60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia

PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA NA FLORESTA OMBRÓFILA DENSA LOCALIZADA NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO MAR (PESM) – UBATUBA/SP.

Daniel Luis Garrido Monaro1
Luiz Felipe Borges Martins1
Leonardo Berto Bernardo1
Eloíse Boliane1
Janaína Braga do Carmo1, 2
Luiz Antonio Martinelli1

1. Laboratório de Ecologia Isotópica - CENA/USP, Piracicaba.
2. Dra. Orientadora


INTRODUÇÃO:
Durante muitos anos os ecossistemas tropicais brasileiros vêm sendo alterados pelas ações antrópicas e, por esta razão, têm sido alvo de estudos que buscam o entendimento de como essas alterações interferem nos processos de estruturação e funcionamento desses ecossistemas. O estado de conservação de todos os biomas brasileiros é uma questão de grande preocupação e apesar do intenso desmatamento e fragmentação, a Mata Atlântica ainda é um bioma extremamente rico em biodiversidade, com altos níveis de endemismo. No Estado de São Paulo, a Mata Atlântica apresentava, originalmente, cerca de 82% de sua área. Atualmente, restam apenas 8% dessas formações e apenas 5% constituem florestas nativas não perturbadas. Diante de sua importância biogeoquímica, o presente trabalho tem como objetivo principal compreender de que maneira a dinâmica de nutrientes ocorre no solo da floresta tropical. A serapilheira consiste em uma grande quantidade de material orgânico como folhas, ramos, caules, frutos, pêlos, fezes, em diferentes estados de decomposição, os quais formam uma cobertura essencial na ciclagem de elementos sobre o solo. A produção de serapilheira no solo da Mata Atlântica é o objeto desse trabalho.

METODOLOGIA:
As amostras de liteira estão sendo coletadas quinzenalmente desde fevereiro de 2007 e serão coletadas pelo período de um ano. Foram confeccionados coletores utilizando-se de círculos plásticos (“bambolês”) de 62 cm de diâmetro e colocados a uma altura de aproximadamente 50 cm do solo. Neste estudo foram instalados 30 coletores por parcela. Os coletores foram dispostos de forma aleatória em cada parcela através de sorteio. O conteúdo de cada coletor é recolhido a cada 15 dias e seco em estufa a 55ºC por 3 dias, sendo posteriormente distribuído em quatro frações: folhas, galhos, parte reprodutiva (flores e frutos) e miscelânea, pesadas separadamente. Cada uma das frações será moída e analisadas as concentrações de N e C totais. Simultaneamente a coleta acima, está sendo coletada a liteira sobre o solo seguindo o mesmo número de amostras dos coletores. Esta coleta é realizada com o objetivo de se determinar o estoque total de liteira para calcular a taxa de decomposição da liteira conforme Wieder & Wright (1995). Vale ressaltar que as amostras de liteiras coletadas diretamente do solo terão uma fração queimada em mufla a 500°C para determinação das cinzas, eliminando a contaminação das amostras com resíduos de solo.

RESULTADOS:
Os dados se revelam interessantes em relação à comparação da produção entre as diferentes fasciações altitudinais (Terras Baixas, Submontana e Montana). A maior produção de serapilheira anual foi estimada para as parcelas B e E, que representam as amostras realizadas na fasciação altitudinal Terras Baixas (5 a 50m de altitude), com 8,35 t.ha-1. As parcelas G, I e J, representativas para a fasciação Submontana (50 a 500m de altitude) apresentaram 6,38 t.ha-1 de produção de serapilheira. A fasciação Montana, localizada entre 500 e 1.200m de altitude, representada pelas parcelas K, L e N, apresentou produção média de 6,28 t.ha-1. A fração foliar representou a maior parte do material coletado em todas as parcelas, representando 59% do peso total da serrapilheira nas Terras Baixas, 67% do total calculado para as áreas Submontanas e 64% para a fasciação Montana. Nas Terras Baixas, o material não identificado (miscelânea) representou a menor parte do material coletado, com 8% do peso total da serapilheira. A fração das partes reprodutivas (flores e frutos) contribuiu com os menores valores para a fasciação submontana, com 7% do total coletado, e para as parcelas Montanas, representando 5% do total coletado.

CONCLUSÕES:
A fração folhas representou o maior valor médio entre as três fasciações (Terras Baixas, Submontana e Montana), com um total de 64,1% do peso das coletas de serapilheira. A fração representada por galhos apresentou a segunda maior média, com 19,2% do total coletado. A fração miscelânea apresentou um valor médio entre as três fasciações de 9,7% e a fração das partes reprodutivas (flores e frutos) apresentou a menor média entre as parcelas, com 7% do peso total coletado. É evidente a diferença encontrada entre as distintas altitudes estudadas, provavelmente devido a diferenças entre fatores abióticos encontrados ao longo da Serra do Mar, como umidade relativa do ar, precipitação, disponibilidade de nutrientes do solo, ciclos vegetativos, entre outros. Dos presentes resultados, é válido destacar que os valores preliminares indicam uma maior produção de serapilheira na Mata Atlântica, quando comparada com estudos realizados na região da Floresta Amazônica Brasileira. As coletas e pesagem das amostras ainda estão sendo realizadas, e faltam dados para conclusões finais que atendam aos objetivos propostos pelo projeto, para ilustrar (em termos quantitativos) a produção de serapilheira no solo da floresta tropical mais antiga do Brasil – a Mata Atlântica.

Instituição de fomento: Financiada pelo Programa BIOTA/FAPESP, Projeto Temático Gradiente Funcional (03/12595-7). Autorização COTEC/IF 41.065/2005 e IBAMA/CGEN 093/2005.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  liteira, floresta tropical, ciclagem de nutrientes

E-mail para contato: jbcarmo2008@gmail.com