60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Gestão e Administração - 8. Economias Agrária e dos Recursos Naturais

ANÁLISE DA AUTOGESTÃO NO PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO DE UMA ASSOCIÇÃO DE MULHESRES ARTESÃS DO MUNICIPIO DE RIBEIRÃO PRETO-SP

Fernanda Cristina dos Santos Pereira1, 2
Ana Paula Leivar Brancaleoni1, 2, 3

1. Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho"
2. Departamento de Economia Rural/Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias
3. Profa. Dra. - Orientadora


INTRODUÇÃO:
A economia solidária surge no século XIX, em meio a instauração do sistema capitalista industrial, em que operários, como resposta à pobreza e ao desemprego engendradas pelo processo de difusão das máquinas-ferramentas e do motor a vapor, articularam cooperativas pautadas nos valores básicos de igualdade e democracia, sintetizados no ideário do socialismo. Suas iniciativas compreendem empreendimentos individuais e familiares associados e empreendimentos autogestionários caracterizados pela busca de novas forças produtivas que respeitem a natureza e favoreçam valores como a igualdade e a auto-gestão, possibilitando àqueles, antes marginalizados pelo modo de produção capitalista, geração de renda e inclusão social. Desta maneira, fomenta a distribuição dos excedentes da produção de maneira coletiva e o exercício da democracia nos processos decisórios. Este estudo tem como objetivo analisar a aplicabilidade da autogestão como modelo que viabiliza a autonomia do coletivo e evidencia um exercício do poder compartilhado em uma cooperação do município de Ribeirão Preto-SP.

METODOLOGIA:
Adotou-se uma metodologia qualitativa - estudo de caso. Os instrumentos de coleta de dados foram: observação participante e análise documental. As observações ocorreram semanalmente e foram sistematizadas e registradas em diário de campo. Os dados foram analisados pelo método de análise de conteúdos e organizados em quatro dimensões: social – deve ser percebida como resultado de um processo capaz de engendrar ações e resultados aceitáveis para todos os indivíduos ou grupos que dela dependam -, econômica – definição dos processos de relações sociais de produção permitirão a prevalência do fator trabalho em detrimento ao capital -, política – quais os valores, princípios e critérios favorecem e criam condições para que a tomada de decisão seja uma construção coletiva – e a técnica – que insinua a possibilidade de uma outra forma de organização e divisão do trabalho.

RESULTADOS:
Através da análise da dinâmica e gestão desta associação constata-se que o grupo construiu diversas estratégias para o desenvolvimento de sua autonomia e auto-suficiência. No que se refere à dimensão social, observa-se que, se sentem capazes de decidir e organizar sua produção, bem como a forma de apropriação dos seus frutos. Durante as reuniões e, sobretudo, na divisão das sobras, as integrantes do grupo demonstram a sua satisfação com os resultados obtidos, seja no aumento da produtividade, da qualidade do produto, das vendas e por conseguinte na ampliação das sobras, bem como, nas relações entre elas estabelecidas. Tendo-se por base a dimensão econômica, observa-se que o processo produtivo semanal é definido nas reuniões, em que é delimitada a quantidade de trabalho que será realizado por integrante, de modo a não sobrecarregá-las e tornar a tarefa mecânica ou degradante à saúde. No que concerne à política, tem-se a experiência e o diálogo enquanto principais valores na construção coletiva de uma decisão. Por fim, analisando a dimensão técnica, constata-se que a divisão do trabalho é estabelecida através das reuniões, em que cada integrante delimita seu espaço de atuação e de qual maneira se organizarão para que as tarefas semanais sejam realizadas de maneira eficiente.

CONCLUSÕES:
Com base nos resultados apresentados, conclui-se que esta associação, do município de Ribeirão Preto, atua de maneira autogestionária, uma vez que os processos de gestão adotados caminham para a autonomia coletiva e evidenciam um exercício do poder compartilhado, assim, as decisões deliberadas nas reuniões semanais são acatadas e encaminhadas, o que engendra um desempenho satisfatório para as integrantes deste empreendimento. Pode-se constatar, portanto, que, neste caso, a autogestão se constituiu enquanto um modelo eficiente para a viabilização da autonomia deste coletivo, bem como para a promoção de desenvolvimento e auto-suficiência do grupo.



Palavras-chave:  economia solidária, autogestão, cooperação

E-mail para contato: fernanda_cpereira@yahoo.com.br