60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

O panorama educacional atual para a pessoa com deficiência vem se alterando em alguns aspectos. Hoje, a legislação educacional brasileira determina, preferencialmente, a entrada e a permanência de pessoas com deficiência na escola regular, seja ela pública ou privada. Pode-se notar, porém, que nem sempre as instituições escolares estão adaptadas e preparadas para receber, interagir e possibilitar experiências de aprendizagem para a formação dessas pessoas. Este universo do atendimento às pessoas com deficiência no Ensino Superior através das experiências de uma Instituição de Ensino Superior (IES) privada é o foco do presente estudo, que possui um caráter essencialmente preventivo sobre o atendimento de tais pessoas. O objetivo geral deste estudo foi analisar e discutir de que forma ocorre o atendimento a pessoas com deficiência no âmbito de uma IES privada – o Centro Universitário Senac (ressalta-se que a Diretoria da citada IES autorizou a identificação da mesma). Os objetivos específicos foram: quantificar o número de atendimentos a pessoas com deficiência; identificar que tipos de deficiência os funcionários de atendimento lidam com maior freqüência; e caracterizar as principais facilidades e dificuldades dos funcionários acerca do atendimento de pessoas com deficiência.

METODOLOGIA:

A presente pesquisa caracteriza-se como uma investigação qualitativa e insere-se na proposta metodológica de Estudo de Caso. O estudo ocorreu na Unidade sede do Centro Universitário Senac. A Instituição ocupa uma área de 120 mil m² localizada na Zona Sul da cidade de São Paulo, contando atualmente com 480 professores e 42 funcionários. Estes 42 funcionários foram os participantes deste estudo, pois ocupam posições de atendimento ao público em geral, e estão distribuídos da seguinte forma: 09 na Central de Informações; 04 na Secretaria Geral; 04 no Atendimento Financeiro e 25 na Biblioteca. O procedimento de coleta de dados foi distribuído em duas etapas: a primeira envolveu a aplicação de um questionário com 05 questões que foi respondido pelos 42 funcionários. O objetivo desta etapa foi caracterizar a situação do Centro Universitário Senac em relação à freqüência e ao atendimento a pessoas com deficiência e, ainda, identificar os participantes da próxima fase; a segunda etapa constou de entrevistas semi-estruturadas realizadas com os cinco funcionários que efetivamente expressaram dificuldades de atendimento a pessoas com deficiência na primeira etapa (questionário).

RESULTADOS:

Em relação à freqüência de atendimento a pessoas com deficiência na presente IES pode-se verificar que 88,10% dos funcionários de atendimento já tiveram contato com pessoas com deficiência e apenas 11,90% dos respondentes não tiveram contato algum com esse tipo de público. No que diz respeito à freqüência de atendimento por tipo de deficiência verificou-se que a deficiência visual totalizou 83,30%, seguida pela deficiência física, 47,60%, e a deficiência auditiva com 16,70%. Não foram identificados outros tipos de deficiência pelos respondentes. A maioria dos funcionários (57,10%) afirmou não ter recebido algum tipo de orientação sobre o atendimento a pessoas com deficiência e 42,90% afirmaram que receberam alguma orientação. Apesar de tais resultados, apenas 11,10% dos funcionários indicaram possuir dificuldades no atendimento a pessoas com deficiência. A partir da transcrição do conteúdo das entrevistas e por meio da técnica de análise de conteúdo foi possível a identificação de dois temas principais: 1º) deficiência: conceitos e representações; 2º) atendimento a pessoas com deficiência: experiências profissionais, pessoais e possíveis melhorias. Os participantes ressaltaram a relevância de treinamentos específicos voltados a tal segmento da população universitária.

CONCLUSÕES:

A reflexão sobre o atendimento a pessoas com deficiência, a partir da realidade vivenciada pelos participantes desta pesquisa, indicou a amplitude do tema. Entende-se que o atendimento em questão deve envolver importantes aspectos, tais como: a IES deve oferecer orientações sobre deficiência e informações sobre os benefícios de sua estrutura física e recursos pedagógicos direcionados para receber pessoas com deficiência. Na presente IES os funcionários desconhecem tais recursos e não os utilizam, embora a IES possua uma boa estrutura e recursos para tal fim. Os dados revelaram que o cotidiano dos atendimentos ocorre de forma precária, pois as iniciativas estão baseadas na representação sobre deficiência e nas características pessoais dos participantes. Os atendimentos ficam sujeitos à boa vontade dos funcionários aparentemente dedicados, mas sem a preparação necessária. Neste sentido, os resultados mostraram que os participantes estão disponíveis para o desenvolvimento a fim de cumprir sua tarefa principal que é o atendimento de forma eficaz. Cabe às IES viabilizarem a todas as pessoas com deficiência que freqüentam suas estruturas, condições reais de acessibilidade, seja ela física, de comunicação, de sinalização, pedagógica, atitudinal, de equipamentos, de locomoção e digital.

Palavras-chave: Pessoas com deficiência, Ensino Superior, Atendimento ao público

E-mail para contato: lia.fsgonsales@sp.senac.br