60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem

O ENSINO DA LINGUAGEM ESCRITA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Silvana Ferreira da Costa1, 2
Marta Sueli De Faria Sforni1, 2
Maria Terezinha Bellanda Galuch1, 2

1. Departamento de Teoria e Prática da Educação - DTP.
2. Universidade Estadual de Maringá UEM - Maringá – PR


INTRODUÇÃO:
Com o objetivo principal de identificar as concepções e práticas de ensino da dimensão normativa da linguagem escrita presentes nas séries iniciais do ensino fundamental, desenvolvemos o presente projeto. A realização desta pesquisa justifica-se, pela necessidade de adquirir mais clareza sobre as atividades efetivamente realizadas nas escolas para o ensino dos conteúdos dessa área de conhecimento. Isso é fundamental para que possamos entender as causas do quadro negativo evidenciado pelas avaliações governamentais, e assim pensarmos em intervenções pedagógicas que permitam aos alunos melhor desempenho no uso da linguagem escrita. Nos preocupamos de modo especial com o rendimento dos estudantes em língua portuguesa, porque o domínio da língua escrita extrapola os limites dessa área de conhecimento e sendo fundamental a todas as áreas. Não há apropriação de conceitos científicos, finalidade de todas as áreas do conhecimento, que possa prescindir da linguagem oral ou escrita. Assim fomos buscar as respostas, dos maus resultados das avaliações governamentais, no contexto escolar, nas produções textuais dos alunos e com os professores das séries iniciais. Nossos estudos tomam como referência a perspectiva Histórico-Cultural, de modo especial, os trabalhos de Vygotsky (1993, 1998) sobre a relação entre pensamento e linguagem. Para o estudo específico do ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa, nos fundamentamos em Zorzi (1998, 2003), Morais (2000, 2001, 2002) e outros.

METODOLOGIA:
A presente pesquisa teve caráter teórico-prático. Foram coletados registros de atividades escritas realizadas em escolas das redes municipal e estadual de Maringá e realizadas entrevistas com professores, procurando identificar as práticas que desenvolvem em sala de aula e as dificuldades que sentem para ensinar a “língua padrão”. Optou-se por delimitar a pesquisa de campo nas terceiras e quartas séries do ensino fundamental em decorrência da ampliação dos conhecimentos ligados à dimensão normativa da língua que passam a fazer parte das atividades de ensino nessas séries. As produções textuais coletadas foram selecionadas e classificadas com base nas alterações apresentadas na escrita. Após identificadas as alterações, os dados foram sistematizados e representados em gráficos. Em concomitância foram realizados estudos sobre a aprendizagem da linguagem escrita e sobre o processo de aprendizagem de acordo com a abordagem histórico-cultural. Com base nesses estudos, e nas alterações ortográficas evidenciadas, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com professores, procurando identificar as práticas desenvolvidas em sala de aula e as dificuldades que sentidas por eles no ensino da “língua padrão”. Este percurso permitiu reconhecer a prática de ensino da linguagem escrita realmente levada a termo nas escolas e as dificuldades que devem ser superadas para que se implemente um ensino com potencial de conduzir os estudantes ao domínio consciente da linguagem escrita.

RESULTADOS:
Por meio da análise nos textos dos alunos, identificamos alterações ortográficas primárias, em semelhança a pesquisa de Zorzi (1998), as alterações decorrentes de possibilidades de representações múltiplas são as mais freqüentes, acompanhadas de alterações por apoio na oralidade.São também visíveis dificuldades em escrever de forma legível e com fluência utilizando-se de frases sintáticas e semanticamente corretas. Segundo informações das professoras entrevistadas, são priorizados no ensino da língua, a produção de texto, e o trabalho com o texto produzido. Nessa atividade a atenção do professor é para a estrutura textual, de modo especial para a coerência e coesão.Elas acreditam que o aluno chega ao domínio do sistema gráfico por meio de suas produções e reestruturações textuais, além das explicitações das relações letra-som.A leitura e a significação, ou seja, a leitura contextualizada, é considerada fundamental nesse processo, pois por meio desta se alcançaria um melhor uso da língua, capacitando o aluno a usar adequadamente a escrita. A ortografia não é explicitamente trabalhada, o ensino desse conteúdo da linguagem escrita ocorre no momento de correção de textos.As entrevistadas informaram que procuram reestruturar a produção textual no momento em que a atividade está sendo realizada; não existindo, portanto, um momento exclusivo para a reestruturação textual. Segundo elas, opcionalmente não são realizadas atividades específicas para o ensino da forma padrão da língua materna, ou seja, não são desenvolvidas atividades exclusivamente para aprendizagem da ortografia e gramática.

CONCLUSÕES:
Ao averiguar, mediante análise de textos, o domínio no uso da linguagem escrita por alunos de 3ª e 4ª séries do ensino fundamental, pudemos constatar as maiores dificuldades ortográficas de cada turma e de cada aluno, conforme critérios de alterações ortográficas elaboradas por Zorzi (1998,2003). Diante do grande número de alterações encontradas, realizamos entrevistas com as professoras das turmas analisadas, bem como, com a supervisora da escola, com a intenção de saber como está organizado o ensino da língua portuguesa nessas séries. Evidenciamos, por meio das entrevistas, que por opção das professoras e da equipe pedagógica, não são realizadas atividades específicas para o ensino da forma padrão da linguagem escrita. As entrevistadas informam que é oferecido um ensino restrito à produção e correção de textos, sendo esse encaminhamento pautado em “orientação de especialistas”, segundo os quais, se deve ensinar a língua portuguesa apenas o necessário para aplicação para/no texto. No entanto, como evidenciado nos textos dos estudantes, essa prática de ensino não tem gerado bons resultados. Nossa pesquisa se finalizou apontando a necessidade de se repensar essa prática. Entendemos que a tarefa principal da escola, não é a de restringir a transmissão de conteúdos, mas a de propiciar o acesso ao conhecimento elaborado, no caso, a língua padrão, de modo que os alunos possam interagir com competência com essa linguagem nos contextos em que ela é imprescindível para o pleno exercício da cidadania.

Instituição de fomento: Universidade Estadual de Maringá-UEM.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Linguagem escrita, Ensino, Aprendizagem

E-mail para contato: kilhana@hotmail.com