60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 7. Psicologia do Ensino e da Aprendizagem

NATUREZA DAS CONTINGÊNCIAS PRESENTES NO MOMENTO DA REALIZAÇÃO DA TAREFA DE CASA.

Leila Maria do Amaral Campos Almeida1, 2
Ana Carolina Camargo Christovam1, 3

1. Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP
2. Profº Dr. / Orientador
3. Curso de Psicologia


INTRODUÇÃO:
A escola enfrenta a evasão focalizando os casos de comprometimento, e a psicologia tem reafirmado esta característica. Para alterar esta forma de atuar os programas de intervenção preventiva junto à escola e às famílias devem ocorrer no momento em que as dificuldades começam a emergir ou à população de risco antes que ocorram. Poucos programas preventivos de dificuldades comportamentais têm sido sistematicamente desenvolvidos sobre bases teóricas e empíricas. Assumiu-se neste estudo a perspectiva teórica da análise experimental do comportamento que entende o comportamento como a relação entre a resposta e a situação em que ela ocorre. Isto supõe que os comportamentos acadêmicos ou sociais do aluno são resultantes de um processo de aprendizagem e os ambientes escolar e familiar seus contextos. Na escola destacam-se os comportamentos do professor e do aluno e, na família, os comportamentos dos pais e a sua compreensão sobre a escolaridade do filho. Neste cenário se coloca o estudo da "tarefa de casa", condição de ensino privilegiada como ocasião de atenção à criança pela Família, ao acompanhar sua consecução, e pela Escola, ao receber a tarefa e corrigi-la. Foi objetivo deste estudo identificar e analisar as conseqüências liberadas pelos pais aos filhos no momento da tarefa de casa.

METODOLOGIA:
Participaram do estudo vinte pais de alunos em início de alfabetização de uma escola municipal de educação infantil (pré III) do interior do estado de São Paulo. Para a coleta das informações foi enviado um questionário aos pais, junto ao caderno de recado do filho, constando das perguntas: "Quem fica com a criança no momento em que faz a tarefa?; "Esta pessoa tem condições de ajudá-la?"; "Como é o momento em que a tarefa é feita?"; "A criança é obediente? Ela tem feito a tarefa? Se faz, ou não faz, o que acontece?". Foram também analisados os registros da realização das tarefas de casa, e da sua qualidade, feitos pela coordenação da escola, dentro do projeto Tarefa de Casa, em implantação pela escola. A etapa de organização, análise e produção dos dados consistiu na retirada das informações de interesse dos registros da escola sobre o desempenho dos alunos no Projeto Tarefa de Casa, e das verbalizações dos pais dadas em resposta ao questionário.

RESULTADOS:
As variáveis determinantes do comportamento de realizar a tarefa de casa encontradas e examinadas foram: presença/ausência de um adulto auxiliando; presença/ausência do comando para realizar a tarefa; existência/inexistência de rotina de estudo; ambiente apropriado/inapropriado. Mesmo sendo crianças em início de alfabetização as que fizeram todas ou grande parte das tarefas já têm a tarefa de casa como rotina e quase sempre têm alguém que as lembre de fazer ou as ajude. Já aquelas que fizeram poucas tarefas passam grande parte do tempo que estão em casa sem monitoramento de um adulto. As primeiras mostram melhor desempenho, têm local adequado de estudo e pais informando participar da sua vida escolar. Quanto à natureza das contingências - antecedentes ou conseqüentes- liberadas pelos pais no momento da realização da tarefa, identificou-se que se caracterizam ora como uma combinação de estímulos aversivos para o não cumprimento, e estímulos de apoio, para o cumprimento; ora punição, na forma de ameaças, ou ausência de conseqüência, sugerindo que a manutenção do comportamento Estudar se dá também por outras conseqüências, provavelmente liberadas pelas professoras.

CONCLUSÕES:
Pesquisas sobre relações Família-Escola têm evidenciado dificuldades no sua comunicação (Biasoli-Alves e Pinheiro, 2005). Hübner (1999) estuda a atuação dos pais em relação ao comportamento Estudar dos filhos e identifica condições adversas ao aparecimento e manutenção deste comportamento, relacionados a aspectos físicos do local de estudo, horários, rotina de vida, regras, caracterizando-os ora como discriminativos para o comportamento de estudar, ora como difusos e incompatíveis- colocando os pais como propiciadores de condições favorecedoras ou dificultadoras como no estudo atual. Também Jorge (1996) estudando a percepção de mães sobre seus filhos a partir de quando estes iniciam sua vida escolar, identifica que as mães atribuem à própria criança seu comportamento escolar: de não querer fazer a lição, de desânimo na escola, de parar de estudar, da falta de capricho no caderno. Mudar o olhar da família dos problemas para objetivos em que a saúde mental passe a ter relevância, supõe pensar em prevenção (Almeida e Guzzo, 1992), em grupos onde os problemas estão apenas começando ou antes que ocorram- já na educação infantil, quando os pais iniciam sua participação na construção da história escolar do filho.

Instituição de fomento: Fundo de Apoio à Pesquisa/ Universidade Metodista de Piracicaba

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Tarefa de Casa, Analise de Contingências, Comportamento Estudar

E-mail para contato: lmamaral@unimep.br