60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

A toxoplasmose é uma parasitose causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. É uma zoonose de distribuição mundial que afeta o homem e uma variedade de animais, sendo o gato doméstico o hospedeiro mais importante. A forma de transmissão mais comum é a via digestiva, pela ingestão de carne crua de animais infectados. A transmissão também pode ser via placentária. A prevalência da infecção é maior em regiões de clima quente e úmido e está relacionada com hábitos alimentares, idade, nível socioeconômico e higiene da população. No Brasil, a infecção ocorre em todas as regiões, com prevalência de 70% em adulto. A toxoplasmose pode manifestar-se sob duas formas: a congênita e a adquirida. No indivíduo imunocompetente, a forma adquirida é geralmente assintomática. A forma sintomática pode ser dividida sob o ponto de vista clínico em oligossintomática, ganglionar, pulmonar, hepática, reumática, exantemática e ocular. Na forma congênita, uma grande parte dos pacientes são assintomáticos, contudo há casos graves com lesões irreversíveis do sistema nervoso. Neste contexto, o trabalho busca confirmar a ingestão de carnes mal cozidas e de verduras mal preparadas, assim como o contato com gatos no peridomicílio como fonte de infecção para toxoplasmose aguda em população de gestantes.

METODOLOGIA:

Estudo transversal realizado no Hospital Universitário Materno Infantil, São Luis–MA, no período de julho de 2002 a julho de 2003. Foram selecionadas gestantes submetidas a exame de triagem sorológica para Toxoplasma gondii, utilizando-se a técnica de ensaio imunoenzimático ELFA (Enzyme Linked Fluorescent Assay) para toxoplasmose. Participaram todas as gestantes IgM positivo para toxoplasmose, as quais após obtenção de endereço para correspondência foram encaminhadas ao ambulatório de gestação de alto risco. Mediante consentimento livre e esclarecido, as gestantes IgM positivo realizaram teste de avidez para IgG anti-toxoplasma. As possíveis fontes de infecção e os fatores de risco foram investigados através de entrevista com preenchimento de questionário. Os dados foram computados em banco de dados do programa EPIINFO 2002 e Biostat 2.0, utilizando-se para analise o teste T de Student e o teste exato de Fisher com p<0,05 como nível de significância estatística.

RESULTADOS:

Foram diagnosticadas 88 gestantes com IgM anti-toxoplasma positivas, sendo que 24 pacientes não compareceram no ambulatório de pré-natal de alto risco, não sendo incluídas na pesquisa. Foram incluídas na pesquisa 64 pacientes. Em relação aos hábitos de vida com ênfase nos hábitos alimentares e contatos com gatos durante a gestação, 35,93% referiram comer verduras cruas, a história de ingestão de carnes mal cozidas esteve presente em 21,87% e 45,31% referiram contato com gatos. A incidência de gestantes IgM anti-Toxoplasma gondii foi de 1,6%. A relação entre os títulos de IgM e hábitos alimentares e contato com gatos, não se mostrou estatisticamente significante. Quando os casos foram classificados em infecção aguda e crônica segundo a dosagem da avidez para IgG anti-toxoplasma e com os hábitos alimentares houve relação estatisticamente significante entre ingestão de carnes mal cozidas e verduras mal preparadas para o consumo e o diagnóstico de infecção aguda e crônica. Com p não significativo para contato com gatos.

CONCLUSÕES:

Com base neste trabalho, pode-se inferir que a incidência de gestantes IgM anti-Toxoplasma gondii positivas em São Luís-MA é maior que a incidência mundial e que fatores de risco como o consumo de carnes mal cozidas e verduras mal preparadas parecem estar relacionados à toxoplasmose aguda na gestação. Estas informações são de fundamental importância na elaboração de programas de orientação e aconselhamento pré-natal, além de medidas de saneamento alimentar que podem levar a um controle da toxoplasmose gestacional e congênita.

Palavras-chave: Toxoplasmose, Gravidez, Saneameto Alimentar

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