60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva

DENGUE-ROM: UMA TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA AUXILIAR O CONTROLE DOMICILIAR DO VETOR DA DENGUE

Héliton da Silva Barros1
João Bosco Jardim1
Virgínia Torres Schall1

1. Instituto René Rachou - FIOCRUZ


INTRODUÇÃO:
O Dengue-Rom é uma tecnologia educacional destinada a auxiliar as estratégias atuais de controle domiciliar do Aedes aegypti, o principal vetor dos vírus da dengue. Este culicídeo se reproduz pela ovipostura em superfícies adjacentes a recipientes aquáticos naturais e artificiais, sobretudo nos domicílios. Larvas e pupas são tipicamente encontradas em recipientes domésticos industrializados, como os pratos coletores de água de vasos de planta. Grande parte das iniciativas de controle domiciliar da doença tem se concentrado no combate químico ao mosquito. Os resultados de tal estratégia, porém, são desapontadores, como demonstram os surtos da doença verificados este ano no Brasil, especialmente na Região Sudeste. O poder público tem realçado o papel das ações educativas nos domicílios como alternativa capaz de auxiliar o controle da proliferação do Ae. aegypti. No entanto, o aumento da criminalidade no meio urbano dificulta o acesso aos domicílios. Neste quadro, a educação em saúde baseada na escola pode se revelar uma estratégia alternativa, na medida em que os professores disponham de recursos para favorecer o estabelecimento de elos com os domicílios, tendo os alunos como mediadores da informação educativa. O Dengue-Rom se destina a investigar a efetividade desta estratégia

METODOLOGIA:
O Dengue-Rom foi desenvolvido como software de conteúdo audiovisual. Constitui-se de uma seqüência de 35 slides para projeções multimídia no formato de CD-ROM. O seqüenciamento desses slides obedeceu a princípios técnicos do uso eficiente de material multimídia em sala de aula. Um roteiro para o professor acompanha o CD-ROM. Os slides contêm informação sobre a manifestação, a transmissão e a prevenção da dengue. A informação é apresentada em textos, ilustrações, fotos, imagens digitais, segmentos de vídeo científico e em um vídeo de modelação comportamental. Os textos são compostos por frases curtas (máximo de 94 caracteres em nove linhas). As ilustrações são reproduções de imagens de sintomas da doença. As fotos mostram pessoas doentes e locais propícios à infestação do Ae. aegypti. As imagens digitais são montagens ilustrativas do ciclo de vida do mosquito. Os segmentos de vídeo são extratos de um documentário científico que apresentam tomadas reais de várias facetas da biologia do mosquito. No vídeo de modelação comportamental, um professor atua como modelo para demonstrar a colocação proficiente de uma tela de poliéster (evidengue) destinada a impedir a ovipostura do Ae. aegypti em pratos coletores de água de vasos de planta.

RESULTADOS:
O Dengue-Rom atende aos Parâmetros Curriculares Nacionais para a Educação Básica, que estabelecem como diretriz o estudo das doenças e dos seus agentes e sintomas, inclusive dos meios de combate à dengue. Sua concepção teve como fundamento as abordagens que dão relevo à participação comunitária na educação em saúde. As tecnologias multimídia constituem fator de motivação e de maior satisfação nos ambientes de aprendizagem. O Dengue-Rom permite ao professor apresentar o tema da prevenção da dengue de maneira lúdica, sem prejuízo da precisão da informação científica. O software foi inscrito em recente chamada pública de tecnologias educacionais do Ministério da Educação (MEC/SEB No. 1/2008). Sua elegibilidade está provavelmente pautada no resultado final obtido: uma tecnologia de baixo custo, cuja simplicidade permite antever a sua difusão em escolas de ensino fundamental e médio. Espera-se que da investigação da sua efetividade resultem contribuições para a educação em saúde em geral e para o aperfeiçoamento das atuais estratégias educativas de prevenção da dengue. Nesta perspectiva, o Dengue-Rom pode contribuir para reduzir a lacuna entre o conhecer e o fazer (o chamado know-do gap), um desafio que a literatura de educação em saúde tem apontado como de difícil enfrentamento.

CONCLUSÕES:
À medida que as tecnologias de informação e comunicação se desenvolvem, mais rotineiro se torna o uso da informática em sala de aula. A inovação tecnológica acelerada que se verifica nesta primeira década do século 21 torna os recursos digitais um lugar-comum em grande parte das escolas, e muito do material educativo nelas adotado é constituído de CD-ROMs. É provável que a utilização do Dengue-Rom por professores de ensino fundamental e médio venha a se constituir em fator de incentivo à participação comunitária nas ações públicas de prevenção e controle da dengue nos domicílios.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG



Palavras-chave:  Dengue, Tecnologia Educacional, CD-ROM

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