60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental

A PRÁTICA DA TRANSVERSALIDADE NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS: OS DESAFIOS DA COMPARTIMENTALIZAÇÃO DA UNIVERSIDADE

Elizabeth da Conceição Santos1

1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS


INTRODUÇÃO:
A problemática ambiental contemporânea clama pelo tratamento interdisciplinar. Surge nos últimos decênios do século XX como uma crise de civilização. (Morin, 2001). Tem gerado mudanças globais nos sistemas socioambientais complexos que afetam as condições de sustentabilidade do planeta. Uma das principais causas da problemática ambiental tem sido associada ao processo histórico do qual emerge a Ciência Moderna e a Revolução Industrial. A problemática ambiental contemplando processos naturais e sociais, não pode ser compreendida em sua complexidade sem o concurso e a integração de diversos campos do saber, para: explicar as causas históricas da degradação ambiental; diagnosticar a especificidade dos sistemas socioambientais complexos; construir uma racionalidade produtiva fundada no manejo integrado dos recursos. Há um amplo consenso que a Educação Ambiental é um meio eficaz que possui a sociedade para fazer frente às provas do futuro. A interdisciplinaridade se constitui em requisito fundamental para o ensino relativo ao meio ambiente, para a resolução dos problemas. A pesquisa assentada no tripé Complexidade, Transversalidade e Formação de Professores teve por objetivo construir um processo para consolidar a prática da transversalidade nos cursos de formação de professores a partir da inserção da Educação Ambiental nos currículos.

METODOLOGIA:
A pesquisa caracteriza-se como qualitativa, descritiva, bibliográfica e documental (OLIVEIRA, 2007). Deteve-se em construir uma proposta alternativa para a formação do professor que irá atuar no Ensino Fundamental, de 5ª a 8ª série, no que se refere aos Temas Transversais. A visão dos conhecimentos que devem ser ministrados na escola, tendo como fonte de orientação os PCNs e seus Temas Transversais, tem por pressuposto que o modelo de ciência até então vigente na sociedade precisa ser superado (JACOMELI, 2007). O mundo é complexo e a complexidade dos conhecimentos deve ser abarcada pelos novos currículos escolares. Portanto, a construção de uma proposta que permitisse contemplar na formação do professor a vivência da transversalidade se fazia necessária, uma vez que o sistema educacional diz ressentir-se dessa preparação que a universidade não vem efetivando. A metodologia contemplou a construção dessa proposta que deverá dar resposta à formação do professor com competência para trabalhar os Temas Transversais na escola e, com isto, contribuir para a formação de cidadãos conscientes de suas responsabilidades para com a manutenção da vida no planeta. A inserção da Educação Ambiental nos currículos de formação de professores poderá permitir avançar na direção do novo paradigma. Morin (2001) destaca, no conjunto de sua obra que em educação o novo paradigma seria construtivista, interacionista, sociocultural e transcendente.

RESULTADOS:
O sistema educacional ao ser questionado sobre a operacionalização da transversalidade, justifica a dificuldade do desenvolvimento dos Temas Transversais pela falha na formação do professor, por parte da universidade. A pesquisa visou contemplar essa preocupação na formação do professor para as últimas séries do Ensino Fundamental. A proposta de inserção da Educação Ambiental nos currículos de formação de professores permite trabalhar não somente os fundamentos básicos oriundos da sua trajetória histórica, como também, a prática da transversalidade na formação do professor do Ensino Básico. A turma constituída por licenciandos das áreas de conhecimento recomendadas pelos PCNs para o Ensino Fundamental, permite a construção de equipes multidisciplinares, condição sine qua non para a prática da interdisciplinaridade. O planejamento, implementação e avaliação da proposta necessita de uma equipe de docentes representativa também das áreas de conhecimento, de onde convergem os discentes. Os PCNs e a nova LDB propiciam uma reorganização dos tempos escolares, dos ciclos da escolarização e das formas de avaliação dos conteúdos trabalhados. Colocam no centro do processo educativo, a formação da cidadania, vindo ao encontro às modernas concepções da educação e para uma redefinição da função social da escola na construção da cidadania. Uma característica essencial da transversalidade é seu papel na valorização da noção de complexidade e o início de um percurso para tornar a transversalidade possível.

CONCLUSÕES:
O processo construído pela inserção da Educação Ambiental nos currículos de formação de professores se consolida, perante a estrutura compartimentalizada da universidade, como um espaço viável para a prática da transversalidade, na construção da interdisciplinaridade e, quiçá, da transdisciplinaridade. Partindo-se dos cursos de licenciaturas em Ciências, a inovação dos estágios que permitam a prática da transversalidade vem atender, num primeiro momento, ao objetivo de integração das diferentes áreas do conhecimento para promover o que Morin (1999) chama de reforma de pensamento. Uma epistemologia complexa preconizada por Morin possibilitará a tomada de consciência dos limites do conhecimento, o que permitirá: que se conheça o próprio conhecimento, fazendo-o progredir em novos territórios e confrontando-o com a indizibilidade da realidade (SANTOS, 2001). A compartimentalização das universidades, e instituições congêneres, tem contribuído para aprofundar a separação entre os grandes campos da ciência, conduzindo a formação fragmentada, conseqüentemente, a produção de um conhecimento que vem sendo responsabilizado, também, pela crise contemporânea. A proposta visa romper com esse confinamento, através da Educação Ambiental como meio para repensar a complexidade da realidade e, com isto, a necessidade das práticas transversais na formação de professores

Instituição de fomento: FAPEAM



Palavras-chave:  COMPLEXIDADE, TRANSVERSALIDADE, FORMAÇÃO DE PROFESSORES

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