60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

O processo de liberalização da economia brasileira a partir da década de 1990 delineou um novo cenário para o setor agrícola, requerendo-lhe mudanças estruturais e produtivas para inserção em um novo panorama do agronegócio. Nesse contexto, o setor frutícola expandiu-se frente a conjunturas de preços atraentes e demanda por produtos in natura, destacando-se, entre outras, a cultura do maracujá. Na Bahia, a produção do maracujá constitui-se como alternativa agrícola geradora de emprego e renda no meio rural. Na atual conjuntura, o estado é o maior produtor brasileiro, passando de uma produção de 18% do total nacional em 1990, para em 2006 atingir 34% desse total (IBGE, 2008). Este é um mercado complexo e vulnerável à sazonalidade, implicando em flutuações de preços que acabam refletindo na sustentabilidade econômica da atividade. O presente trabalho analisa o comportamento dos preços pagos e recebidos pelo produtor no estado da Bahia a fim de identificar as mudanças ocorridas nas relações de troca.

METODOLOGIA:

O método dos números índices foi utilizado para analisar as séries de preços recebidos e pagos no cultivo do maracujá na Bahia, no período de 1993-2007. Os preços do maracujá (R$/Kg) foram obtidos no site do IBGE e os preços dos insumos foram coletados em estabelecimentos comerciais nas cidades de Ilhéus e Itabuna e informações fornecidas pelo CNPMF/EMBRAPA. Os preços foram corrigidos pelo IGP-DI da FGV, tomando como mês base dezembro de 2007. Para obtenção do Índice de Paridade (Ip) foram utilizados os índices de preços recebidos (Ir) e preços pagos (Ipp), através da seguinte expressão: Ip= Ir/Ipp*100 Valores de Ip acima de 100 indicam ganho no poder de compra, caso contrário essa relação será inversa. O índice de preços recebidos refere-se ao Índice de Preço Relativo (Ipr) e o índice de preços pagos refere-se ao Índice de Laspeyres (IL), através de: Ipr=Pt/Po*100, para preços recebidos, IL=(∑Pt Qo)/(∑Po Qo)*100, para preços pagos, onde: Pt=preço no período t; Po=preço no período base; Qo= quantidade no período base. As quantidades dos insumos empregados no cultivo são coeficientes técnicos constantes ao longo do tempo, segundo “pacote tecnológico” fornecido pelo CNPMF/EMBRAPA.

RESULTADOS:

O período em análise foi marcado por uma série de medidas político-econômicas com ênfase na abertura comercial, políticas anti-inflacionárias e de estabilização da economia. A partir da adoção do Plano Real (1994) a economia brasileira passou por um processo de estabilização por meio de ajuste fiscal, desindexação e âncora nominal, que posteriormente se tornou âncora cambial. O efeito dessas das políticas estabilizadoras sobre a cultura do maracujá, contribuiu, inicialmente, para redução do poder de compra do produtor nos primeiros anos da série analisada (Ip=86,52 em 1996). Posteriormente, verifica-se aumento no poder de compra em 1998 (Ip=244,34). Este crescimento, porém, é interrompido com a desvalorização cambial, que provoca valorização dos produtos importados, como por exemplo, o fungicida (Ip=95,56 em 2000). A partir de 2001 (Ip=409,63) os preços recebidos pelo produtor sustentam um crescimento superior aos preços pagos pelos insumos, o que revela um ambiente atrativo à produção. O conjunto desses fatores vem propiciando expansão da cultura no país, especialmente na Bahia, onde encontra condições edafoclimáticas favoráveis para o seu desenvolvimento.

CONCLUSÕES:

Mesmo em uma conjuntura de profundos ajustes na economia brasileira no período de 1993 a 2007, a cultura do maracujá na Bahia apresenta expansão, levando o estado a ocupar o primeiro lugar na produção nacional. Tal fato pode estar associado a uma melhor no poder de compra dos produtores.

Instituição de fomento: UESC/PROIIC Voluntário

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Preços Pagos, Preços Recebidos, Índice de Paridade

E-mail para contato: johnny_beatles@hotmail.com