G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
O PROJETO DO COMPLEXO TURÍSTICO CULTURAL RECIFE/OLINDA: ASPECTOS SÓCIOESPACIAIS, CONTRADIÇÕES E PERSPECTIVAS DA FACE ATUAL DO EMPRESARIAMENTO URBANO
Katielle Susane do Nascimento Silva1, 2, 3 Marcus Walmsley Milet Morais1, 2, 4, 5 Mariana Rabêlo Valença1, 2, 3 Cláudio Jorge Moura de Castilho1, 6
1. Universidade Federal de Pernambuco - UFPE 2. Departamento de Ciências Geográficas - DCG 3. Bolsista do Programa de Educação Tutorial - MEC/SESu 4. Colaborador do Programa de Educação Tutorial - MEC/SESu 5. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica PIBIC 6. Prof. Dr. - Departamento de Ciências Geográficas - UFPE - Orientador
INTRODUÇÃO:Nos anos 1990, é lançada, a fim de explorar as potencialidades econômicas de espaços de áreas de Recife e Olinda, a idéia do “Complexo Turístico Cultural Recife/Olinda”, que têm como maior objetivo valorizar e dar visibilidade ao patrimônio cultural material (corporificados no espaço natural e construído) e imaterial (que constituem, na com sua dinâmica social e cultural, seus saberes e destrezas) das duas cidades, através de investimentos em setores econômicos estratégicos locais como o turismo, direcionando-se ao aumento do consumo e do lucro. A área de atuação do projeto abrange quatro “territórios”: Olinda, Tacaruna, Recife e Brasília Teimosa. Estes, por sua vez, encontram-se subdivididos em dezoito núcleos: Marco Zero, Alfândega, Brum, Cinco Pontas, São José, Praça da República, Casa da Cultura, Aurora e Boa Vista, (território Recife). Para um cientista social, é de grande relevância um estudo crítico de tal empreendimento, uma vez que este altera toda a dinâmica sócioespacial da área implementada. Desse modo, em particular, pretende-se discutir em que medida esse projeto irá promover, no Recife, a inclusão efetiva da parcela da população de baixo poder aquisitivo, visto que a área de implantação do projeto apresenta fortes desigualdades sócioespaciais.METODOLOGIA:O trabalho foi desenvolvido em três etapas: na primeira, realizou-se uma reflexão teórica sobre a questão do empresariamento urbano, em seguida fez-se um levantamento de dados sobre a área e o projeto do Complexo Turístico Cultural Recife/Olinda e das ações que tentaram implementar outros projetos no Bairro do Recife. A etapa posterior consistiu em visitas a órgãos públicos – Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco, Unidade Executora da Prefeitura do Recife e Empresa de Urbanização do Recife URB –, a fim de entrevistar profissionais envolvidos no projeto e tomar ciência dos verdadeiros interesses da esfera pública quanto à execução do projeto. Por fim, realizou-se trabalho de campo, necessário a uma melhor compreensão da dinâmica sócioespacial atual do Recife vinculada ao processo de empresariamento urbano que vem ocorrendo na cidade.RESULTADOS:A implementação do projeto Turístico Cultural Recife/Olinda acontece através do empresariamento urbano que é uma estratégia alternativa de administração urbana, em que, mediante parceria entre a esfera pública (Estado) e a privada (empresariado), na qual o setor público, na grande maioria dos casos, assume os riscos e os últimos desfrutam dos benefícios, é uma perspectiva de urbanismo empresarial (HARVEY, 1996). A melhoria do mobiliário urbano, através da recuperação de seus equipamentos, contribui para tornar a cidade mais atrativa ao capital, pois a valorização de um lugar, atrai novas atividades que potencializam a economia e permitem que se estabeleçam circuitos entre territórios. Mas, vale salientar que esta valorização vem beneficiar mesmo a população de alto poder aquisitivo, enquanto as camadas menos aquinhoadas da população, tendem a se afastar cada vez mais das áreas de maior interesse do capital. Isto compreendendo a cidade como um lugar para viver, desenvolver relações sociais e se divertir, sob os princípios do consumo sobretudo consumptivo; e apesar da atual gestão municipal ter no partido dos trabalhadores sua maior base de sustentação, esta lógica empresarial na admistração urbana ainda continua acontecendo na cidade. Mas em que medida?CONCLUSÕES:No bairro Recife, os investimentos públicos e privados realizados no sentido de impulsionar a economia da área já estão em andamento, atraindo efetivamente novos empreendimentos que vêm dinamizando e valorizando a área. Desta forma os antigos espaços que constituíam áreas abandonadas e entregues à “degradação” urbana tornam-se de significativa valorização econômica e representa status para a população que dela pode usufruir. Por outro lado, o modelo de gestão – do empresariamento urbano – adotado pelo Recife para requalificar seus territórios, não é compatível com a valorização e manutenção da população de baixo poder aquisitivo, visto que essa forma de gestão objetiva reproduzir uma paisagem ligada a um modelo de internacionalização, segundo o qual são garantidos, prioritariamente, os interesses do capital envolvido, não havendo espaço para pensar as relações sociais que se processam e se reproduzem no espaço dos “homens lentos”. Desta forma, as novas paisagens criadas no Recife, visando à modernização, têm como finalidade embelezar a cidade e mostrar o que a mesma tem de melhor, maquiando suas verdadeiras máculas sociais. Quando isto mudará?
Instituição de fomento: Programa de Educação Tutorial MEC/SESu
Palavras-chave: Recife, Empresariamento urbano, Complexo Turístico Cultural RecifeOlinda
E-mail para contato: katiellesusane@hotmail.com
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