60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física

RELAÇÃO SOLO-RELEVO-MATERIAL DE ORIGEM EM UMA TOPOSSEQÜÊNCIA NA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE JATAÍ, LUIS ANTÔNIO - SP.

André Luiz de Souza Celarino1
Francisco Sérgio Bernardes Ladeira2

1. Graduando em Geografia - IG - UNICAMP
2. Prof. Dr. - Departamento de Geografia - IG - UNICAMP - Orientador


INTRODUÇÃO:
A Pedologia vem ganhando cada vez mais importância no meio científico, no entanto, esse crescimento se dá sobretudo no âmbito da Geografia Física e das Geociências, onde ela é cada vez mais importante na explicação de processos geomorfológicos, paleogeográficos e em alguns casos na identificação de processos geológicos. O conhecimento do comportamento dos diferentes tipos de solo são fundamentais não só para o seu uso agrícola, mas também na compreensão da dinâmica da paisagem numa abordagem mais sistêmica, entendendo como o relevo, o material de origem, a vegetação, a matéria orgânica e o tempo se relacionam para dar origem a um determinado tipo de solo. Nessa temática são destacadas neste resumo as relações entre solo, material de origem e a dinâmica geomorfológica tanto da vertente quanto da várzea e terraço e qual a sua relação com o regime fluvial do Rio Mogi Guaçú na região da Estação Ecológica de Jataí, localizada no município de Luis Antônio – SP. Neste trabalho serão apresentados os resultados obtidos mediante o trabalho de campo, o levantamento de uma topossequência (denominada “Infernão”) e a elaboração de mapas temáticos com o auxílio do software ArcMap. A relação Solo-Relevo-Material de Origem foi usada para explicar como foi a evolução pedológica da vertente estudada.

METODOLOGIA:
Foram realizados trabalhos de campo na Estação Ecológica de Jataí, Luis Antônio – SP, onde algumas tradagens foram feitas segundo a metodologia de Boulet (1988), com o objetivo de elaborar uma toposseqüência dos solos. Foram realizadas ao todo 11 tradagens, com trado holandês com extensor para até 7 metros de profundidade. A diferenciação dos horizontes no campo levou em conta os critérios indicados por Lemos & Santos (2002). Para a elaboração da toposseqüência “Infernão” foram utilizadas duas cartas topográficas na escala 1:10.000 da região, à leste: “Córrego do Jataí ou Beija Flor” de nomenclatura SF-23-V-C-IV-1-NE-F; à oeste: “Rio Mogi Guaçú I” de nomenclatura SF-23-V-C-IV-1-NE-E. Em seguida foram plotados nas cartas os pontos das 11 tradagens e traçado um perfil topográfico, que depois foi redesenhado com o auxílio do software CorelDraw. O software Arcmap foi utilizado para a digitalização das curvas de nível e produção dos mapas em ambiente SIG, onde os pontos das tradagens foram plotados e foi gerado um mapa hipsométrico. Para a elaboração do mapa geológico, pedológico e a sobreposição deles adaptaram-se os mapas produzidos por Lorandi et al (1990) e Lorandi et al (1992).

RESULTADOS:
Após as observações feitas no trabalho de campo e da análise da toposseqüência e dos mapas produzidos, foram identificados na vertente três segmentos de características diferentes. No segmento I, localizado nas maiores cotas da vertente, o material de origem é o basalto da Formação Serra Geral onde se desenvolveram Latossolos de textura média bastante profundos caracterizando os solos mais antigos da toposseqüência. No segmento II, localizado nas cotas médias da vertente, o material de origem é o Arenito da Formação Botucatu e sobre ele desenvolveram-se Neossolos Quartzarênicos, de profundidade menor, granulometria arenosa e com pouca contribuição de depósitos coluviais. No segmento III, localizado próximo à planície aluvial do Rio Mogi Guaçú, foram encontrados Gleissolos associados a Organossolos, sendo que, especificamente em uma das tradagens realizadas (T10) foi encontrado um depósito de areia grossa que consiste no antigo leito do rio, e com a mudança do nível de base local esse meandro foi abandonado e hoje constitui o paleoterraço fluvial do Rio Mogi Guaçú. Para melhor avaliar essa hipótese, o projeto tem continuidade e está sendo realizada as análises física, química e mineralógica de amostras de solo da toposseqüência que serão apresentadas no pôster deste simpósio.

CONCLUSÕES:
Percebeu-se que na toposseqüência existem duas dinâmicas bastante distintas, o segmento III responde a uma dinâmica mais associada aos materiais que são depositados na planície aluvial do Rio Mogi Guaçú, com pouca contribuição de material coluvial, enquanto os segmentos I e II respondem a uma dinâmica associada à sua posição na vertente e está relacionada ao tipo de rocha subjacente. A diferenciação entre os solos dos segmentos I e II é explicada pela mudança do material de origem, Basalto no segmento I e Arenito no segmento II, o que é observado no mapa de sobreposição da cobertura pedológica e geológica da toposseqüência “Infernão”, que mostra também que a transição entre o Latossolo do segmento I para os Neossolos Quartzarênicos do segmento II estão relacionados à transição Basalto-Arenito. No segmento III, a contribuição de colúvios é pequena, sendo mais importante à dinâmica fluvial. Isto pode ser decorrente da presença da vegetação nativa preservada, o que limitou a erosão e deposição. Ao contrário das áreas desmatadas do entorno onde observou-se leques aluviais soterrando os terraços e várzeas. Infere-se que houve uma incisão significativa do canal do Rio Mogi-Guaçú, pois o terraço abandonado está à cerca de 4 metros acima do nível de maior inundação atual.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP - Processo no06-58009-0

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Relação Solo-Relevo-Material de Origem, Toposseqüência, Rio Mogi Guaçú

E-mail para contato: andre.celarino@ige.unicamp.br