60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 3. Fisiologia de Órgãos e Sistemas

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO CARDÍACO DE RATOS SUBMETIDOS A EXERCÍCIO AERÓBICO ASSOCIADO À DIETA RICA EM LEUCINA E IMPLANTADOS COM CARCINOSSARCOMA DE WALKER 256.

Gisele Oliveira da Silva1
Aline Tatiane Toneto1
Emilianne Miguel Salomão1
Miguel Arcanjo Áreas2
Maria Cristina Cintra Gomes Marcondes2

1. Departamento Fisiologia e Biofísica, IB - UNICAMP
2. Prof. Dr. - Departamento Fisiologia e Biofísica, IB - UNICAMP - Orientador


INTRODUÇÃO:
O câncer é a segunda causa de morte por doenças na Europa, Estados Unidos e Brasil, constituindo-se em um grande problema de saúde pública em diversos países. A fadiga e a fraqueza são os sinais mais freqüentemente relatados pelos pacientes com neoplasia e levam ao comprometimento de diversas funções, tais como as respiratórias e cardiovasculares, além de impor limitações em suas atividades. A caquexia, uma das manifestações secundárias da doença, é a principal responsável pela depleção de massa corporal magra, afetando a musculatura estriada, principalmente a musculatura esquelética, resultando em alterações importantes no seu desempenho. A leucina faz parte do grupo de aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA) capaz de minimizar a degradação protéica em células do músculo esquelético submetidas a estímulos catabólicos, como o câncer-caquexia. Exercícios físicos aeróbicos com intensidade, duração e freqüências controlados, podem ser prescritos como terapia para amenizar a fadiga e a perda muscular e, conseqüentemente, beneficiar a qualidade de vida de indivíduos portadores de câncer.

METODOLOGIA:
Ratos Wistar recém desmamados (com 21 dias) foram distribuídos inicialmente em quatro grupos: alimentados com dieta normoprotéica (18% de caseína – C) ou rica em leucina (18% de caseína acrescida de 3% de L-Leucina – L) e submetidos ou não a atividade física (exercício físico aeróbico: natação por 45 minutos, 5 vezes por semana, durante 8 semanas). Após 60 dias do esquema nutricional e de treinamento físico, os animais foram redistribuídos em 8 grupos experimentais, de acordo com a presença ou não do carcinossarcoma de Walker. Os grupos formados foram: C (controle sedentário), CT (controle treinado), W (portador de tumor e sedentário), WT (portador de tumor e treinado), L (leucina sedentário), LT (leucina treinado), WL (leucina portador de tumor e sedentário) e WLT (leucina portador de tumor e treinado). Na oitava semana de treinamento, os animais foram anestesiados para a realização do eletrocardiograma avaliando-se, dessa forma, o efeito do exercício e da dieta rica em leucina na geração e na condução do impulso elétrico cardíaco em todos os animais. Após 15 dias de implante tumoral, todos os animais foram novamente avaliados quanto aos impulsos elétricos do miocárdio, através do eletrocardiograma.

RESULTADOS:
Freqüência Cardíaca: o exercício físico reduziu significativamente a freqüência cardíaca dos animais controles tratados ou não com leucina, enquanto que os grupos com tumor de Walker, com ou sem leucina, apresentaram tendência de redução. Onda P e Intervalo PR: não se observaram alterações significativas entre os grupos estudados. Amplitude onda R: o exercício físico aumentou significativamente a amplitude da onda R nos animais controles e nos portadores de tumor de Walker, tratados ou não com leucina. O tumor de Walker não alterou esse parâmetro do ECG, em relação ao grupo controle. Duração QRS: não se observaram alterações significativas entre os grupos estudados. Amplitude onda T: a onda T apresentou-se sempre positiva e com amplitudes variáveis, não significativas, entre os grupos estudados. Intervalos QT e QTc: não se observaram alterações significativas entre os grupos estudados.

CONCLUSÕES:
O exercício promoveu menor freqüência cardíaca de repouso como resposta ao aumento do tônus parassimpático decorrente da adaptação cardíaca ao treinamento. No período experimental (15 dias), o tumor de Walker, dificultando o treinamento, não permitiu que os animais atingissem o mesmo nível de adaptação, uma vez que a freqüência cardíaca foi menor, porém não significativa. Tanto o exercício físico quanto o tumor de Walker, independente do esquema nutricional (dieta rica em leucina), não interferiram na ativação e condução elétrica atrial, uma vez que a onda P e o intervalo PR mostraram-se semelhantes nos grupos estudados. O aumento da amplitude da onda R nos animais exercitados, portadores ou não de tumor Walker, independente do esquema nutricional, sugere sobrecarga ventricular esquerda decorrente da atividade física. Não se observaram alterações no processo de despolarização e repolarização ventricular, uma vez que os intervalos QT e QTc foram semelhantes entre os grupos estudados, não se registrando sinais de risco de morte súbita no ECG. Não foi observada inversão da onda T, indicando ausência de isquemia ventricular. Assim, tanto o exercício físico quanto o tumor de Walker, independente do esquema nutricional, não interferiram na ativação e condução elétrica cardíaca.

Instituição de fomento: Fapesp (07/04319-0), CNPq, Faepex

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  câncer, exercício físico, coração

E-mail para contato: gibiomed@gmail.com