60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

Atualmente, verifica-se um significativo avanço tecnológico para a mensuração e controle na produção avícola, além do investimento em ambiência, proporcionando uma redução de perdas, maior competitividade do frango brasileiro e a conquista de novos mercados. Apesar disso, porém, o controle da produção avícola não é eficaz, uma vez que o acionamento e controle de sistemas automatizados são baseados em medidas indiretas, não representando efetivamente o bem-estar ou as necessidades das aves (PEREIRA et al 2005). O comportamento de “ciscar” está diretamente relacionado com a ingestão de alimentos (ESTEVES ET AL., 2002). Um grande número de variáveis influenciam o microclima dentro de uma instalação avícola e, conhecer sua interferência na produtividade, é determinante para o sucesso da produção (NÄÄS 1994). Sendo assim, o objetivo desta pesquisa é averiguar a influência de dois modelos de comedouros, do manejo e do período (matutino e vespertino) sobre o comportamento de ciscar de frangos de corte.

METODOLOGIA:

O uso de câmeras de vídeo para a observação dos comportamentos de aves é de grande importância por permitir uma avaliação sem interferência humana. No presente experimento foram realizadas duas filmagens de 15 min no período da manhã e duas à tarde (BIZERAY et al, 2002), em um ponto do galpão, além de observações visuais. Foi delimitada a área embaixo dos comedouros para facilitar a contagem das interações (ESTEVES ET AL., 2002), utilizando-se dois “tapetes” de plástico (1,00m x 1,40m), um sob o prato do comedouro automático (sistema utilizado no galpão) e outro sob o Comedouro Manual Fênix - um novo conceito de comedouro manual proposto por NEVES & TRAVISAN (2007) que está em fase de testes. As ocorrências do comportamento “ciscar” contabilizadas nas filmagens foram aquelas observadas dentro do perímetro delimitado. O experimento foi conduzido em março de 2008, em um galpão destinado a produção de frangos de corte de 1650m2 (110m x 15m) que alojava 19.000 aves, com 29 dias de idade.

RESULTADOS:

Verificou-se que os comedouros, automático e Fênix, e os períodos de coleta, matutino e vespertino estão associados à variação de ocorrências de ciscadas. Verificou-se P-Valor = 0.005 para os comedouros e P-Valor = 0.025 para os períodos. Pela manhã, a média da temperatura foi de 33.16º C, e à tarde de 28,17º C. A média de ocorrência de ciscadas foi de 0,75 e 1,75 nos períodos manhã e tarde, respectivamente. A ocorrência de ciscadas foi maior no comedouro Fênix do que no automático, obtendo-se uma média de 2,0 e 0,5 ocorrências, respectivamente. Verificou-se também que a temperatura poderia estar relacionada com tal comportamento, conforme SALGADO 2006, porém, apesar de se constatar que as temperaturas tendem a serem maiores pela manhã, no índice de correlação de Pearson não se identificou associação significativa entre essas variáveis. Deve-se fazer a ressalva de que um estudo observacional não se permite estabelecer as relações de causa e efeito entre as variáveis. Verificou-se uma preferência pelas aves em se alimentar no comedouro Fênix, ou em suas proximidades, talvez por conta de fatores atrativos aos animais como: diferenciação da cor, formato, acesso à ração e dimensões.

CONCLUSÕES:

O comportamento de ciscar está associado aos diferentes comedouros, sendo que a explicação está nos atrativos que envolvem a preferência das aves em se alimentarem no comedouro Fênix. Tal comportamento está associado também aos diferentes períodos, não em decorrência das temperaturas, mas, provavelmente, do número de ocorrências de manejos invasivos no período vespertino, justamente quando os animais comiam menos devido ao estresse, tanto pelo barulho dos equipamentos (comedouro automático, ventiladores) e a presença de funcionários. Pode-se, então, atribuir o menor número de ciscadas devido a um manejo considerado inadequado, considerando o estresse sofrido pelas aves por medo e/ou apreensão.

Instituição de fomento: CNPq

Palavras-chave: frangos de corte, ciscar, comedouro

E-mail para contato: diegopneves@gmail.com