60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 2. Engenharia Agrícola - 4. Engenharia de Água e Solo

DESENVOLVIMENTO DE TESTES DE TOXICIDADE CRÔNICA COM SEMENTES DE HORTALIÇAS PARA AVALIAÇÃO DOS EFEITOS TÓXICOS DE CHORUME

Eloisa Maria dos Reis dos Santos1
Noely Bochi Silva1
Ronaldo Teixeira Pelegrini2
Núbia Natália de Brito Pelegrini3
José Euclides Stipp Paterniani4

1. Centro Superior de Educação Tecnológica - UNICAMP
2. Prof. Dr. - Centro Superior de Educação Tecnológica - UNICAMP
3. Faculdade de Engenharia Agrícola – UNICAMP
4. Prof. Dr - Faculdade de Engenharia Agrícola – UNICAMP - Orientador


INTRODUÇÃO:
O crescimento urbano, a industrialização e a decorrente elevação dos patamares de consumo vem provocando o aumento da geração de resíduos sólidos, principalmente nas regiões metropolitanas, impondo grandes demandas, tanto pela quantidade, quanto pelas características dos resíduos gerados. O percolado de aterro sanitário é um resíduo líquido escuro, turvo, de elevada carga orgânica e forte coloração, produzido pela decomposição química e microbiológica dos resíduos sólidos depositados em um aterro, sendo um dos mais sérios problemas ambientais. Os testes de toxicidade representam ferramentas importantes para avaliar as características agressivas dos compostos químicos presentes no percolado. Desta forma, este estudo visou desenvolver testes de toxicidade crônica para avaliar a maior concentração de percolado de aterro sanitário e das substâncias químicas amônia, fenol e cromo, que não se observa efeitos tóxico (CENO) e a menor concentração que se observa efeito tóxico (CEO), empregando como organismos-teste as sementes de hortaliças: Lactuca sativa L.; Lycopersicon esculentus Mill. e Abelmoschus esculentus L.

METODOLOGIA:
No desenvolvimento da metodologia otimizou-se uma água de diluição para cada espécie de hortaliça no valor de pH 7,2, a partir da solução tampão de K2HPO4 e KH2PO4, macro e micronutrientes, onde foram preparadas as soluções de percolado “in natura”, filtrado, fotocatalisado e das substâncias químicas: amônia, fenol e cobre. Os ensaios, baseado no método proposto por Inazaki e colaboradores, consistem na disposição de 20 sementes sobre quatro camadas de toalha de papel não branqueada, dentro de placa de polietileno com tampa e espaçamento uniforme. Adiciona-se sobre as sementes 1,5 mL da amostra de maneira homogênea e após cada 24 horas pipeta-se 1,0 mL mantendo a placa de Petri de polietileno sempre tampada para evitar evaporação. O controle utiliza água de diluição e os experimentos são realizados em duplicata para cada amostra e suas diversas diluições empregadas. Os testes foram realizados em luminosidade e temperatura ambiente, aproximadamente 25ºC.

RESULTADOS:
As espécies de hortaliça apresentam concentrações diferentes na avaliação de CENO e CEO. Com a substância Amônia verificou-se o CENO na faixa de 0,003 a 2,035 g/L e o CEO de 0,005 a 2,05 g/L, para a substância Fenol o CENO foi na faixa de 0,005 a 1,5 g/L e o CEO de 0,008 a 2,0 g/L, para o Cobre a faixa estabelecida de CENO foi de 0,001 a 2,94 g/L, e de CEO foi de 0,005 a 3,0 g/L, respectivamente para as espécies Lactuca sativa L.; Lycopersicon esculentus Mill. e Abelmoschus esculentus L. Em análises realizadas com percolado de aterro sanitário “in natura”, após tratamento por filtração lenta, e fotocatálise heterogênea com TiO2, verificou-se as porcentagens de diluição para o CENO foi na faixa de 0,1 a 54% para o percolado “in natura”, 0,2 a 56% para o filtrado e 0,1 a 80% para o percolado fotocatalisado. Já na avaliação do CEO os valores foram de 15 a 62%, 0,1 a 64% e 0,2 a 85%, respectivamente para as amostras e espécies citadas anteriormente.

CONCLUSÕES:
Com esse estudo, conclui-se que a metodologia utilizada com as espécies de hortaliças Lactuca sativa L.; Lycopersicon esculentus Mill. e Abelmoschus esculentus L., mostrou-se eficaz para a realização do estudo da toxicidade crônica. Esses testes constituem um recurso prático, de baixo custo, rápida execução e de alta sensibilidade na indicação da presença de substâncias tóxicas ou inibidoras biológicas capazes de interferir no desenvolvimento vegetativo. As espécies Lactuca sativa L.; Lycopersicon esculentus Mill. apresentaram maior sensibilidade as substâncias-referência amônia, fenol e cobre e podem ser utilizadas como organismos-teste para avaliação da toxicidade crônica através do CENO e do CEO de compostos tóxicos. Já a espécie Abelmoschus esculentus L., por apresentar menor sensibilidade a essas substâncias de referência, principalmente ao percolado de aterro, poderia ser utilizada em estudos de remediação de áreas contaminadas, como a fitorremediação. O percolado de aterro, apesar da presença de nutrientes importantes, apresenta características extremamente poluentes mesmo após tratamento por filtração lenta e fotocatálise, sugerindo dessa forma, outras etapas de tratamento que proporcionem maior depuração e seleção de nutrientes.

Instituição de fomento: CNPq, Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e Laboratório de Tratamento de Efluentes (UNICAMP)

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Toxicidade, Percolado, Semente de Hortaliças

E-mail para contato: elosantosreis@gmail.com