60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências

MORFODINÂMICA PRAIAL E AVALIAÇÃO DO VOLUME DOS SEDIMENTOS REMANEJADOS DA PRAIA DA PAJUÇARA

Mikael Timóteo Rodrigues1
Rochana C. de A. Lima Santos2
Valdir do Amaral Vaz Manso3
Ricardo José Queiroz dos Santos4

1. UFAL - IGDEMA, Bolsistas PIBIC
2. Profa.Dra. Orientadora
3. Prof. DGEO-UFPE
4. Prof. CESMAC


INTRODUÇÃO:
As praias têm sua morfologia condicionada aos processos hidrodinâmicos que são responsáveis pela erosão, transporte e deposição de sedimentos. A variação de energia desses processos costeiros durante um curto período de tempo imprime, mudanças morfológicas no perfil praial. O processo erosivo na praia da Pajuçara foi gerado pela retirada de recifes de arenito para produção de “cal”, e ocupação urbana desordenada, que juntamente com os processos naturais têm causado alguns transtornos neste setor da costa de Maceió. Até então, existem poucos estudos seqüenciais, que traçassem um diagnóstico dos fatores causadores e influenciadores da erosão marinha na sua linha de costa. A enseada da Pajuçara foi selecionada como ponto de monitoramento porque durante os estudos realizados por Lima em 2004, verificou-se que era o trecho mais crítico do ponto de vista da ação marinha, evidenciado pelo elevado estágio de erosão. Tendo em vista essas condições, o objetivo deste projeto foi comparar e analisar os volumes de sedimentos remanejados no período de 2004 com os dados levantados durante este projeto, já que ocorreram modificações na enseada, como construções de novo muro, reurbanização da orla e retirada de parte do clube Alagoinha, que podem modificar a hidrodinâmica praial e o volume de sedimentos na enseada.

METODOLOGIA:
Inicialmente foi realizado o levantamento bibliográfico e montada uma base cartográfica. Esta base serviu de apoio à realização dos trabalhos de campo com a distribuição dos perfis morfológicos. Os perfis foram realizados trimestralmente (agosto e novembro de 2006, e fevereiro e maio de 2007), na enseada da Pajuçara (P1-Hotel Enseada, P2- Banco 24 horas e P3 - Clube Alagoinha), perfazendo um total de 12 durante doze meses. Para a realização dos perfis, foi seguida a metodologia de Emery (1961). Cada perfil teve seu nível de referência (RN) e sua altitude absoluta referida ao zero hidrográfico.. Durante a realização dos perfis foram coletadas amostras nos setores de pós-praia, estirâncio e antepraia para se investigar as variações texturais dos sedimentos e dados de intensidade e direção de ventos. As amostras coletadas durante a realização dos perfis foram submetidas a análises para a classificação sedimentológica. Corrigidos os dados de campo nos perfis, foram montados gráficos de representação da morfologia e o cálculo dos volumes remanejados para se estabelecer a comparação entre os perfis.

RESULTADOS:
A área em estudo localiza-se no centro do litoral de Maceió abrangendo toda a enseada da Pajuçara. Sob do ponto de vista geológico, está inserida na bacia sedimentar de Alagoas, no domínio geológico dos Sedimentos de Praia e Aluviões, que formam a planície costeira ou litorânea. No perfil P1 observa-se a presença dos três ambientes praiais, a pós-praia, a praia e a antepraia, apresentandouma extensão variando entre 70 a 80 metros. A análise comparativa entre os meses, agosto (mês base) até maio de 2007 revela uma moderada erosão em toda a extensão do perfil e a análise dos volumes remanejados apresenta um déficit de 74 m³/m em novembro de 2006. No perfil P2, encontra-se apenas dois setores praiais, a praia e a antepraia, pois o setor de pós-praia encontra-se ocupado por barraca que passa por efeitos do avanço do mar devido a forte erosão verificada na comparação dos perfis do mês base e o mês de fevereiro, confirmado pelo cálculo do volume remanejado com déficit de 89,1 m³/m. O perfil P3 manteve-se estável, com pouca alteração no balanço sedimentar, apresentando uma discreta deposição no setor de pós-praia. A variação de volume apresentou um maior déficit de 33 m³/m em maio de 2007. Com relação à análise sedimentológica, verificou-se que nos setores de pós-praia do perfil P1, pós-praia e praia do perfil P3 predominaram areias médias e na antepraia do perfil P2 ocorreu uma variação de média a grossa. Nos setores de pós-praia e praia do perfil P3 predominou as areias médias e na antepraia as areias finas.

CONCLUSÕES:
A dinâmica sedimentar da praia da Pajuçara está associada à morfologia costeira, à deriva litorânea, às modificações sazonais e ao transporte de sedimentos.Verificou-se que, embora o desequilíbrio no setor costeiro possa ter origem natural, o processo se agrava por ações antrópicas como muros e calçadas. Os ventos, no período monitorado, foram mais intensos no mês de maio, com intensidade média de 2,7 m/s e direção E/SE, provocando as maiores modificações nos perfis P2, P3. Verificou-se que, pela influência dos agentes modificadores (ventos, marés, ondas, aporte de sedimentos e morfologia da plataforma interna), o perfil P2 apresentou mudanças significativas na praia, levando a um déficit de 89,1 m3/m nos volumes remanejados e, se comparados com os levantados por Lima (2004), cujo maior déficit foi de 17,4 m3/m, verifica-se que o processo de erosão está se intensificando. O perfil P1 apresentou um déficit de sedimentos de 74 m3/m, onde o máximo em 2004 foi de 29 m3/m . O perfil P3, em novembro de 2005, mostrou ser o ponto de maior erosão, com déficit de -67,52 m³/m, e durante o projeto atual foi o que apresentou o menor déficit, 33 m3/m. No perfil P2, foram realizados vários tipos obras de contenção, muros e gabiões com objetivo é de preservar bares, calçadas e a via asfáltica. Os materiais sedimentares que compõem a face da praia ao longo dos três perfis são compostos predominantemente de areias finas a médias, quartzosas e com bastante fragmentos de conchas.

Instituição de fomento: Instituições de Apoio: CNPq/UFAL

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Erosão, Deposição, Praia

E-mail para contato: mikaelgeo@gmail.com