60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E ENSINO NÃO-FORMAL: AS DIFERENTES ABORDAGENS REALIZADAS NO ESPAÇO CIÊNCIA VIVA, RJ

Leonardo de Bem Lignani1, 4
Wilmar Sousa Braz da Silva1, 4
Mariana Cabrera da Rocha Vieira1, 4
Cecilia Carrossini Bezerra Cavalcanti2, 4
Danielle Pereira Cavalcanti3, 4

1. Instituto de Biologia/ UFRJ
2. Escola de Comunicação- ECO/UFRJ
3. Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho/ UFRJ
4. Espaço Ciência Viva


INTRODUÇÃO:
A publicação do relatório do IPCC em 2007, que atribuiu às atividades humanas, com alto grau de certeza, a responsabilidade sobre as alterações climáticas no planeta, trouxe de volta a questão ambiental para o centro das atenções da sociedade. O desenvolvimento do conhecimento científico é uma grande ferramenta na tentativa de solucionar a crise na qual estamos inseridos. Embora possa gerar inovações tecnológicas que facilitem a monitoração de atividades poluidoras e minimizem os impactos ambientais, a Ciência pode contribuir também com a geração de uma consciência crítica em cada habitante do planeta. Portanto, a associação da divulgação do conhecimento científico às atividades de educação ambiental (EA) pode gerar bons resultados na tentativa de reverter o quadro de degradação atual. De maneira geral, encontramos duas formas de atividades de EA: “instrutivas”, que procuram abordar diversas formas de impactos ambientais, apontando suas causas e propondo soluções; ou “sensibilizadoras”, que têm como objetivo trabalhar valores pessoais, modificando a forma como as pessoas observam seu meio e nele se inserem. No presente trabalho, abordaremos de que maneira estes dois tipos de atividades de EA foram realizados em um espaço de ensino não-formal, o museu Espaço Ciência Viva (ECV).

METODOLOGIA:
Acreditando que a temática ambiental é complexa e necessita ser abordada de maneira profunda, desenvolvemos no ECV tanto atividades de EA instrutivas como sensibilizadoras. O Espaço Ciência Viva, situado em um galpão de 1600 m2, conta com uma área externa de cerca de 300 m2, na qual foi construído um jardim didático em parceria com a Fundação Burle Marx. O Jardim conta com diferentes espécies de plantas de pequeno, médio e grande porte e neste espaço são realizadas atividades sensibilizadoras através de oficinas didáticas e experimentais, tais como construção de terrários, construção de hortas suspensas com garrafas PET, observação de insetos, identificação de plantas, entre outras. A irrigação do Jardim é feita através da coleta e armazenamento de água de chuva. As atividades de EA instrutivas são desenvolvidas no módulo “Produção e Consumo de Energia”, o qual aborda a questão da produção de energia elétrica através de uma maquete, que consiste em uma representação de uma usina hidrelétrica que “fornece” energia para um conjunto de habitações. Associado a este módulo encontra-se uma pequena casa doada por Furnas Centrais Elétricas S.A., na qual ligando e desligando aparelhos elétricos e lâmpadas dos cômodos da casa, o visitante acompanha as variações no consumo de eletricidade.

RESULTADOS:
O Jardim do ECV é um local propício para o desenvolvimento de atividades de EA, permitindo uma educação biológica interativa, capaz de despertar no visitante a curiosidade a respeito da biodiversidade existente em diferentes ambientes. Uma proposta de atividade sensibilizadora desenvolvida no local foi a oficina “O Perfil das Plantas”, na qual os participantes deveriam encontrar determinada espécie através de características relacionadas à morfologia e taxonomia do vegetal. Atividades de observação de insetos e outros animais e construção de terrários e hortas suspensas (reaproveitando garrafas PET) permitiram a percepção da delicada inter-relação entre os seres vivos, introduzindo conceitos ecológicos sobre o funcionamento dos ecossistemas, ciclagem de matéria e interações biológicas. Já no módulo “Produção e Consumo de Energia”, de caráter instrutivo, foi possível discutir os temas: impactos provocados pelo represamento de rios; acúmulo de resíduos e poluição de lençóis freáticos; relação entre nossos hábitos e o desperdício de energia. Os temas ligados a EA foram trabalhados em dois “Sábados da Ciência”, dias de entrada franca e abertos ao público geral. O tema “Entre plantas, flores e frutos” foi o evento de maior público no ECV em 2007, enquanto “Água e Energia”, o terceiro.

CONCLUSÕES:
A associação de atividades instrutivas e sensibilizadoras propiciou uma reflexão mais profunda da problemática ambiental, unindo a modificação de hábitos e costumes com uma visão mais realista das complexas interações e da diversidade existente na biosfera. É possível compreender que, diferentemente do relacionamento inicial da humanidade com a natureza, que teve início com um mínimo de interferência nos ecossistemas, hoje essa interação culmina numa forte pressão exercida sobre os recursos naturais. A produção de módulos e oficinas pela equipe do Espaço Ciência Viva procura atingir estas duas abordagens, como evidenciado pelos exemplos citados. O grande número de visitantes nos dias de abertura quando estes temas foram abordados reflete uma avaliação positiva do trabalho realizado. Além disso, um museu de ciência tem o potencial de atingir um público bastante diversificado, tanto do ponto de vista etário, quanto social, como é o caso do público visitante do Espaço Ciência Viva. Tal particularidade torna os espaços de ensino não-formais excelentes locais para a realização de atividades de EA.

Instituição de fomento: CNPq



Palavras-chave:  Educação Ambiental, Centros e Museus de Ciência, Ensino não-formal

E-mail para contato: leolignani@yahoo.com.br