobre a formação pregressa dos docentes, seja acadêmica e em novas tecnologias, os recursos institucionais disponíveis nesse âmbito e a utilização de recursos de EaD em suas práticas em cursos de graduação presenciais. Nesse último caso, o questionário verificava adicionalmente a motivação desses docentes para o uso desses recursos, entre outros itens. As respostas a esse instrumento permitiram a definição de temas que foram incluídos na preparação de entrevistas semi-estruturadas, realizadas com seis desses professores universitários. A partir dessas entrevistas procedeu-se à identificação de categorias de análise, para aprofundamento do estudo.

RESULTADOS:

A pesquisa revelou que o uso de recursos de EaD em cursos de graduação presenciais têm efeitos positivos no que se refere à ampliação do ambiente de aprendizagem no tempo e no espaço. Os docentes constataram que os alunos que participam das atividades propostas em ambientes virtuais tornam-se mais participativos, interativos e críticos, inclusive no ambiente presencial. Porém, nem todo o alunado participa dessas atividades, o que obriga o professor a atuar mediante duas estratégias: uma presencial e outra agregando recursos de EaD. Nesse sentido, a utilização dessas ferramentas adquire o status de recurso de tratamento diferenciado do alunado, segundo expectativas individualizadas. Ocorre que a maioria dos professores entrevistados (5 em 6) usava esses recursos de forma empírica, pois não dispunham de formação em aspectos pedagógicos e tecnológicos das NTIC. Os cursos e informações de que dispunham eram fragmentados, além de não contarem com apoio institucional continuado para o desenvolvimento e análise dessas práticas. Assim, apesar dos resultados positivos, os recursos eram limitados, além de afetados por tensões relativas ao tempo docente, posto que, mesmo para os professores da carreira docente, a utilização desses recursos implicava extrapolação da carga horária formal.

CONCLUSÕES:

As percepções positivas dos professores em relação à utilização de recursos de EaD e NTIC em cursos de graduação presenciais demonstraram que esse modelo híbrido favorece ao atendimento diferenciado do alunado, além de ampliar e flexibilizar o ambiente de aprendizagem. A dinamização dessas práticas, no entanto, requer formação continuada, com apoio tecnológico e pedagógico institucional específico, sobretudo no caso de docentes bacharéis. Uma das soluções apontadas está na criação de núcleos de apoio aos docentes, inclusive no que se refere à preparação de materiais didáticos digitais. É igualmente recomendável a formação de grupos de estudos que propiciem trocas de experiências e reflexões sobre as práticas docentes, que produzam pesquisas a serem socializadas dentro e fora do ambiente institucional. Finalmente, a pesquisa apontou para a necessidade de valorizar as iniciativas desses professores, pois elas potencializam outros reflexos positivos para as IES, tais como: redução da evasão escolar (quando a questão pedagógica for determinante); motivação discente (que tende a se reproduzir no mercado, com reflexos positivos sobre a imagem institucional); aproximação docente-discente (relação de afinidade que potencializa a continuidade da formação do egresso na IES).

Instituição de fomento: UniSantos – Universidade Católica de Santos

Palavras-chave: ensino presencial, educação a distância, trabalho docente

E-mail para contato: adilson@unisantos.br