60ª Reunião Anual da SBPC




H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 2. Literatura Comparada

A LITERATURA MARGINAL E A TRADIÇÃO DA LITERATURA: O PREFÁCIO DE FÉRREZ

Anny Karine Matias Novaes Machado1
Luciano Barbosa Justino2

1. Curso em Licenciatura Plena em Letras/Universidade Estadual da Paraíba-UEPB IC
2. Departamento de Letras e Artes/Universidade Estadual da Paraíba-UEPB Orientador


INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa tem como objetIvo estudar as relações problemáticas entre a Literatura, com L maiúsculo, e os diversos textos compilados na Revista Caros amigos/ Literatura Marginal, publicada a partir de 1998, sobretudo os prefácios/manifestos de Férrez, idealizador do projeto da Literatura Marginal. Os prefácios de Ferréz propõem um novo lugar, um novo sentido e uma nova função social para a literatura, trazem auspícios de movimento social, de inclusão e ação democratizante através da literatura, contrapõem-se ao cânone, à abordagem crítica tradicional e à estética literária ressaltando suas escolhas elitistas e exclusivistas, em última análise demonstrando seu caráter étnico e de classe.

METODOLOGIA:
Para o desenvolvimento da pesquisa, tomamos como aporte teórico a leitura de obras, que fossem capazes de pensar a literatura como um discurso, ou seja, como uma produção cultural articulada a uma série de fatores de natureza social, cultural, política e até material, não exclusivamente ou eminentemente estética, Mapeando textos que fossem capazes de tirar o véu da literatura como um discurso além e acima das ideologias e dos interesses de classe e de etnia.

RESULTADOS:
Os estudos literários contemporâneos têm trazido uma problematização de arraigados conceitos teóricos e metodológicos de abordagem literária que reconfiguram sua significação, abarcando sobretudo a revisão do cânone e do próprio conceito de literatura. É nesse sentido que a revisão/contestação do cânone propõe um descentramento da literatura, expondo o caráter ideológico de toda escolha, que envolve relações de alteridade e diferença, inclusão e exclusão, perspectivas imaginárias e valores sócio-culturais, ou seja, são feitas por e para determinados fins que trabalham culturalmente pela adaptação, adesão e assimilação das escritas a um modelo dominante Seria ingênuo supor que o valor estético e a produção literária não são influenciados pelo contexto sócio-histórico-econômico.Assim, o discurso marginal emerge como guerreiro na luta pelo capital cultural e pela construção de um outro patrimônio e de uma memória coletiva.Dessa forma, as relações entre a cultura popular, a alta cultura e a cultura de massa se mostram em constante e tenso dialogo que aponta para o caráter de classe de cada uma delas bem como para a luta por sua superação.

CONCLUSÕES:
Portanto, uma tal critica à instituição literária enquanto instituição discursiva se dá a partir da construção da periferia enquanto espaço de memória coletiva, englobando um processo identitário que se propõe enquanto alteridade. Nesse sentido, será preciso redefinir tanto o conceito de povo, para incluir a multidão urbana, quanto o de cultura de massa, pois pensar cultura popular e de massa hoje não é mais possível nos termos do folclore e da Escola de Frankfurt, visto o popular estar nas ruas das grandes cidades e a massa não ser mais uma massa amorfa destituída de qualquer criticidade em relação aos objetos que lhe são arremessados pelos grupos dominantes.

Instituição de fomento: PIBIC/CNPQ/UEPB

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Literatura Marginal, Instituição Literária, Cultura

E-mail para contato: annykarineee@hotmail.com